As três chaves de Ecco - O guerreiro e o escolhido

VI. Diana Abrach

Medo e desconfiança eram o que Diana e sua irmã sentiam durante muitos anos. Desde quando sua irmã mais nova nasceu à vida de Diana Abrach mudou completamente. Elas eram filhas de nobres, seu pai era Lorde Abrach, dono do castelo Pedrapurr, localizado no país de Valmur, ao sul de Dallur. A mãe delas era Lady Miranda Abrach, uma das mulheres mais bonitas da região. As histórias diziam que a mãe delas quase se casou com o príncipe de Valmur, hoje o rei. Mas, que Lady Miranda se apaixonou pelo Lorde Abrach e desfez o compromisso com o príncipe.
Diana nunca perguntou para sua mãe se aquilo era realmente verdade. Ela tinha só oito anos quando sua irmã Ianna nasceu. Mas, os deuses deram uma benção maior do que eles estavam esperando. Ianna nasceu com o cabelo prata e aquilo só significava uma coisa, sua irmã era uma vidente.
Fazia mais de cem anos que um vidente não nascia e aquele acontecimento era um milagre por si só. Porém, Lady Miranda morreu logo após o nascimento de Ianna e seu pai, Lorde Abrach além de tristeza, sentiu raiva da sua filha recém nascida. Diana viu seu pai quase matar sua irmãzinha. Ela só tinha oito anos, mas, se lembra de ter se jogado na frente do pai e perder um olho pelo golpe que ele lhe deu.
Quando criança todos diziam que ela havia herdado a beleza da mãe, mas, agora sem um olho ela duvidava que as mesmas pessoas repetissem isso. Na época a parteira ajudou as duas e as levou do castelo e das terras de seu pai. A parteira sabia que aquilo era um milagre e não poderia ser revelado para qualquer pessoa. Por isso, ela as levou para o país de Manish. O país que mais adorava a Deusa Valian, a deusa do futuro e sustentadora do tempo, o país dos videntes.
Diana também viu seu próprio pai se matar e viu a parteira esconder Ianna para que ninguém a visse. Tirando a mulher que as salvou, ninguém sabia sobre a existência de uma nova vidente ao mundo e Diana sabia que aquilo precisava ser protegido.
Após a chegada em Manish, a parteira, chamada Hana, as escondeu em um pequeno casebre na floresta cinzenta que ficava a leste da capital de Manish. Era uma área muito isolada e era exatamente do que elas precisavam.
Hana já tinha seus sessenta anos quando as levou até lá. Ela era uma senhora muito doente que acabou falecendo de pneumonia no ano passado. Mas, antes de sua morte ela havia ensinado tudo que Diana precisava saber para sobreviver e manter sua irmã a salvo. Ianna já tinha nove anos e não sabia como era a vida fora da floresta. Por que nem Hana e nem Diana deixavam ela sair, para o seu próprio bem.
Hana e Diana eram as únicas que saiam daquele lugar, elas iam até as cidades e pequenas aldeias vender legumes que plantavam em uma horta ao lado do casebre e assim, conseguir dinheiro para comprar coisas básicas. Tecidos, remédios, carne ou até mesmo uma cabra para ter leite. Só que agora, era só Diana, ela já tinha dezessete anos e se não fosse o olho muitos se ajoelhariam achando que ela era a própria deusa Glimmer, a Deusa do amor e da fertilidade. Ela tinha conhecimento sobre a sua beleza, por isso, usava uma túnica que cobria seu corpo todo e em sua cabeça usava um capuz com um véu que só lhe deixava os olhos a vista e como um dos seus olhos havia um tapa olho, ninguém a incomodava. Ela sabia que mesmo com o rosto danificado seu corpo ainda chamava atenção e ela precisava se manter longe de problemas.
Diana estava em um das cidades próximas a floresta, vendendo sua mercadoria, quando ela ouviu uma conversa que lhe chamou atenção.
- Dessa vez, eles foram visitar Lorde Crespem – Dizia um camponês.
- E para que? Lorde Crespem e sua esposa não são devotos a Deus Norrad – Uma mulher com o rosto vermelho do sol respondeu enquanto limpava um esquilo em sua barraca.
- Dizem que estão procurando na nossa região – O camponês continuou – Acham que nós temos uma vidente escondida.
- E se tivéssemos não iríamos dar para eles – A mulher cuspiu.
Diana ficou alerta. Não era a primeira vez que os discípulos do Deus Norrad vinham até ali. Mas, nos últimos meses, já era a quarta visita. E a cada vez que vinham ficavam mais próximos da floresta. Diana vendeu seu último legume e voltou o mais rápido que pode para a floresta. Ela correu até seus pulmões e suas pernas cansarem.
Ela correu até sua irmã, por que, Diana sabia que sua irmã era muito importante para o mundo de Ecco.