- Não precisa se preocupar – Ianna disse apressada – Eles não vão nos achar.
Diana confiava nas visões da irmã, por isso se deu o direito de ficar mais calma.
- Tem certeza disso?
- Nas próximas duas semanas está tudo igual – Ianna deu de ombros.
A primeira lição que Hana havia ensinado para Ianna foi: Não se deve contar todos os detalhes das visões. Conforme o tempo foi passando, Diana conseguiu comprar livros e pergaminhos para que Ianna estudasse sobre vidência. O problema de se contar uma visão em detalhes para alguém é que se esse alguém quiser mudar o futuro, acaba gerando uma nova visão, um novo futuro possível e assim sucessivamente. Os livros ensinavam o vidente, não contar a previsão de forma direta, mas sim em forma de rima, poesia, alegorias ou palavras aleatórias.
A segunda lição foi: Nunca tente mudar o futuro. Quando Ianna tinha sete anos, ela contou a Diana que o filhote da cabra que haviam comprado iria morrer devido ao frio. Elas trouxeram o filhote para dentro da cabana e na manhã seguinte o animal estava cheio de vermes. Não importava o quanto tentasse mudar o futuro, o destino já estava escrito.
A terceira lição foi à descoberta da sua limitação. As visões começaram a vir quando Ianna tinha cinco anos e no início só conseguia ver dias à frente. A cada aniversário conseguia ver mais a frente e hoje com quase dez anos, só conseguia ver duas semanas antecipada.
- Consegue ver alguma coisa a respeito da casa do Deus Norrad?
Ianna fechou os olhos e se concentrou.
- A mesma coisa de sempre.
- E os reinos? – Diana perguntou.
- Eu já disse – Ianna disse impaciente - Mortes no mar de Sak, um homem caçando – Ela fechou os olhos novamente – Agora um grupo está indo até lá.
- Até onde?
Ianna abriu os olhos e encarou a irmã.
- Até o país dos curandeiros.
- Satt? – Diana perguntou pensativa.
Ianna negou com a cabeça.
- Mirsha?
Ela confirmou.
- E vão achar o culpado das mortes?
Ianna olhou pela janela da pequena cabana e ficou com o olhar fixo em algum ponto imaginário. Esse era a expressão que a irmã fazia quando via o futuro mais distante que conseguia. Diana já estava acostumada com essas pequenas pausas, ela resolveu guardar a cesta que havia levado na viagem até a pequena cidade para vender suas mercadorias. Foi até o armário de madeira o abriu e colocou a cesta lá, tirou o pequeno saco de moedas e guardou em uma caixa de madeira.
Ela ouviu alguma coisa cair no assoalho.
Diana se virou na direção da irmã. Ianna tinha caído da cadeira e estava se contorcendo no chão. Os olhos verdes da garota rolavam para trás e as convulsões faziam com que ela espumasse a boca.
- Pelos Deuses! – Diana virou sua irmã de lado para que ela não se sufocasse com a própria saliva.
Tentou levantar a irmã que convulsionava sem parar. Com muito esforço conseguiu tirá-la do chão e a colocar na cama. Diana já tinha visto isso acontecer no primeiro ano de vidência da irmã. Fazia quatros anos que isso não acontecia. Ela passou a mão na testa da irmã, se ajoelhou ao lado da cama e começou a rezar para os Deuses. Diana rezou para todos os nove Deuses maiores e para os menores também. Quinze minutos se passaram até que Ianna começasse a voltar ao normal.
A garota tossiu e segurou a mão da irmã que rezava ao lado.
Diana apertou a mão em resposta, esperando que a irmã se sentisse segura.
- O que você viu? – Diana perguntou insegura.
- Cinzas, fogo, luta – Ianna tossiu de novo.
A menina fez esforço.
- Uma guerreira de olhos vermelhos - Ianna fechou os olhos – Um homem com capuz.
Diana apertou a mão da irmã mais forte.
- Sangue e morte – A vidente disse por fim – Ela precisa tomar cuidado.
- Ela quem? – Diana perguntou preocupada.
- Allyria.
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As três chaves de Ecco - O guerreiro e o escolhido
FantasyUm mundo em que os guerreiros são abençoados pelos Deuses, aconteceu um crime. Lorde Hegarty acaba de morrer. Além dos assassinos não terem levado nada de valor, eles conseguiram matar quatro guerreiros iniciados. Um ato quase impossível. O que esse...