[21] O Beijo

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P.O.V - Diretora

- Mas o que é que se passa aqui?!

Furiosa e humilhada. Era isso que eu sentia ao ver toda a turma dos finalistas da minha escola, os futuros governantes dos seus respetivos países, o grupo de alunos que deveria dar o exemplo ao resto da escola, reunidos nalgo que parece ser uma espécie de festa secreta noturna para comemorar o aniversário da representante do Japão. Pelo menos é isso que as faixas enfeitadas com o seu nome indicam.

Qualquer um que entraria nesta sala, diria que foi ela mesma a responsável por este ultraje. No entanto, creio que isto tem dedo de mais alguém, senão dedo da turma toda.

Ao longo dos anos, eu aprendi a estar de olho nos meus alunos, sobretudo naqueles em que vejo casos especiais. Esta turma, por exemplo, tem famílias com excelentes condições financeiras, fora de que são herdeiros de países extremamente influentes e perceber isso, admito, foi o primeiro passo para mantê-los debaixo de olho durante todos estes anos em que eles estiveram aqui, presos pela declaração da Ordem Mundial da qual eu, infelizmente, também faço parte.

Assim sendo, não é por acaso que eu sei os seus pontos fortes e fracos. Não é por acaso que eu sei no que é que eles são bons ou maus. Saber qual a sua condução financeira, comparado com tudo o que tenho observado, é apenas um bónus.

Nunca disse que ser diretora de um colégio privado é fácil, sobretudo quando está cheia de pessoas que querem sonhar, fazer a diferença e mais não sei o quê. Além disso, se a vida não é justa, porque é que eu vou ser?

Esta gente está cheia de dinheiro. Qualquer um faria o mesmo que se visse uma fonte de ouro diante dos seus olhos.

- Quem é o responsável por isto?! - exigi saber, mesmo já sabendo que a turma toda tem dedo nisto.

- Somos todos. - como já calculava, a representante da Polónia disse, levantando-se com um ar muito nobre.

- É, senhora diretora, somos todos culpados. - apoiou Espani, que arrumava um barulho de cartas muito estranhas.

- Quero esse baralho na minha mão. - ordenei e vi-a olhar para mim, com os olhos arregalados como se não acreditasse naquilo que eu lhe disse.

- Mas... Senhora diretora, estas cartas são uma herança de famí-

- Qualquer tipo de conteúdo impró-prio dentro da escola está confiscado até ao final do ano. - ditei. - É uma regra básica, menina Espani, sem exceções, nem mesmo para... "Heranças de família". Agora, o baralho.

Depressa, o baralho que exigi foi parar à minha mão pela própria representante da Espanha, que, ao contrário do feitio que eu conheço dela, o fez sem dizer uma única palavra. Levantei a cabeça para decretar qual o castigo que todos teriam quando ambos os meus olhos pousaram em quatro garrafas de vidro, que eu percebi imediatamente serem de bebidas alcoólicas.

Avancei na direção dos objetos e realmente, eram todas garrafas de bebidas alcoólicas. O maior tipo de material impróprio que pode ser trazido para dentro destas paredes.

— E a turma inteira, também é responsável por isto? — questionei, exibindo duas das quatro garrafas de vidro na mão.

Óbvio que não. Eu não sou estúpida o suficiente para saber que apenas um, talvez dois alunos é que são os responsáveis por isto. Uma turma inteira seria demais.

Espero eu. Em casos como este, a expulsão é a única solução que a Ordem Mundial apoiaria.

— Não, senhora diretora. Sou eu. Eu sou a responsável por isso. — confessou a representante dos Estados Unidos, para minha surpresa.

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