Lorena:
Acredito que seja seguro dizer que "Se" é a palavra da noite.
Se eu não tivesse tido uma crise de ciúmes?
Se eu não tivesse brigado com Mônica?
Se eu tivesse desistido de sair e ficado em casa?
Se aquele babaca tivesse se tocado de que "Não é NÃO!"...
Ainda assim dentre as muitas suposições, em nenhuma delas Mônica aparecia aqui na delegacia. Senti meu sangue gelar com sua presença.
— Dele cuido eu delegado Peixoto...
— A quanto tempo menina Mônica.
— Um pouco Peixoto. Minha mãe está viajando, deve ter desligado o celular para dormir, então essa criatura aí resolveu me ligar. Seria pedir muito nos deixar a sós por um minuto? Sei que é sua sala...
— Fique a vontade Mônica. Vou cuidar pessoalmente da liberação desta jovem e lhe dar um tempinho. Por favor senhorita, me acompanhe.
Espera um minuto... Ela não estava aqui por mim?
Pensando bem, apesar do seu semblante fechado e triste, em nenhum momento ela colocou seu olhar sobre mim, o mantinha firme sobre o cara ao meu lado. Quem era ele para ela?
Enquanto era guiada para fora da sala pelo delegado, passei por ela que se mantinha na frente da porta e Mônica não se mexeu, pensei até que ela não iria nem mesmo reconhecer minha existência no ambiente, mas logo senti sua mão me segurando antes que saísse. Ela não disse nada, mas nem precisava, seu olhar apesar de rápido foi bem claro...
"Me espera?"
Mônica:
Os filmes estavam errados, se afogar em sorvete quando se está triste não ajuda muito... Já passava das duas da manhã e eu não tinha conseguido pregar o olho por causa da minha briga com Lorena. Eu tinha razão para tal? Um pouco, mas admito que exagerei um pouquinho também.
Se eu tivesse a escutado um pouco e conversado...
Se eu tivesse deixado um pouco o orgulho de lado e corrido atrás dela...
Sou distraída de meus pensamentos ao escutar o celular tocar. Largo tudo de qualquer jeito para o atender,na esperança de ser Lorena. Infelizmente era um número desconhecido. Normalmente não atendo números sem identificação, mas pela hora...
— Alô?
— Boa noite, irmãzinha. Tudo bem com você?
— Corta essa João, qual foi a merda da vez?
— Não tenho culpa, juro. Estava de boa numa boate curtindo com uns amigos e umas garotas vieram de confusão pra cima da gente.
— Vou fingir que acredito.
— É sério irmã. Mas voltando ao assunto, preciso que venha aqui na 23° DP...
***
Desliguei e respirei aliviada, isso não quer dizer que não estava triste de ter que sair a esta hora e resolver as medas do meu irmão. Não era a primeira vez que ia buscá-lo na delegacia e provavelmente não seria a última...
Coloquei uma roupa simples e saí. No meio do caminho meu celular começa a tocar de novo. Dessa vez era Amanda me ligando. Atendi pelo sistema do carro.
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Um amor de vizinha - Romance lésbico
RomancePara Mônica, ela tinha a vida encaminhada, com um casamento estável, uma grande promoção se aproximando em seu trabalho. Mas a vida é uma caixinha de surpresas, e uma delas era sua nova vizinha Lorena.