Capítulo 2

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Capítulo 2

Pov Maria Flor

- Quer carona? –Pergunto ao João.

-Nessa lata velha, de jeito nenhum! Prefiro andar e garantir minha vida.

- Não fala assim do Galileu- Faço cara feia. –Ele tem suas marcas de batalhas. – Passo a mão no capô, olhando aquele carro com certa ternura.

- Batalha não, ele foi a guerra mesmo! – João vem até mim e beija meu rosto. – Descansa, amanhã temos um longo dia.

-Várias encomendas graças a Deus. – Sorrio e retribuo o beijo.

- Até amanhã. – Ele sai todo rebolativo.

Puxo a porta a força, afinal a tranca não estava das melhores, entro no carro.

Para mim esse monte de lata tem um valor sentimental, ele era do meu avô e antes dele falecer ele me deu as chaves, falando que quando eu tivesse idade poderia dirigi-lo e viveria várias aventuras dentro dele.

Galileu é um Chevette 82, cor de burro quando foge, algo meio indefinido, puxa para um bege, marrom, mesclado com cinza, algo nesse estilo. Estava tão velhinho, infelizmente não tinha dinheiro para arruma-lo do jeito que meu avô queria, mas um dia ainda vou ter.

Esse carro sempre vai me fazer lembrar dele por um simples detalhe. Meu avô tinha uma covinha no lado esquerdo do rosto e o carro tem um amassado do mesmo lado. Era sua marca registrada.

-Vamos Galileu, para casa descansar. – Dou partida e como sempre ele não pega de primeira. – Eba! Pegou.

Olho para os lados vendo se não vinha carro e quando olho para a porta da oficina vejo Carlos, ele estava recostado na porta, parecendo esperar alguém. E logo concluo que estava certa, uma negra chega e se atira nos braços dele o agarrando e os dois entram.

- Esse homem não presta! – Saio com o carro.

Não demoro a chegar em casa.

Moro em uma casa simples junto com minha avó e minhas duas irmãs, Iolanda, uma adolescente toda espivitada e Carla, minha irmã mais velha, que infelizmente não me dou bem como gostaria.

Fomos criadas pelos nossos avós maternos desde o dia do fatídico acidente que levou nossos pais. Tivemos uma criação simples, nunca nos faltou nada, tínhamos amor, carinho, tudo o que precisávamos, bom isso é o que eu e Iolanda achamos.

Estaciono o carro no gramado, pois não tinha garagem, saio e entro em casa.

- Chegou! – Iolanda levanta do sofá e vem me dar um beijo. –Tenho que te contar umas coisas. – Diz tímida. – Podemos conversar mais tarde?

- Claro. –Sorrio. – Mais tarde sessão conversa. – Brinco.

-Minha filha estou colocando a janta na mesa. Diz minha vó saindo da cozinha.

- Sua benção. – Beijo sua mão.

- Deus te abençoe. – Beija minha testa. – Venha, vamos jantar.

- IOLANDA! Cadê meu cropped preto. –Carla entra na sala. – Eu vou matar você sua peste.

-Eu heim, pirou mulher. –A mais nova debocha. –Olha bem pra minha cara de quem vai pegar suas roupas de piriguete.

-Se não foi você quem foi? –Fuzila a garota. –A gorda ai não entra nem um braço dela.

-Cala a boca Carla .-Fala seria. –Não começa, hoje não. –Ando para a cozinha e todas me seguem.

Eu, vovó e Iolanda sentamos a mesa enquanto a louca continua berrando.

-Porque vocês são duas ridículas , tem inveja de mim. –Rer debochada. –Uma anã e a orca.

-Prefiro ser anã do que ser uma piriguete que pare um gibi cheio de desenho mal feito.

-Olha aqui sua...

-JÁ BASTA CARLA! –Minha vó bate na mesa. –Não admito que trate suas irmas assim.

-Mas.. Mas ...

-Sem mais nem meio mais, chega.

Carla sai batendo o pé e nos deixa na cozinha.

Jantamos tranquilamente depois do ocorrido, sem fazer nenhum comentário.

Não gostava do jeito que minha irmã nos tratava, viviamos batendo boca. Ela não aceita a vida que temos , quer sempre mais, em um mundo fora da realidade, não trabalha, não estuda, vive na academia atrás de um macho para tentar amarrar, além de quase toda noite não dormi em casa.

Me sinto mal pela minha avó, que se sente mal com tudo isso, ela se culpa por não poder dar o padrão de vida que ela quer.

Depois de comer vou para o quarto e Iolanda me segue. Dividimos o quarto e eu gostava de sua companhia, eramos inseparáveis, sei que ela me vê como uma “mãe substituta “, tanto que já imagino que hoje vou ter que lhe dar algum conselho.

-Anda me conta. –Ela se senta na cama e eu vou pegar meu pijama no armário.

–Mari eu estou...-Exita. –Gostando de um garoto. –Fala baixo.

-Me conte mais... –Viro para ela e sorriso.

-Ele é da minha sala, um gatinho. –Me Sento ao seu lado. –Me chamou para ir tomar um sorvete sábado, o que acha?

-Acho super legal. –Seguro suas mãos. –É normal, já está na idade de conhecer sua primeira paixonite.

-Estou com medo, nunca beijei.

-Fique tranquila, mas aviso, vai ser horrível. –Gargalho . –É bem estranho.

-Como foi seu primeiro beijo?

- Bom, eu tinha dezoito anos e sinceramente me arrependo. –Suspiro. –Beijei por beijar, só para saber como era. –Ela me encara . –Depois disso decidi que nunca mais faria algo por fazer, principalmente nesse quesito relacionamento. –Sorrio tímida. –Sonho em me apaixonar um dia e ai sim me... –Paro de falar. – Esquece, você é muito nova para isso! –Me levanto meio Desnorteada, afinal ia falar demais.

-Mana, eu já entendi. –Eu tenho dezesseis, esqueceu? –Se deita rindo. -Educação sexual tem na escola.

-Ai, para com isso menina! Ta saindo das fraldas agora. –Pego um pijama e saio do quarto largando -a ali rindo feito uma Hiena.

Pov Carlos

-Gata é melhor você ir. –Encaro a negra ao meu lado. –Amanhã vou levantar cedo...

-Relaxa, não precisa dessas desculpas comigo. –Ela levanta e começa a se vestir. –Vim atrás da mesma coisa que você, sexo. –Coloca o vestido. –Tchauzinho. –Se vira e sai pela porta.

Assim que eu gosto, mulher que sabe o que quer e principalmente sabe o que o homem quer.

Me levanto e vou tomar um banho rápido, afinal a noite só estava começando. Logo teria uma morena em minha cama.

Saio do chuveiro e me seco enrolando a toalha na cintura, voltando para o quarto. Visto apenas uma bermuda e calço um chinelo.

Vou para a entrada da oficina a espera de mais uma presa para ser abatida.

Moro atrás da oficina em um cubículo, mas que para mim é mais que o suficiente.

-Oi Gato! –A puxo pela cintura já a apertando contar mim. –Vamos entrar?

-Claro gostosa. –A puxo até a parte de trás e adentramos minha casa. –Vou te comer com força Carla –Puxo seu cabelo e mordisco seu pescoço.

-Eu sei que vai...

Mais um postado!!!! Quem tá gostando de reler??? E quem tá gostando de ler pela primeira vez?❤️❤️❤️❤️❤️❤️
Carla na capa do capítulo!

Maria Flor (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora