Não, pai!

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Eloá


O que mais vem para me afetar agora?


Chegamos na porta da delegacia e eu olhei para ela, mas eu não conseguia entrar.
Eu esperava que quando eu voltasse nesta delegacia com a notícia de que o caso tinha sido concluído, eu iria encontrar como culpado, o Leonardo, mas vir até aqui, tendo a consciência de que o culpado de me causar medo durante todos estes dias, é o meu próprio pai. Simplesmente não consigo acreditar.

Meu pai podia não ser presente, ele podia não demonstrar amor paterno para mim, quando estávamos juntos, ele podia brigar comigo por motivos bestas, ele podia me xingar sem nem ter motivos, mas eu nunca iria imaginar que ele era tão cruel ao ponto de me ameaçar durante tanto tempo.
E se ele me ameaçou, ele iria cumprir com as ameaças?
Tudo o que eu mais duvidava, está acontecendo e mesmo assim, eu ainda não consigo acreditar.

Todos me avisaram, mas eu não escutei ninguém. A minha mãe, a Leila, a Angeline, e até mesmo o pai Many...

Como eu pude ter sido tão burra?

O Shawn se cansou de ficar em frente à delegacia comigo, e veio em minha direção, me abraçou me passando um forte sentimento de consolo mas que neste momento, não estava servindo de muita ajuda.
Depois de me dizer que não iria me abandonar e que estaria comigo, ele me direcionou até o interior da delegacia.

Foi ele quem falou com a recepcionista e me levou, junto com o Noah, até a sala de espera. Lá, nós permanecemos tempo o suficiente para o Noah mamar e dormir. Eu e o Shawn estávamos conversando baixinho quando o delegado abriu a porta do seu escritório a nossa frente, olhou diretamente para mim e deu um sorriso amigável. Ali eu percebi que ainda existia pessoas empáticas neste mundo, por quê eu vi nos seus olhos que ele estava sentindo a minha dor, assim como o Shawn, que a todo o momento estava me consolando e tentando me manter longe dos meus pensamentos de raiva, medo, ódio, tristeza e incredulidade.

Entramos na sala do Sr. Miguel e então nos sentamos de frente para ele, de modo que o Shawn se sentou ao meu lado com o Noah nos braços, segurando minha mão que estavam tremendo tanto, que não tinham forças para aguentar o peso do meu filho.

Eu estava no meio de uma crise de ansiedade e não podia demonstrar o que estava sentindo, por quê apesar de tudo, tinha medo de deixar o meu pai mais encrencado e medo de demonstrar os meus sentimentos, de me mostrar fraca... Eu não faço isso desde o... desde aquele dia em que eu vi a Angeline pela última vez.

Olhei para o delegado e percebi que ele já estava falando comigo a algum tempo, e neste momento ele estava me olhando à espera de uma resposta para uma pergunta que eu não faço a mínima ideia de qual foi.

-Senhorita Eloá?

-Me desculpe, Sr. Miguel você pode repetir a sua pergunta, por favor?

-Claro, eu perguntei se você vai retirar a queixa, é que em muitos casos como o seu...

-Espera, casos como o meu? Então os pais ameaçam os filhos e os netos de morte, constantemente?

-Não, senhorita me desculpe. Eu quis dizer que quando há casos entre as famílias, normalmente a maioria retira a queixa, afinal ele é o seu pai.

Espera... Este homem quer que eu retire a queixa sobre a ameaça porque o culpado é o meu pai?

-VOCÊ QUER QUE ELA RETIRE A QUEIXA, PORQUE O CULPADO É O PAI DELA?

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