11. Codinome curiosa

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        Alice

― Vai me conta, o que está rolando entre você e o irmão do Thales? ― Sabrina pergunta do nada, ela está terminando de se arrumar para irmos ao cinema. É o dia das garotas.

― Como assim? ― a pergunta me fez parar de mexer no Facebook e voltar toda minha atenção somente para ela.

― Você me entendeu Alice, o cara é todo fechadão, mas vi vocês aos risos no dia que estávamos na casa do Thales aquele dia. Sem mencionar que eu vi quando você deu um beijo nele. ― tudo para Sabrina era motivo de insinuações e esse era seu olhar sobre mim.

― Ele me conhece desde criança Sabrina. ― dei de ombros.

― Eu não sabia que vocês eram tão próximos assim...

― E não somos. Ele só me deu uma carona e você me conhece eu sou espontânea, não vi nada demais em um beijo na bochecha. Qual foi? ― aquilo começava a me irritar agora.

― Nada, calma Ali. ― elevou as mãos para o ar em rendição.

― Sabe o que é. ― resolvi ser franca e me impor. ― Eu só acho que não tenho que ficar tratando o cara como um pobre coitadinho. ― levantei e comecei a andar de um lado para o outro inquieta dentro do seu quarto. ― Eu sei que ele passou por muitas coisas na vida, mas as pessoas só sabem tratar o cara como um coitado. Isso é muito chato na minha opinião, sempre ser olhado com ar de pena. ― desabafei.

― Ei calma Alice, não está mais aqui quem falou.

― Você queria saber e eu respondi. ― olhei-a duramente. ― Vou esperar você lá em baixo, termina logo de se arrumar.

        Sai do quarto e logo estava fora do apartamento onde Sabrina morava. Nós éramos amigas desde a quinta série e nesses anos todos eu aprendi a não me deixar ser atacada quando ela fazia suas insinuações, na maioria das vezes eu levava na brincadeira, mas tinha uma hora que eu tinha que colocar ela em seu devido lugar.

        O corredor do prédio de Sabrina se iluminava de acordo com que nos aproximando dos sensores de luz, no final do corredor esperei pelo elevador que me levaria para o térreo. Eu tinha medo de elevadores, desde que fiquei trancada dentro de um, justamente aqui, eu os evitava, mas Sabrina morava no 12° andar e descer todos esses lances de escadas não me agravada muito o jeito era deixar o medo de lado e torcer para que ele chegasse ao térreo bem rápido.

            Entrei sem prestar muito a atenção em quem estava lá dentro e fui logo apertando o botão do térreo. A agonia me consumia, eu já sentia minhas mãos soarem frio, esse era um dos motivos pelo qual eu raramente vinha aqui. No terceiro andar o elevador parou e a porta se abriu, uma mulher que também estava lá dentro desceu e nessa hora eu vi Ethan passar pelo corredor, e antes que a porta se fechasse eu sai do elevador. A curiosidade era enorme.

― O que você está fazendo por aqui? ― perguntei, a mulher se virou e ele fez o mesmo, os dois me encaravam agora. ― Não, você não, ele. ― apontei para Ethan e ela voltou a andar sem se importar.

― Eu é que pergunto o que você está fazendo aqui. ― repetiu.

― Rummm. ― estreitei os olhos me aproximando. ― Se eu fosse uma pessoa paranoica ia dizer que você este me seguindo. Mas eu sou um pouco paranoica e acho que você está me seguindo. ― falei com humor e ele começou a rir. ― pelo menos dessa vez você não me assustou. ― parei perto dele.

― Eu não estou seguindo você. ― disse como se para me tranquilizar, eu sabia disso. Só gostava de fazer as piadas. ― E que bom que não te assustei.

― Isso é muito bom. ― sorri. ― Mas ainda não me respondeu. ― insisti.

― Você é bem curiosa em.

― Esse é meu codinome nome. Não é assim que falam no exército? Codinome.

― Sim. ― ele riu. ― Eu moro aqui. ― disse entre risos.

― Sério? ― minha voz era de pura animação.

― Sério, no 102. ― olhou para porta a nosso lado. ― Você, o que faz aqui?

― Eu vou ao cinema. ― respondi.

― Aqui não tem cinema. ― suas sobrancelhas se uniram ao falar.

― Eu sei Ethan. ― ri. ― Estou esperando uma amiga, ela mora aqui nesse prédio. No 12° andar.

― Sério? ― perguntou surpreso.

― Sim, que coincidência né?

― Realmente. Mas se ela mora no 12° o que você está fazendo aqui no 3°?

― Eu estava descendo pra esperar ela lá embaixo e vi você passando. Só queria conformar se era você mesmo.

― Caramba, realmente curiosidade é um dos seus nomes.

― Foi o que eu disse. Mas e ai, não vai me convidar para conhecer seu “AP” não? ― fui logo direta.

― O quê? ― sua voz subiu uma oitava.

― Eu estava brincando Ethan, não precisa ficar com essa cara de choque não.

― Não estou em choque. ― sorriu sem graça. ― Você fala umas coisas que me deixa baqueado as vezes.

― Mas e ai, vai me convidar pra entrar ou não? ― insisti.

― Você quer mesmo entrar?

― Só se você me convidar.

― Então tá. ― deu de ombros. ― Eu ainda estou terminando de arrumar as coisas, está uma bagunça. ― girou a chave na maçaneta da porta.

            Assim que ele abriu a porta, a primeira coisa que vi foi a sala, umas caixas e antes que eu entrasse meu celular começou a tocar.

― Oi. ― falei assim que atendi.

― Onde você está? ― Sabrina perguntava impaciente. ― o porteiro disse que não viu você aqui embaixo.

― Estou descendo. ― respondi e desliguei o telefone na cara dela.

― Sua amiga? ― Ethan perguntou, ainda segurava a porta.

― Infelizmente preciso ir, mas outra hora quando eu estiver por aqui venho te fazer uma visita. ― sorri amistosamente.

― Tudo bem, pelo menos não vai ver a bagunça que está isso aqui. ― olhou ao redor.

― Então quando eu voltar quero ver tudo isso arrumado. ― disse em tom de ordem. ― preciso mesmo ir.

― Espero que se divirta com seus amigos. ― repuxou os lábios num sorriso fraco.

― Eu também.

        Mas antes de ir me aproximei, dando um beijo em sua bochecha e deixando a marca de meus lábios com Gloss vermelho em seu rosto.

Desapego - IMCOMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora