Casa

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Musica: So Cold - Ben Cocks

- X -

Selena Gomez.

Fodida.

Essa era a única palavra que podia descrever o meu estado.

Há alguns dias eu vinha fugindo do senhor Fang, o proprietário do apartamento em que eu morava que recentemente havia aumentado meu aluguel em uma centena de dólares.

Obviamente, eu não podia pagar um cent a mais pelo apartamento em que eu estava vivendo. Por mais que fosse um preço justo.

Depois de uma conversa com ele - que acabou não resolvendo minha situação - Apollo adoeceu, e eu não podia deixar o felino sofrendo.

Levei-o ao veterinário e com o dinheiro do aluguel, paguei pelos remédios do meu gato. O problema, caso ainda não tenha ficado óbvio, é que eu não tinha de onde tirar grana para pagar o aluguel atrasado.

E todos esses fatores somados, resultaram em uma atitude ridícula de me esconder, ou mudar minha rota toda a vez via o senhor Fang pelos corredores ou ruas. Um joguinho de gato e rato humilhante, onde eu sabia que estava errada, mas me sentia sem saída.

Agora, em minhas mãos havia um papel timbrado pelo cartório da cidade de Nova York onde se estampava claramente:

"Ordem de despejo".

Eu não pude deixar de me condenar. Sabia que a notificação viria cedo ou tarde, só tinha me esquecido que a Senhora Fang havia se gabado uma centena de vezes sobre como o filho dela trabalhava para um promotor importante. Óbvio que eles tinham contatos e que iriam acelerar a merda do papel.

Minha garganta travou.

Eu tinha exatos trinta dias pra conseguir os mil e quinhentos dólares referentes aos dois meses não pagos de aluguel.

Ouvi um miado baixo, e logo em seguida a cabeça de Apollo se encostou em meu tornozelo. O gato deitou sobre meus pés e agarrou minha perna antes de mordiscá-la.

Tossi engolindo os nós em minha garganta, e me abaixei pra ficar à altura de meu companheiro. Passei a mão na cabeça dele, que imediatamente começou a ronronar.

- Vai ficar tudo bem, parceiro. - Assegurei - Eu vou dar um jeito de levantar essa grana. Eu prometo.

Após um tempo ali, ele acabou se levantando dos meus pés e tomando rumo ao sofá, onde se espreguiçou e passou a afofar as almofadas.

Aproveitei para me erguer e servir-me de uma tigela de cereais; daqueles coloridos, doces e cancerígenos.

Por ter acordado mais cedo do que o habitual - Culpa da insônia que minhas contas traziam - aproveitei a oportunidade para organizar a bagunça cotidiana que eu deixava espalhada pela casa. Já estava vestida para ir trabalhar, mas preferi esperar um tempo para não chegar cedo demais.

Quando o relógio bateu exatamente 6:30 da manhã, eu saí de casa. Fui em direção ao metrô, que não era muito longe do meu apartamento.

A maior sorte que eu vinha tendo ultimamente era o fato da minha estação ser uma das primeiras da linha. Por isso, eu raramente pegava o vagão cheio, o que me dava a oportunidade de sentar-me e verificar com calma o meu celular.

A primeira mensagem que abri aquela manhã foi a de Lauren:

Lern | 03:17
Tá, eu sei que são três da manhã e que se você me visse acordada estaria tendo um surto. Mas você conhece alguma Gabriele Bonvelutti?
Estou organizando a lista de convidados da festa e sinceramente não lembro dessa mulher.
Por acaso não foi aquela que cuspiu um escargot no vestido da senhorita DiMaggio, foi?
Eu sei que ela era a amante do marido de Gabriele, mas eu pensei que as duas iam sair no tapa naquele desfile.
Chamar os seguranças para retirá-las foi completamente deselegante.

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