[15] Tuga perdeu o Interesse?

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P.O.V—Mex

— Tenho mesmo que usar isto? — pergunto, olhando-me no espelho do dormitório.

— Tu pediste-me ajuda, não foi? Eu ajudei! — disse Anne, cruzando os braços.

Já devia saber que me ia arrepender de deixar que a Anne (representante da Alemanha) me vestisse para o jantar desta noite. Ela é muito feminina e, por ser uma das raparigas mais bonitas da escola, recebe cartas de amor todos (ou quase todos), os dias.

— Eu mal me consigo mexer! — reclamei.

— Talvez se tentasses vestir-te devidamente mais vezes, não te sentirias assim — argumentou Anne, atirando os cabelos pretos para trás dos ombros. — Queres que o Tuga repare em ti, ou não?

— Quero, mas...

— Confias em mim ou não?

— Confio, mas...

— Então garanto-te que, depois desta noite, ele só vai ter olhos para ti! — sorriu a Anne.

— Tens a certeza? — perguntei. — O Tuga não me parece o tipo de rapaz que goste de raparigas que se vistam assim...

— Não te preocupes! Eu sou uma expecialista! — garantiu ela, com uma piscadela de olho. Pousou-me a mão no braço e virou-me de frente para o espelho. — Quer dizer, olha bem para ti!

Mirei a minha imagem no espelho. Como todas as minhas roupas se resumem a fatos de treino e calças de ganga, nunca pensei em usar um vestido como o que a Anne me vestira. Um vestido preto, muito bonito, que assentava, perfeitamente no meu corpo pequeno e contrastava com os meus curtos cabelos vermelhos.

— Nunca pensei em vestir-me assim por causa de um rapaz... — confessei, com um pequeno sorriso.

— Se te faz sentir melhor... — Anne ficou ao meu lado e pousou a sua mão na minha. — Esse vestido fica-te muito bem. Toda a gente vai reparar em ti.

Apertei a mão dela contra a minha e sorri, em jeito de agradecimento. Anne, além de ser minha colega de quarto, era a minha melhor amiga. A pessoa que atura o meu mau-humor durante a maior parte do tempo.

— O Charles e o Vito já se resolveram? — questionou Anne, continuando com a mão pousada sobre a minha, num gesto que me fazia sentir bem.

— Não totalmente... — respondi. — Quando estamos todos juntos, como amigos, está tudo bem. Mas o Charles contou-me que, quando estão os dois  sozinhos, que as coisas ficam estranhas entre eles. Ele contou-me que o Vito chega até a evitar o contacto visual entre eles.

— Espero que eles se resolvam... — desejou Anne, deitando a cabeça no meu ombro. Fechou os olhos e suspirou.

Também eu, Anne...

Também eu...

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P.O.V—Tuga

— Braz! Viste o meu polo cinzento? Não o encontro em lado nenhum! — disse, enquanto remexia nas minhas coisas.

— Já procuraste debaixo da cama? — perguntou Braz, enquanto apertava o cinto que segurava as calças de ganga.

Em jeito de resposta, lá fiquei eu de rabo para o ar, com a cabeça enfiada debaixo da cama, à procura da porcaria do polo.

— Céus! Isto é pior do que lá em casa! — comentei, separando as coisas com as mãos.

Braz começou a rir-se, mas calou-se quando ouvi a porta a abrir. Por achar que fosse o Noru, eu continuei lá em baixo, mas a voz que se pronunciou não era sequer de um rapaz.

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