XV. Allon de Drunkar

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Ele viu a guerreira ir embora com aquele caçador. Ela fez o que prometeu, cooperou com o inimigo deixando sua equipe para trás. O caçador carregou sua comparsa no colo e Allyria os acompanhou. Antes da sair da embarcação, ela olhou para trás, para Allon com olhos tristes e cansados.
Ele se sentia um lixo, estava deixando aquela garota ir embora. A frustração era tanta que acabou chorando, ele não era de demonstrar seus sentimentos, mas, o que ele poderia fazer? O caçador tinha um item lendário. Se ao menos ele tivesse a espada do Deus Drunkar.
Se sentia pequeno, impotente, um ser insignificante.
Em volta se encontrava um cenário caótico, parte do navio pegava fogo, havia um buraco na lateral e vários mortos no caminho. A tripulação que ainda estava viva estava correndo de um lado para o outro seguindo as ordens do capitão para o navio não afundar.
Tinha acontecido tudo tão rápido, depois que Allyria desmaiou a pequena embarcação encostou no navio e subiram duas figuras de preto. A mulher que o acompanhava matou os primeiros homens que tentaram se aproximar, depois veio a matança pela pulseira. Allon viu raios descerem dos céus e acertar o coração dos homens. Ele ficou apavorado, precisavam fazer alguma coisa, mas, como? Aquela missão estava sendo muito mais perigosa do que imaginou, era por isso que sua mãe o havia convocado, porém, sua presença ali não surtia muito efeito.
Allon pediu misericórdia ao homem encapuzado, pediu que não matassem mais ninguém. Então Arthus tentou atacá-lo e um raio desceu em sua direção. O garoto desmaiou na hora, Allon tinha certeza de que ele ainda continuava vivo por que ainda conseguia ver seu peito subir e descer. Mas Arthus só havia sobrevivido porque era um guerreiro abençoado, os humanos comuns não tiveram essa sorte. Mais um guerreiro corajoso, honrando o nome do Deus Drunkar, aquilo era como um soco no estômago de Allon.
- Eu vim atrás de alguém - O homem respondeu com a voz rouca, olhando na direção de Allon.
O garoto foi amarrado como um animal e foi jogado aos pés do caçador. A única opção que visualizou naquele instante foi se humilhar, pedir clemência.
Ele estava ajoelhado quando Allyria apareceu, demonstrou a coragem que ele não tinha. Aquela era uma verdadeira guerreira. Ela não demonstrou medo ou pânico, atacou até não poder mais. A atitude desses guerreiros fazia com que ele se sentisse envergonhado, era oito anos mais velho, tinha mais experiência e mesmo assim fraquejou.
- Allon, você está bem? - O capitão London veio ajudá-lo - Eles já foram.
- Eles levaram ela - Ele conseguiu falar.
- Eu vi - O capitão concordou - E porque levaram? O que eles querem com a guerreira?
- Eles querem acabar com o mundo que nós conhecemos.
O capitão não respondeu nada, ajudou ele a se levantar e pediu para que seus homens auxiliassem os guerreiros feridos e desacordados. Arthus foi carregado por dois homens, Rowena estava sendo socorrida no local em que havia caído e Razzos acabou desmaiando com um dos raios e estava preso nas cordas do mastro.
- Eu preciso de ajuda - Allon disse para si mesmo.
O guerreiro saiu correndo por entre a tripulação, os corpos dos mortos e dos guerreiros feridos. Adentrou o corredor dos quartos, quando chegou no quarto abriu a porta com toda a força que tinha e foi direto para o baú do lado da sua cama. Revirou as roupas e seus pertences até achar o que procurava.
O cristal azul, o cristal gêmeo.
Ele apertou o cristal e fez o chamado.
E esperou.
Até que pode ouvir a voz da sua ex amante.
- Achei que não usaria.
- Arkalis, como é bom ouvir sua voz - Allon disse sem fôlego - Eu preciso da sua ajuda.
- O que aconteceu? - O tom de voz mostrava preocupação.
- Quero que você vá até minha mãe, é questão de vida ou morte.
- Mas você disse....
- Eu sei o que eu disse - Allon passou as mãos pelos cabelos frustrado - Allyria foi levada pelo círculo e eu não sei o que fazer.
Silêncio.
Allon olhou confuso para o cristal, será que havia dado defeito?
Silêncio.
- Arkalis eu preciso de ajuda, pela Deusa, responda alguma coisa!
- Olá filho - A voz de Ardena ressoou pelo pequeno quarto - Diga o que está acontecendo e farei o que for necessário.
- Tem um caçador se dizendo o escolhido e ele acha que Allyria é o guerreiro da profecia.
- As três chaves de Ecco? - Ardena perguntou.
- Exatamente! - Allon coçou a cabeça - Quem está na sala com você?
- Arkalis e Arleen, elas são de confiança, diga logo - Ardena disse sem paciência.
Arkalis não sabia sobre os itens, para ela seria um choque. E Arleen era apavorada, teria um pequena crise de ansiedade, mas, ele precisava contar.
- O caçador tem um - Allon tomou fôlego - item lendário.
- Qual?
- A pulseira.
- E o que você está pensando em fazer? - Ardena o questionou.
- Eu não sei, por isso estou falando com você - Allon bufou - Só não posso deixar Allyria com aquela gente.
- Tenho uma ideia.
Não importava o que ele teria que fazer, assassinar a sangue frio, roubar, mentir ou trair, ele faria tudo ao seu alcance para trazer a garota de volta, essa seria sua promessa de vida.
- O que eu tenho que fazer? - Allon perguntou.

As três chaves de Ecco - O guerreiro e o escolhidoOnde histórias criam vida. Descubra agora