Mônica:
Quem nunca atravessou a rua sem olhar muito bem e deu uma certa travada ou um mini ataque cardíaco ao ver algo vindo em sua direção? Foi assim que eu me senti naquele elevador ao ouvir as palavras de Lorena...
"eu estava dando em cima de você"
Abri a porta de casa e larguei tudo de qualquer jeito com aquelas palavras na minha cabeça. O que eu faço agora gente?
Não vou ser cara de pau e dizer que a homossexualidade é uma surpresa. Já tive colegas gays, mulheres inclusive. Nunca percebi nenhuma delas me deu uma cantada pelo menos não que eu tenha percebido. Talvez nesse caso o problema seja comigo, já que a Lorena aparentemente me passou alguma cantada e eu também não percebi.
Fiquei um tempo sentada no sofá processando tudo e pensando no que fazer. Talvez fosse cedo para dizer que éramos amigas, mas de qualquer modo ela ainda era minha vizinha, impossível não nos cruzarmos por aí... Não quero deixar as coisas esquisitas mas também não posso deixar que ela alimente esse sentimento por mim, seja qual for.
O jeito ia ser ir até lá e conversarmos. Ia ser esquisito e talvez um pouco constrangedor, mas era a única coisa que conseguia pensar.
***
Ela tinha companhia, mas as garotas logo saíram e nos deixaram a sós. Lorena como eu não queria ter aquela conversa, mas me mantive firme e comecei a falar. Agradeci aos céus por aquela súbita timidez do outro dia não ter aparecido novamente.
A conversa foi simples. Lorena até se desculpou por não ter notado que eu era comprometida, só não acreditou na parte que eu falei que nunca tinha levado uma cantada de uma mulher.
Sabe aquela timidez? Pois é, ela voltou... Foi só a Lorena me arrastar para frente de um espelho e me chamar de linda. Ok, ela pode não ter dito com essas palavras, ou nada perto disso, mas foi o que me pareceu.
Ela em algum momento, diante de uma promessa dela de não dar mais em cima de mim, Lorena perguntou se podíamos ser amigas apesar de tudo. Tentei ganhar um tempo dizendo que era melhor ir embora, pensar se mesmo depois de nossa conversa séria possível uma amizade. Foi então que eu vi a marca em seu rosto. Ela me contou tudo de um jeito tão alegre e divertido, que acabei concordando logo de cara na questão da amizade.
Talvez querendo manter o clima agradável que se instaurou, me ofereceu um vinho e perguntou como foi o meu primeiro dia no cargo novo. Fiquei de contar outro dia dizendo estar muito cansada, o que não era totalmente mentira, mas a situação o stress da situação toda me deixou um pouco cansada também.
***
— Que cara é essa amiga? Um dia no cargo novo e já está parecendo uma múmia...
No dia seguinte combinei de almoçar com Amanda, e por mais que tivesse conseguido disfarçar as olheiras, não consegui o mesmo com minhas energias...
— O maridão deu trabalho ontem foi? - Perguntou com um sorriso sacana -
— Quem dera...
— Opa! Agora ficou interessante...
Amanda ainda era nova, estava no começo da profissão mas tinha aquela alma de repórter, igual um cachorro com um osso novo, não largava por nada quando encontrava um "furo".
— Não tem nada amiga, só insônia.
— Só se a insônia tiver nome e sobrenome.
— Não sei o sobrenome. - Merda, falei demais... -
— Rá, sabia... Conta tudo. E por tudo é tudo mesmo, nos mínimos detalhes... - Ela até parou de comer e me encarou à espera que eu começasse a falar -
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Um amor de vizinha - Romance lésbico
RomancePara Mônica, ela tinha a vida encaminhada, com um casamento estável, uma grande promoção se aproximando em seu trabalho. Mas a vida é uma caixinha de surpresas, e uma delas era sua nova vizinha Lorena.