[9] Vito arranja Confusão

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P.O.V—Braz

—Tuga, acorda!—grito eu, pela quinta vez.

—Mãe... Deixa-me dormir mais um pouco mãe...—Tuga murmurou, virando-se para o outro lado.

—Tuga, acorda para a vida!—abanei-o, falando o mais alto que conseguia, sabendo perfeitamente que ele me estava a ouvir.—A mãe não está aqui.

—Mãe... És tão chata, mãe...—resmungou ele, enterrando ainda mais a cabeça na almofada.

Bati com a mão na testa e olhei para o relógio que estava em cima da mesa de cabeceira. Ao perceber que horas eram, entrei em desespero: faltavam apenas cinco minutos para o pequeno-almoço!

E o Tuga não tem qualquer interesse em sair da cama.

Desesperado, puxei pela cabeça para encontrar uma solução, até que se fez luz na minha cabeça. Falei então, num tom trocista:

—Espera só até a Espani ver-te nesta figura.

Assim que acabei a frase, o meu irmão saltou da cama rapidamente e antes que eu pudesse avisá-lo que faltavam apenas dois minutos para o pequeno-almoço, ele já estava vestido.

Vejam o que a motivação pode fazer.

—Bom dia, irmãozinho. Estamos à espera de quê?

Eu ri-me e segui-o até ao refeitório.

É difícil pensar que, no ano passado, eu odiava o Tuga e agora não podemos viver um sem o outro. Devo admitir que fui eu que comecei a nossa briga, quando chamei o Tuga de vigarista, logo no primeiro dia de aulas. A partir daí, começamos a discutir por tudo e por nada. Cheguei até a pedir para mudar de dormitório, mas foi-me recusado.

Foi quando chegou o nosso dia de folga—que é um dia especial em que os nossos pais nos vêm visitar—é que nós descobrimos que a minha mãe e o pai do Tuga tinham um caso e nenhum de nós foi capaz de estragar a felicidade deles.

Pela primeira vez, nós demo-nos uma oportunidade um ao outro e verificamos que tínhamos muito em comum.

Era uma idiotice brigar por uma coisa que já tinha acontecido à muitos anos. Portugueses e brasileiros deviam dar-se bem. Afinal, falamos a mesma língua e partilhamos uma história.

Sim, Portugal cometeu erros no passado, mas alimentar as guerras do passado não vai fazer bem a ninguém.

E, de um momento para o outro, eu e o Tuga virámos os melhores amigos.

—Estou muito animado!—exclamou o Tuga.—Mal posso esperar pelas seis da tarde!

—Nem eu.—concordei.—Hoje é a nossa vez de treinar os mais novos! Sabes? Acho que devíamos tentar incluir os miúdos do primeiro ano mas equipas.

—Achas que sim?—Tuga perguntou.

—Claro que sim!—defendi.—Eles têm muita energia e correm que nem flechas!

—Isso é verdade.—ele concordou—Mas nunca tivemos jogadores de 14 anos nas equipas. Os professores dizem que eles ainda são demasiado novos para participar nos jogos.

—Por isso é que temos que ser os primeiros a fazer isso!—encorajei.—Já viste como seria bom?

—Logo vemos.—respondeu o Tuga, abanando a cabeça.—Estou cá com uma fome! Acho que poderia comer o colégio inteiro, se ele fosse de massa-pão.

—Olha o colesterol!—alertei, com um sorriso.—Estou a ver a Cori e os outros daqui! Olá pessoal, tudo bem?

—Guardamos algumas panquecas para vocês.—informou a Cori, estendendo um prato de panquecas.

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