Ele viu a guerreira ir embora com aquele caçador. Ela fez o que prometeu, cooperou com o inimigo deixando sua equipe para trás. O caçador carregou sua comparsa no colo e Allyria os acompanhou. Antes da sair da embarcação, ela olhou para trás, para Allon com olhos tristes e cansados.
Ele se sentia um lixo, estava deixando aquela garota ir embora. A frustração era tanta que acabou chorando, ele não era de demonstrar seus sentimentos, mas, o que ele poderia fazer? O caçador tinha um item lendário. Se ao menos ele tivesse a espada do Deus Drunkar.
Se sentia pequeno, impotente, um ser insignificante.
Em volta se encontrava um cenário caótico, parte do navio pegava fogo, havia um buraco na lateral e vários mortos no caminho. A tripulação que ainda estava viva estava correndo de um lado para o outro seguindo as ordens do capitão para o navio não afundar.
Tinha acontecido tudo tão rápido, depois que Allyria desmaiou a pequena embarcação encostou no navio e subiram duas figuras de preto. A mulher que o acompanhava matou os primeiros homens que tentaram se aproximar, depois veio a matança pela pulseira. Allon viu raios descerem dos céus e acertar o coração dos homens. Ele ficou apavorado, precisavam fazer alguma coisa, mas, como? Aquela missão estava sendo muito mais perigosa do que imaginou, era por isso que sua mãe o havia convocado, porém, sua presença ali não surtia muito efeito.
Allon pediu misericórdia ao homem encapuzado, pediu que não matassem mais ninguém. Então Arthus tentou atacá-lo e um raio desceu em sua direção. O garoto desmaiou na hora, Allon tinha certeza de que ele ainda continuava vivo por que ainda conseguia ver seu peito subir e descer. Mas Arthus só havia sobrevivido porque era um guerreiro abençoado, os humanos comuns não tiveram essa sorte. Mais um guerreiro corajoso, honrando o nome do Deus Drunkar, aquilo era como um soco no estômago de Allon.
- Eu vim atrás de alguém - O homem respondeu com a voz rouca, olhando na direção de Allon.
O garoto foi amarrado como um animal e foi jogado aos pés do caçador. A única opção que visualizou naquele instante foi se humilhar, pedir clemência.
Ele estava ajoelhado quando Allyria apareceu, demonstrou a coragem que ele não tinha. Aquela era uma verdadeira guerreira. Ela não demonstrou medo ou pânico, atacou até não poder mais. A atitude desses guerreiros fazia com que ele se sentisse envergonhado, era oito anos mais velho, tinha mais experiência e mesmo assim fraquejou.
- Allon, você está bem? - O capitão London veio ajudá-lo - Eles já foram.
- Eles levaram ela - Ele conseguiu falar.
- Eu vi - O capitão concordou - E porque levaram? O que eles querem com a guerreira?
- Eles querem acabar com o mundo que nós conhecemos.
O capitão não respondeu nada, ajudou ele a se levantar e pediu para que seus homens auxiliassem os guerreiros feridos e desacordados. Arthus foi carregado por dois homens, Rowena estava sendo socorrida no local em que havia caído e Razzos acabou desmaiando com um dos raios e estava preso nas cordas do mastro.
- Eu preciso de ajuda - Allon disse para si mesmo.
O guerreiro saiu correndo por entre a tripulação, os corpos dos mortos e dos guerreiros feridos. Adentrou o corredor dos quartos, quando chegou no quarto abriu a porta com toda a força que tinha e foi direto para o baú do lado da sua cama. Revirou as roupas e seus pertences até achar o que procurava.
O cristal azul, o cristal gêmeo.
Ele apertou o cristal e fez o chamado.
E esperou.
Até que pode ouvir a voz da sua ex amante.
- Achei que não usaria.
- Arkalis, como é bom ouvir sua voz - Allon disse sem fôlego - Eu preciso da sua ajuda.
- O que aconteceu? - O tom de voz mostrava preocupação.
- Quero que você vá até minha mãe, é questão de vida ou morte.
- Mas você disse....
- Eu sei o que eu disse - Allon passou as mãos pelos cabelos frustrado - Allyria foi levada pelo círculo e eu não sei o que fazer.
Silêncio.
Allon olhou confuso para o cristal, será que havia dado defeito?
Silêncio.
- Arkalis eu preciso de ajuda, pela Deusa, responda alguma coisa!
- Olá filho - A voz de Ardena ressoou pelo pequeno quarto - Diga o que está acontecendo e farei o que for necessário.
- Tem um caçador se dizendo o escolhido e ele acha que Allyria é o guerreiro da profecia.
- As três chaves de Ecco? - Ardena perguntou.
- Exatamente! - Allon coçou a cabeça - Quem está na sala com você?
- Arkalis e Arleen, elas são de confiança, diga logo - Ardena disse sem paciência.
Arkalis não sabia sobre os itens, para ela seria um choque. E Arleen era apavorada, teria um pequena crise de ansiedade, mas, ele precisava contar.
- O caçador tem um - Allon tomou fôlego - item lendário.
- Qual?
- A pulseira.
- E o que você está pensando em fazer? - Ardena o questionou.
- Eu não sei, por isso estou falando com você - Allon bufou - Só não posso deixar Allyria com aquela gente.
- Tenho uma ideia.
Não importava o que ele teria que fazer, assassinar a sangue frio, roubar, mentir ou trair, ele faria tudo ao seu alcance para trazer a garota de volta, essa seria sua promessa de vida.
- O que eu tenho que fazer? - Allon perguntou.
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As três chaves de Ecco - O guerreiro e o escolhido
FantasíaUm mundo em que os guerreiros são abençoados pelos Deuses, aconteceu um crime. Lorde Hegarty acaba de morrer. Além dos assassinos não terem levado nada de valor, eles conseguiram matar quatro guerreiros iniciados. Um ato quase impossível. O que esse...