BreakAway (Semi)

Ébria

Selena Gomez.

Eu não tive chance de conversar com Cecile.

Após descermos até o estacionamento subterrâneo da revista, Camila me enfiou no banco de trás do seu carro e pediu para que Lauren tomasse o lugar ao seu lado. Em uma conversa rápida com Cece através da janela do automóvel, Cabello se assegurou que a mesma iria nos seguir pelas ruas até que chegássemos ao nosso destino.

E foi isso que aconteceu, por alguns segundos eu me permiti fingir que estava tudo perfeito.

Lern assumiu o controle do rádio e passou as músicas até encontrar alguma que lhe agradasse. Começou cantarolando baixinho, apenas o refrão e algumas palavras da ponte. Antes que eu percebesse, Camila já tinha aberto o teto solar panorâmico do carro, deixando uma enorme corrente de ar entrar, me bagunçando alguns fios do cabelo. Foi então que Lauren começou a cantar mais alto o refrão e eu a acompanhei, me deixando aproveitar aquela sensação de paz por alguns minutos.

Quando chegamos próximas ao pub, Camila abaixou o volume. Estacionamos em uma rua lateral, e enfiamos algumas moedas no parquímetro para nos certificarmos de não levar uma multa. Cecile havia encontrado uma vaga mais para o final da rua, então demorou alguns segundos até que ela se juntasse a nós.

Assim que nos reunimos passamos a caminhar em direção ao estabelecimento em meio a algumas risadas. Eu já tinha ido no local uma vez, sabia que era badalado, as mesas estavam sempre cheias e as pessoas bem vestidas. Me lembrava de ter ouvido uma vez que era o ponto de Happy Hour favorito dos grandes empresários, mas eu não saberia dizer, uma vez que não os conhecia.

Como o ambiente era altamente restringido à reservas, o lugar não tinha fila, a regra era clara, sem nome na lista, sem entrar. Isso obviamente não foi um problema para Camila Cabello, que provavelmente conhecia metade de Nova York — a mais importante, diga-se de passagem — e entrava em qualquer lugar que quisesse.

Segundo a mesma não havia sido muito difícil conseguir a reserva, ela conhecia o empresário responsável pelo lugar uma vez que já tinham trabalhado para ele. Bastou um telefonema, um nome e ela havia conseguido uma mesa durante a noite toda.

Apesar disso, ainda era obvio que tínhamos que pagar pelo o que consumíssemos, e embora não fosse um grande problema para as garotas pagar sete dólares em uma garrafa de água, para mim era, e foi por esse motivo que eu murchei ao ver o cardápio. Tudo estava muito distante da minha realidade e estava mais do que óbvio de que eu não tinha condições financeiras de estar ali.

Quando o garçom passou pela nossa mesa nos perguntando se já tínhamos algo em mente eu me encolhi na cadeira, e aleguei que não estava com fome, mesmo meu estomago reclamando comigo.

A parte boa nisso tudo é que as garotas não pareceram perceber, estavam concentradas em contar as novidades umas para as outras e até mesmo Cecile que sempre havia sido tímida na frente de minhas amigas parecia disposta a se enturmar. Eu por outro lado, fingia prestar atenção, acompanhando as risadas sempre que as ouvia e tentando ao máximo não deixar transparecer que minha cabeça estava bem longe dali.

Ainda não havia entendido o que Cecile fazia ali. Não que eu me incomodasse com sua presença, mas ela era inesperada. Depois da conversa que tivemos em meu apartamento imaginei que ela nunca mais fosse querer me ver, tê-la ao meu lado aquela noite me fazia ter a esperança de que nem tudo estava perdido e de que de alguma forma as coisas poderiam melhorar.

— Você está bem, Selly? — A voz de Camila me chamou a atenção, fazendo meus olhos voltarem a focar em seu rosto levemente maquiado.

Eu tinha um apreço especial por Camila. Ela sempre prestava atenção em tudo o que acontecia ao redor dela, de uma forma até assustadora. Nada passava despercebido por Cabello e talvez essa fosse uma das razões para ela ser tão boa no que fazia.