I. Ardena De Drunkar

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Ela pode ouvir os passos apressados de sua secretaria, Arllen era uma mulher muito eficiente e prestativa, a única coisa que a Suma sacerdotisa não gostava era o jeito escandaloso e os gritos que Arllen dava quando alguma coisa estava saindo do controle e ela podia sentir que esse era um daqueles momentos.
Arllen entrou batendo a porta, cheia de papéis nas mãos e correu para a ponta da mesa, onde ficou encarando a suma sacerdotisa com expectativa.
Ardena de Drunkar receberá o título de Suma sacerdotisa a mais de trinta anos, quando jovem era uma guerreira destemida como todos os guerreiros da casa Drunkar. Agora já era uma senhora de setenta e um anos, com longos cabelos brancos, nariz pontudo, boca larga e olhos vermelhos.
- O que está acontecendo? – Ardena perguntou com calma.
Arllen bufou e jogou uma carta na mesa.
- Uma carta real – Arllen disse apressada – Pelo jeito é alguma coisa urgente.
Ardena entendeu a agitação da ajudante, cartas reais só podiam ser abertas por sumos sacerdotes. Dessa vez, Arllen não pode espiar a carta já que vinha com selo.
A suma sacerdotisa cortou o selo, abriu a carta e o que leu a preocupou.
Sua testa enrugou e a cabeça começou a doer. Aquilo não era bom. Ela precisava convocar alguns guerreiros. Mais quem? A maioria dos novos iniciados estava em missões ou em treinamento. Os antigos guerreiros já estavam com tarefas.
- Arllen, quem chegou das missões? – Ardena perguntou apertando as têmporas.
- Sabia que precisaria de alguém – Arllen disse com o nariz em pé, procurando sua lista no meio da papelada que carregava - Dos novos iniciados temos, Arthus e Allyria. Dos antigos temos Allen e Alroy. Quem está livre nesta tarde é... Deixa-me ver, Arkalis talvez? Ela tem que dar aula às 17:00.
Ardena respirou fundo.
- Chame Arthus e Allyria – Ela voltou a olhar a carta real – E meu filho também.
- Mais senhora, seu filho está em...
- Não interessa onde ele está Arllen. Só chame! – Ardena disse sem paciência – Diga que é urgente!
- Sim senhora, como quiser – Arllen disse anotando em sua prancheta – Mais o que é tão importante assim? Sabe que vou ter que mandar uma coruja para a capital a procura do Allon...
E aí estava à curiosidade e reclamação.
- Arliss e Artegal morreram – Ardena encarou os olhos vermelhos de Arllen – E os guerreiros de Sunset também.
- Pela Deusa – Arllen disse colocando a mão na boca e arregalando os olhos.
Ardena colocou os cotovelos na mesa cheia de papelada e juntou suas mãos.
- O rei não sabe dizer o que aconteceu. Não houve roubo, só mortes. Toda a tripulação morreu – Ardena disse pensativa – Vingança, talvez?
- Pela Deusa – Arllen disse em choque.
- Arllen! – Ela deu um pulo de susto - Vá logo chamá-los! Isso é uma urgência, não me interessa o que meu filho esteja fazendo, ele está sendo convocado – Ardena disse um tom mais alto.
- Pode deixar minha senhora! – Arllen disse correndo para a porta – Vou chamá-los! Pelos Deuses!
Ela ficou encarando a porta já fechada pela secretaria. Matar um guerreiro era um feito e tanto, as perdas das casas eram muito difíceis. Aquilo não parecia coisa de piratas ou caçadores. Eles não eram tão sanguinários assim. Ardena já tinha seus suspeitos e esperava de coração que estivesse errada.

As três chaves de Ecco - O guerreiro e o escolhidoOnde histórias criam vida. Descubra agora