P.O.V—Cori
Sempre achei incrível como, ao passar dos anos, vamos desenvolvendo uma rotina ao lado de um grupo de amigos que, mais ano, menos ano, fica sempre igual.
Quando passei pelo letreiro da escola pela primeira vez, eu estava muito nervosa–até com as coisas mais simples, como: como é que eu ia acordar de manhã para chegar a tempo das aulas?
Sim, eu desconhecia a existência de um toque de despertar e fiquei acordada a madrugada inteira só para não chegar atrasada às aulas.
Não é uma história para contar à Usa, com toda a certeza.
Uma das outras dúvidas que surgiram na minha cabeça foram: Em quem é que eu podia confiar? Quem é que iria tornar-se meu amigo? Será que iria sentir muitas saudades de casa?
Com o passar dos dias, eu fui encontrando a resposta para cada uma delas. No meu primeiro ano, eu partilhei o dormitório com a Japan, que foi uma das primeiras pessoas a vir falar comigo. Apesar de também ser caloira no colégio, parecia que ela já cá estava desde sempre e foi ela que ajudou-me a adaptar a vida ocupada e feliz de um colégio interno. Conheci a Espani durante a minha primeira hora de estudo, num sábado solarengo, quando ela adormeceu em cima do meu livro e os irmãos Braz e Tuga durante um jogo de futebol, quando eles cuidaram de mim quando eu torci o pé à jogar à bola.
Mais uma história que não vai chegar aos ouvidos da Usa.
Agora, estou sentada à mesa com todos aqueles que considero meus amigos: a Japan, a Espani, o Braz, o Tuga, o Noru, a Poly e até a Italy, que apesar de ter chegado à pouco tempo, já ocupou o seu lugar entre nós.
Depois de tomar o pequeno-almoço com os meus amigos, sigo em direção ao meu quarto para ir buscar os livros de que vou precisar para estudar.
—Cori, espera!
Volto-me para trás e vejo a Japan a correr loucamente atrás de mim.
—Achas que posso acompanhar-te até ao dormitório?—ela perguntou.—A Poly está no meu com o Noru e eu não quero ser um candelabro no meio deles.
—As coisas entre eles estão a ficar sérias, não achas?
Japan assente com a cabeça e seguimos para o dormitório.
—Acho que nunca vi um quarto tão arrumado—comentou a Japan, observando o quarto em volta.
Eu sorrio para mim e vou até à gaveta para tirar os materiais de que vou precisar.
—Ainda não acredito que estás a partilhar o quarto com a representante dos Estados Unidos—suspirou a Japan, que é uma grande admiradora da Usa.
—Às vezes, nem eu acredito—respondo, com o caderno, o livro e a bolsa nas mãos.
A Japan abre novamente a porta e eu sigo atrás dela. Começamos a caminhar em silêncio pelo corredor, sem saber ao certo o que dizer.
Eu acho que os alunos desta escola estão enganados a respeito do France e da Usa. Toda a gente os vê como duas pessoas que só fazem o que querem e que se acham superiores a tudo e a todos. Quando, na verdade, são pessoas humildes e simpáticas, que não têm nada a esconder.
Eu admiro a Usa. Admiro a sua coragem, como no dia em que ela disse tudo o que disse à Nori e à Audrey, apenas para me proteger. Admiro a capacidade que ela tem para resolver as coisas, de uma maneira adulta e inteligente.
Na verdade, dava tudo o que tenho para ser como ela.
Quanto ao France, posso dizer que ele é mais engraçado e extrovertido do que a Usa. Nos poucos minutos que eu estive com ele, no dia em que a Nori virou aquele copo em cima de mim, eu pude conhecer um France que ninguém conhecia.
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Representantes do Futuro
Teen Fiction[EM ANDAMENTO] A World High Academy é uma escola privada, apenas para os descendentes dos governantes de cada país. Lá, os alunos do último ano preparam-se agora para assumir o cargo de governantes. Mas as coisas não serão fáceis... xxxxxxxxxxxxxxxx...