Desapego - IMCOMPLETO

9. Salsa e Cebolinha

        Alice

― Vamos Alice. ― era a terceira vez que minha mãe me gritava.

― Já estou indo mãe. ― gritei de volta.

        Íamos apenas ao supermercado, mas eu sempre gostava de me arrumar. O que eu poderia fazer se nasci vaidosa de mais? O sábado estava lindo e dia de sábado era dia de se produzir mais um pouquinho, mesmo que fosse apenas para ir à calçada na rua. Olhei-me no espelho novamente gostando do que via, eu tava fofa e meiga. Mesmo tendo meus 17 anos, eu gostava de me vestir como uma menininha às vezes. Dava um ar de inocência e uma carinha dos 15 anos do qual eu sentia falta alguns momentos.

        Peguei a bolsinha pequena jogando no ombro e quando ia colocar o celular dentro dela, ele vibra em minha mão. Mensagem. Destravando a tela abri rapidamente a mensagem de Thales.

        “O dia está lindo né?! Vem aqui pra casa tomar banho de piscina. A galera já está aqui.”

                                                                “Já chego ai :D” 

        Respondi de volta. Realmente o dia estava lindo e quente! Parecia fazer um sol para cada um no dia de hoje. Ainda estávamos na primavera, mas no Rio de janeiro o verão se antecipava em chegar. Corri até a gaveta e peguei o biquíni o colocando dentro da bolsa que já estava comigo.

― Você me deixa na casa do Thales? ― falei logo assim que vi minha mãe na cozinha.

― Ham? ― seu olhar era confuso.

― O Thales me chamou pra ir tomar banho de piscina na casa dele.

― E? Acho que estávamos prestes a sair. ― arqueou a sobrancelha.

― Ahh mãe, você sabe que eu odeio ir fazer supermercado. ― fiz uma careta.

        Na verdade eu adorava, quando íamos fazer compras eu sempre comprava todas as bobagens que gostava, mas uma piscina enorme me esperava em um dia de sábado.

― Antes nós vamos ao supermercado, se você quiser depois eu deixo você na casa do seu amigo. ― falou não muito satisfeita.

― O que foi mãe?

― Marcamos de fazer uma coisa e você logo vem desmarcar pra ficar com seus amigos. ― abaixou a cabeça.

― Desculpa mãe. ― cortei o curto espaço que nos separava e a abracei. ― Vou mandar uma mensagem para Thales e dizer que vamos sair. ― já pegava o celular na bolsa para ligar.

― Não precisa. ― segurou minha mão. ― Eu deixo você lá quando terminarmos as compras. ― um sorriso se formou em seus lábios. ― Só quero passar um tempo com a minha filhota. Eu e ela. ― apertou com seus braços a minha cintura fina.

― Tem certeza?

― Tenho.

― Então já podemos ir, estou pronta.

― Aleluia. ― zombou da minha demora.

        Como eu disse, eu adorava fazer compras, todos os tipos de bobagem eu colocava no carrinho e hoje não foi diferente.

― Oi, será que você poderia me ajudar? ― senti um aperto no meu ombro e me virei no mesmo estante.