Desapego - IMCOMPLETO

25. Menina/Menino

        Alice

        Eu lia o desejo nos olhos de Ethan e esse desejo também existia dentro de mim, estávamos tão próximos que senti sua respiração em meus lábios os aquecendo gradualmente, beijar era algo tão natural, infelizmente só eu pensava assim e foi justamente por isso que beijei sua bochecha ao invés de seus lábios.

        Mas quem disse que eu seguia as regras, às vezes era bom quebrar um pouco as regras. E foi justamente isso o que eu fiz quando voltei a encarar Ethan, e ele me olhava com os mesmos olhos desejosos e naquele olhar vi que ele também queria.

        Na posta dos pés, os braços em volta do seu pescoço, eu o puxei pra mim. Aproximando ainda mais nossos rostos. Se sentíamos atração um pelo outro porque não saciar a vontade que nos consumia.

― Me desculpa, mas eu não consigo mais resistir. ― Sussurrei e sem mais nada a dizer parti para ação.

        Comecei dando leves selinhos em seus lábios para fazer um teste, se ele recusasse era por que não queria, mas ele não recusou. Sendo assim, ele queria tanto quanto eu alguém só precisava iniciar.

― O que vocês está fazendo comigo garota? ― Ethan sussurrou segurando meu rosto com as mãos e acariciando com o polegar delicadamente.

― Só te beijando. ― Respondi roçando meu nariz ao seu e me preparando para beija-lo novamente.

        Dessa vez fui mais intensa, agarrando como pude os cabelos ralos de sua nuca, puxando seu rosto mais para mim, como se o próximo não fosse o bastante e me recostando mais contra seu corpo. As mãos de Ethan pareceram entender o recado e seguram firme em minha cintura.

        Por que evitávamos isso se queríamos o mesmo?

        Ethan subiu uma das mãos pelas minhas costas, enfiando seus dedos em meus cabelos os segurando firme. Seus lábios saíram de minha boca beijando meu queijo mandíbula, pescoço e clavícula. Gemi baixo, quase num murmúrio, eu nunca tinha sido beijada com tanta intensidade assim antes. Nossas bocas pareciam ter fome uma da outra, seus lábios eram tão macios, quentes e viciantes.

        Ethan me abraçou e começou a afagar meu cabelo delicadamente, era tão bom estarmos juntos assim.

― Por que evitamos isso? ― perguntei sussurrando em seu ouvido.

― Minha vontade de te beijar fica a cada dia mais incontrolável. Eu não sei o que você fez comigo, mas quando eu te vejo é como se uma chama acendesse dentro de mim e mesmo eu sabendo que você é proibida para mim, eu a desejo em segredo.

― Não sou proibida pra você Ethan. ― Me afastei para olhá-lo e passei a mão em seu rosto gentilmente.

― Você não é mulher pra mim Alice.

― Como assim não sou mulher pra você. ― me afastei unindo as sobrancelhas. ― Ethan, por favor, não vamos começar com esse assunto de novo. ― ri nervosa.

― Você é só uma menina. ― bufou maneando a cabeça.

― E... ― fitei-o e em segundos entendi aonde ele queria chegar. ― O que você quer dizer com isso? ― perguntei frustrada querendo ouvir a resposta. ― Anda Ethan, fala. ― alterei a voz vendo seu silencio angustiante.

― Você tem 17 anos, é uma menina...

― Para de me chamar de menina porra. Você está dizendo que eu não sou mulher suficiente pra você é isso? ― arregalei meus olhos inconformada. ― para com isso Ethan. ― ele tentou me tocar, mas eu me afastei.

― Eu não disse...

― Deixa isso pra lá. ― me dei conta de que não valia apena falar disso novamente. ― Como você disse eu sou só uma menina. ― uma menina da qual ele sentia atração, mas isso eu não disse.

― Eu acho melhor a gente não se ver mais.

        Ele falou num sussurro e eu tive vontade de gritar com ele e dizer que ele estava louco, mas eu não o fiz.

― Se é assim que você quer. ― falei calmamente. ― Eu pensei que eu fosse a menina, mas você também é um menino que não sabe lidar com seus sentimentos. Posso te pedir só mais uma coisa?

― Claro.

― Quando você voltar atrás, parar e refletir que você está errado, não me procure, eu tenho sentimentos e se não podem ser correspondidos é melhor a gente não se ver mais.

        Ao dizer aquilo morri um pouco por dentro, mas eu não queria me magoar ainda mais. Ele nunca tinha me prometido nada, mas a gente não escolhe por quem se apaixonar e graças a Deus paixões eram passageiras.