Capítulo 25: O melhor dia de todos!

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*Este capítulo pode conter gatilhos: automutilação, fase maníaca (transtorno bipolar) e consumo de drogas*

A playlist de Tim está tocando em looping: Pills – The Perishers

"Precisamos de mentiras

Para aguentar o dia

Não estamos bem"

Conseguimos alcançar o transporte, gastando as últimas fichas dos cartões de estudante e arremessando os corpos encharcados no banco. Tentamos recuperar o oxigênio perdido durante a correria, porém não conseguíamos parar de rir do quão aleatória esta madrugada está sendo e... como estamos agindo como um casal de longa data. Mesmo que já tenha presenciado situações similares nos últimos anos, havia um sentimento ainda mais forte borbulhando em meu coração agora. Não sei porque essa sensação atual é tão diferente das demais, talvez o efeito do álcool, sono e tesão distraiu minha atenção durante as trocas de intensidades passadas.

Tim esticou um fio do fone, compartilhando a música I Found, do Amber Run, derramando mais ardor em meu peito ao sorrir. Queria beijar seu lindo sorriso, mas me contentei em entrelaçar nossos dedos, acariciando as costas da mão com o dedão. Sua pele estava ardente. A chuva amansou o ritmo, restringindo-se a uma finíssima garoa. Evitei prestar atenção no olhar crítico de um senhorzinho no banco ao lado, repousando a cabeça agitada em seus fios alaranjados bagunçados... dando uma cabeçada nele sem querer, já que o motorista estava enfurecido para cacete e dirigia numa velocidade altamente perigosa.

Ele lambeu o lábio inferior, provocando um turbilhão de pensamentos atrevidos. Se esta narrativa fosse um anime, meu nariz estaria sangrando bastante. Espiei seu reflexo na janela lotada de pinguinhos de chuva, percebendo que as mangas do casaco estavam um pouco mais afastadas dos pulsos, revelando mais a cicatriz em seu braço. Não sou especialista em ferimentos, entretanto o básico conhecimento que tenho, identificou que o machucado era possivelmente uma queimadura. Queria muito questionar o que houve, mas não queria estragar este tranquilo momento. Ao perceber minha observação, largou nosso toque e arrastou as mangas para baixo, esfregando as mãos pelos braços cobertos, como se estivesse com frio.

– O que acontece com a gente agora? - Comentou baixinho, suas feições exibiam receio.

– Hum, pedido de namoro exibicionista após um jantar romântico? - As bochechas dele coraram, desviando o rosto para o chão - Ei, é brincadeira! Sem pressa, nem afobação, vamos simplesmente pular para o pedido de casamento no parque do Harry Potter e tudo resolvido - Tim balançou negativamente a cabeça, abafando as risadas gostosas com a mão - Relaxe, lembra o que te falei na praça? Apenas deixe fluir, porque está tudo bem - O ônibus passou na frente de um drive-in, estiquei um sorriso sapeca, indicando com o dedo o lugar - Ou quem sabe, nós podemos pular para a parte mais interessante...

– Meu Deus do céu Jackson! - Cutucou a lateral da minha cintura, causando cócegas - Não podemos fazer isso, a gente acabou de se beijar! - Ergui uma sobrancelha, franzindo levemente a testa.

– Não tem nada de errado em fazer "isso" após o primeiro beijo, óbvio, se ambas as partes estiverem de acordo em avançar um pouquinho, pode ser uma experiência divertida - Ergui a cabeça, relembrando-me vagamente das visitas casuais, sorrindo sem graça. Tim deu um empurrãozinho em meu ombro, exibindo uma expressão zombeteira.

– Pelo visto, já teve várias experiências do tipo, não? - Enfatizou a provocação ao dizer a palavra "várias", subindo uma das sobrancelhas em sinal de escárnio e deslizando um sorrisinho maroto. Dei de ombros, brincando com o alargador da orelha.

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⏰ Última atualização: Jan 18, 2020 ⏰

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