P.O.V—Usa
Acordei de um sobressalto às duas e quarenta e três da manhã.
Tinha tido um pesadelo...
... O mesmo de sempre...
Depois de tentar, em vão, pela vigésima segunda vez, adormecer, eu sentei-me na cama. Não conseguia dormir por causa dos gritos furiosos no piso inferior ao meu quarto.
Estavam demasiado altos para serem ignorados, mas demasiado baixos para serem compreendidos.
E para mim, ouvi-los já não era novidade.
Farta daquela insónia, eu e o meu elefante de peluche abandonámos o conforto dos lençóis e fomos atrás do problema.
Assim que os meus pés tocaram o chão do último degrau da escada, eu vi a cena mais traumática dos meus nove anos de vida. Os gritos dos meus pais, que discutiam violentamente, sem um pingo de compaixão para com o outro.
Não fazia a mínima ideia porque carga de água é que eles estavam a discutir, mas sabia que aquilo iria acabar mal.
E então, aconteceu.
Num gesto violento, o meu pai ergueu a mão no ar e pregou uma bofetada certeira na bochecha da minha mãe.
— Cala-te, mulher inútil!
Tenho tido este pesadelo durante a maioria das noites e a conversa que tive com a minha "afilhada", do primeiro ano, tornou-o mais fresco na minha memória.
Dizem que, o bom de ter um pesadelo é que, quando acordamos, convencemo-nos de que nada do que aconteceu foi real.
Infelizmente, não havia nada de falso naquele pesadelo.
Senti a garganta e os olhos a arderem e suspirei pesadamente enquanto belisquei o meu pulso com toda a força que tinha. Não suporto que me vejam a chorar, nem mesmo que essa pessoa seja o meu melhor amigo.
"Chorar nunca irá resolver os teus problemas, pois só aqueles que acham que não há solução é que o fazem."
Ainda com os meus dedos a fazerem força sobre a minha pele, eu levantei-me da cama e tateei pelo quarto escuro, à procura da mesinha de cabeceira.
Eu tinha que encontrá-la.
Assim que descobri a mesa de cabeceira, deslizei a minha mão até ao puxado da gaveta e abri-a. De seguida, enfiei a mão lá dentro e só me contentei com a minha busca quando encontrei uma pequena caixa, de cor roxa.
— Não vale a pena remar contra a maré...
Com as mãos trémulas, abri a caixa e tirei de lá de dentro um dos muitos comprimidos que eu usava para conseguir adormecer, sempre que tinha pesadelos. Levei um deles à boca e engoli-o, sem precisar do auxílio de água.
Se alguém soubesse que eu tomo comprimidos para algo tão simples como dormir, a minha reputação ficaria mais arruinada do que já está.
Numa noite comum, iria caminhar até à janela e deliciar-me com a paisagem maravilhosa que a noite trazia à World High Academy. Porém, a minha visão favorita estava ali, dentro daquele quarto: o sorriso de Cori Korean, que dormia tranquilamente em posição fetal.
Não sei bem o que deu em mim, mas envolver Cori no meu abraço, é a última memória que eu tenho daquela noite.
E acho que não foi por causa dos comprimidos.
🌍
— Usa, acorda... — ouvi a voz doce e angelical de Cori a entrar nos meus ouvidos, seguida de um pequeno abanão.
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Representantes do Futuro
Teen Fiction[EM ANDAMENTO] A World High Academy é uma escola privada, apenas para os descendentes dos governantes de cada país. Lá, os alunos do último ano preparam-se agora para assumir o cargo de governantes. Mas as coisas não serão fáceis... xxxxxxxxxxxxxxxx...