7. Baita susto

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    Alice  

            Estávamos na reta final, e eu dava graças a Deus que o bichinho chamado ensino médio terminaria em breve. Mas com termino de um, se inicia outra etapa em minha vida, à bendita universidade. O momento onde as pessoas se sentem um pouco mais adultas; criam mais expectativa para o futuro e não menos importante os gatinhos que futuramente conhecei no campus da minha universidade.

             Eu tinha uma queda por advocacia, mas não para me tornar uma advogadazinha como todos outros, eu particularmente almejava mais e era com esse sonho de almejo que futuramente me tornaria uma promotora. Ou, porque não juíza? Juíza Alice. Soa bem, claro que um pouco meigo, mas ainda assim soa muito bem.

                Eu estava me focando tanto para terminar meu ano letivo com notas impecáveis e também estudando muito para o pré-vestibular. Quanto antes eu começasse, antes eu terminaria. O caminho seria longo, mas se tudo corresse bem em sete anos, que é quando eu estarei completando meus 24 anos de idade, se o senhor bom Deus me permitir, estarei exercendo a minha função escolhida. Imagina, eu com vinte e quatro anos uma promotora de justiça. Sinto meus lábios quase tocarem minhas orelhas com o largo sorriso que dou.

            Como vocês podem ver na minha família ninguém segue a mesma profissão. Esse negócio de que os filhos devem seguir os passos dos pais já está ultrapassado. As pessoas devem seguir seus objetivos, se espelhando no profissionalismo de seus pais, isso é importante. Graças a Deus meus pais me apoiam em minhas escolhas e do meu irmão.

                Eu não era a única que almejava um futuro brilhante, Thales e Sabrina também almejavam os seus, e era justamente por isso que resolvemos nos focar e estudar. Três mentes pensam melhor que uma. Meu cursinho de pré-vestibular acontecia uma vez por semana, nesse dia eu ficava o dia todo fora de casa, mas para os estudos escolares nos reuníamos um na casa dos outros.

          Estávamos em um debate de onde seria o nosso local de estudo, da ultima vez foi na minha casa e essa semana era a vez de ser na casa de Thales, já que na semana retrasada foi na casa da Sabrina.

― Ok suas chatas. Calem a boca. ― ele estava vermelho como um pimentão. Resolveu ceder porque não parávamos de falar e quando mulher começa a reclamar, não há quem a cale. ― Nós podemos estudar na minha casa, mas vocês precisam prometer que não vão fazer algazarra, meu irmão chegou semana passada e ainda está lá.

             O irmão de Thales era amigo dos meus pais, eu não o conhecia a fundo, o vi algumas vezes corriqueiramente.

        Mas depois do incidente ele vinha e ia para São Paulo. Os pais de Thales são paulistanos, assim como ele, mas por causa do trabalho, eles se mudaram de vez para o Rio de Janeiro há alguns anos, o único que continuou residindo em SP foi Ethan e a mulher por alguns anos.

        Independente de tudo o que aconteceu com o irmão de Thales, eu e nem ninguém podíamos deixar de notar que Ethan um gato. Um cara mais velho e maduro, mas ainda assim um gato.

― Como ele está? ― perguntei. Sua história sensibilizaria até um surdo depois que soubesse. E mesmo depois de anos, eu tinha certeza que ainda sentia. As coisas não se esquecem da noite para o dia. Ainda mais da forma como terminou seu casamento.

― Ele está indo. ― respondeu um pouco triste. ― Não podemos tocar no assunto, mesmo que tenha passado tanto tempo. Na verdade eu ainda era um menino. ― repuxou o lábio.

― Tenho certeza de que ele continua gostoso. ― Sempre Sabrina com seus comentários importunos. Ela era demais.

                Olhamos para ela inconformados, apesar de eu achar o mesmo a respeito de Ethan, eu mantive para mim, e acho que ela deveria ter feito o mesmo. Tudo tinha o seu momento.

Desapego - IMCOMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora