[23] Hora de Juntar os Factos!

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[P.O.V - Narrador]

Então e tu, Tucker? Estás dentro?!

Num espaço de exatos oito segundos e meio, as palavras ecoaram na cabeça de Tucker uma, duas, três, quatro vezes até se tornarem apenas sussurros incontáveis. E só quando isso aconteceu é que o pequeno turco se apercebeu do peso que elas carregavam. Aquela reunião, aquele objetivo. Tudo isso açoitava a cobardia de Tucker como um cavaleiro cruel açoita o seu pobre corsel.

Dizer sim seria o mesmo que expor-se a todos os perigos e castigos a que aquela investigação podia levar. Sim, ele estava de acordo em que o culpado para trazer problemas aos finalistas e a Usa tinha que ser descoberto. Não, ele não se sentia preparado para brincar aos detetives.

Até porque, convenhamos, aquilo de brincadeira não iria ter nada.

E porquê? Porque o medo o consumia. A sensação de temor corroía-o todos os dias sem descanso. E não era algo de que Tucker se orgulhava. Tampouco lhe trouxe alguma coisa de boa na vida.

Ele ainda se lembrava das piadinhas. Piadinhas essas que ele demorou a perceber tratarem-se de oportunida-des bem executadas para que ele fosse insultado, usado, sem ao menos se  aperceber disso. Não que ele não preferisse ficar na ignorância. Talvez as coisas tivessem sido melhores e ele não tivesse chorado tanto nem se tor-
nado ainda mais cobarde do que já era.

Com as mãos a tremer de pensar em todas as possibilidades horrendas que aquilo lhe podia trazer, Tucker olhou para as três caras femininas ao seu redor. E as batalhas interiores come-
çaram.

"Pode ser perigoso Tucker..."

"Que disparate! Podes divertir-te!"

"Divertir-te?! Só quero ver como te vais divertir depois de seres chamado ao gabinete da diretora!"

"Que exagero! Ele só vai fazer o certo! Não queres fazer a coisa certa, Tucker?"

"A coisa certa é ficar quieto."

"Ficar quieto?! Vamos mesmo repetir os erros do passado?!"

Foi então que a mão de Angie tocou a sua, calma e confortante. E foi o que bastou para as vozes cessarem, como se nunca tivessem aberto as bocas na vida.

— Decidas o que decidires, não estás sozinho, amigo.

Solidão. Essa era a palavra perfeita para descrever o estado de espírito de Tucker antes a entrada na World High. Ele lembrava-se de se sentir triste, feliz, zangado, mas nunca se lembrava de não se sentir sozinho.

No entanto, desde que passara para o lado de dentro daqueles portões que as coisas tinham mudado.

Talvez Tuga e Braz tivessem razão. Talvez aquela escola fosse mesmo mágica nalgum sentido.

Como por exemplo, o de levar Tucker a dizer que sim. Ou melhor, a abanar a cabeça para dizê-lo!

De qualquer forma, estava dito. A equipa estava formada e a investigação já podia começar.

A verdade iria ser levada ao de cima. A justiça iria ser feita.

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