1° - Finalmente livre?

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Acordávamos todos os dias bem cedo, muitas das vezes o sol nem tinha nascido. Depois de dez anos, seu relógio biológico acaba até se acostumando, mesmo que não gostemos disso.

Das poucas vezes em que eu queria acordar um pouco mais tarde, Alice me derrubava da cama e me obrigava a vê-la lutar com o Fred para que no final, eu os ajudasse a aperfeiçoar seus golpes.

Era quase todos os dias assim, eles lutavam, o sol surgia no céu, o Sr. X acordava e ia até a janela para encarar nós três e os outros alunos, tomando seu chá e sorrindo vitoriosamente, depois voltava para dentro e fazia seu treinamento – que antes era feito com a Sra. X.

— Mais uma vez e tentem girar o pé direito de forma que não percam tanto equilíbrio. – Eu disse assim que os dois me olharam, esperando um comentário.

Os dois voltaram a lutar e eu voltei a encarar o céu. Ele nem tinha ficado azul por completo e os outros alunos já estavam começando a acordarem.

Dez anos de merda, era o tempo que eu estava presa naquele lugar. Dez anos que eu estava longe da minha família e aquilo não podia durar nem mais um segundo, não depois do que tinha acontecido com a Sra. X.

Fred chutou o rosto de Alice e a fez cair no chão. Depois olhou pra mim ofegante, nem tinha reparado que seu supercílio sangrava.

— Obrigado pela dica, Z.

Depois estendeu a mão para Alice, que bateu na mesma e se levantou sozinha.

— Vamos comer.

***

— Ainda não acredito que ele conseguiu.

Alice estava um tanto irritada porque Fred a havia lhe derrotado de manhã. Os dois tinham um tipo de implicância um com o outro e que óbvio era causada pelo Sr. X.

— Aquele imbecil... – Ela suspirou. — Quero uma barra de chocolate.

— Quero uma barra de chocolate. – Pediu Stiles. — Por favor.

Nós dois estávamos sentados no banco de espera do hospital. Alguns minutos antes, ele estava dormindo feito um anjo e vendo a levezade seu rosto, estava feliz em uma outra realidade distante da nossa. Estávamos sozinhos e cansados, nosso pai era o xerife da cidade, com o trabalho era difícil se concentrar nos filhos e na esposa doente. Talvez se ele estivesse lá, eu não teria sido sequestrada.

— Você está bem? – Perguntou Alice. Seu olhar preocupado era visível. — Z?

— Estava só pensando em algumas coisas.

Ela fingiu acreditar e nós duas nos levantamos para treinar tiro ao alvo, coisa que Alice poderia dar aula se quisesse.

Esperei que todos fossem dormir, deixei um bilhete para Alice e fui embora.

Estava livre pela primeira vez em anos e faria qualquer coisa pra ficar assim pra sempre. 

Jovens AssassinosOnde histórias criam vida. Descubra agora