BreakAway (Semi)

Gélida

Oi anjinhos, espero que gostem do cap.

Se verem alguma palavra errada, me marquem.

Música: The Heart wants what it wants — Selena Gomez

— X —

Demetria Lovato

Desde criança, o barulho alto dos trovões sempre me assustou, mesmo sendo premeditados pelos riscos reluzentes no céu. Lembro-me de correr para a cama da minha irmã mais velha em busca de conforto, e dela sempre me dizendo que a chuva era algo bom. Que era sinal de festa no céu.

Eu nunca entendi realmente o que aquilo de fato significava. Talvez fosse só uma frase boba para me distrair do que me atormentava, entretanto, lembro-me da forma que meus olhos sempre encaravam o céu escuro, em busca de algo que me provasse que existia alguém ali.

Talvez procurando alguma prova de que Deus existia.

Obviamente nunca verbalizei minhas dúvidas. Vindo de uma família tão religiosa quanto a minha, era impensável ter questionamento a respeito de divindades, ou melhor, da divindade.

Apesar disso, eu não era uma herege.

Eu ainda acreditava em Deus, só tinha algumas duvidas que nunca me foram respondidas, nem por Ele, minha família, ou a bíblia.

Alias, havia lido tanto aquele livro que poderia até citar alguns versículos fielmente apenas buscando em minha memória.

De qualquer forma nenhum dos meus conhecimentos me ajudariam a sair daquele lugar.

Acabei dando um passo pra trás, numa tentativa inútil de me esconder abaixo do beiral que o prédio exibia em sua faixada.

Eu estava de volta à Nova York. Para ser mais precisa, de volta ao prédio de Selena Gomez, esperando por ela de baixo da tempestade mais gélida que eu já havia visto.

A verdade, é que eu não consegui me concentrar em nada depois da minha conversa com Elisabeth. Minha cabeça borbulhava em pensamentos recriminatórios acerca de minhas atitudes. No início, eu tive raiva de Liz. Não dizia respeito a ela o que eu tinha ou deixava de ter com minha secretária.

Não cabia a ela me dizer tudo o que disse sobre minhas atitudes. Como eu deveria ou não tratar as pessoas.

Então eu percebi que talvez ela estivesse certa. Elisabeth e eu éramos amigas há mais de dez anos, e ela nunca me falou algo querendo me prejudicar, logo, conclui que aquela não seria a primeira vez.

Às três da manha eu sai para andar por Milão.

Era um costume meu caminhar quando as coisas não iam bem e definitivamente as coisas não vinham estando bem para mim. Elisabeth tinha razão, eu vinha fugindo dos meus sentimentos a mais tempo do que eu poderia contar, foi assim com Benjamin, foi assim com Paige e estava sendo assim com Selena. Eu fugia das coisas, porque era mais fácil não ter que lidar com elas.

Foi quando eu entendi que não era justo.

Eu não vinha sendo justa com Selena.

Ela merecia mais de mim, estava na hora de enfrentar o que eu tanto temia e torcer para que ela entendesse.

Sei que eu não sabia muito sobre ela, apenas o essencial, apesar disso, eu estava disposta a conhece-la. Estava disposta a chama-la pra sair, como duas pessoas normais, e finalmente me deixar aproximar dela.

Voltei ao hotel apenas quando o sol nasceu na grande metrópole, e antes mesmo de dar seis da manhã, comecei a ligar para todos os empresários os quais eu tinha reunião, cancelando ou reagendando a mesma. As mais importantes eu acabei realizando na semana subsequente, e sem contar nada para Elisabeth, liguei para a companhia de taxi aéreo pedindo por um jatinho na noite de sábado.