Eu sou Victor Nikiforov, o famoso russo a ganhar cinco vezes consecutivas o ouro na competição Grand Prix. Após minha 5° vitória, decidi me tornar o Técnico de Yuri Katsuki e levá-lo a conquistar o ouro esse ano, enquanto paro um tempo a refletir so...
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– O... O que? – Seus olhos se arregalam com minha explicação e ele da um tapa forte na mesa, esse ressoa tão alto que parece estar do lado de fora também e devido os burburinho que seguiu do outro lado me ocorre que talvez tenha sido mesmo um barulho de lá. Será que estão discutindo ou algo assim? – Isso tudo é culpa daquele garoto, eu bem te avisei daquela vez que se você saísse para brincar de técnico, jamais conseguiria voltar, se tivesse me ouvido...! – Após um momento em silêncio, Yakov volta a falar em tom repreensivo pelo passado.
– Yuri não é o culpado por isso, ele tem talento e você sabe, pois ficou como seu técnico por um dia... Sabe melhor do que ninguém, como meu técnico, que se eu não tirasse um tempo para mim nessa temporada, eu iria definhar. Já não havia solução para mim que havia perdido meu propósito ficando preso em um mesmo padrão para buscar surpreender... Eu vi em Yuri seu potencial, por isso decidi ficar com ele, para mostrar a todos o melhor que ele tem. O melhor que até então ele nem sabia ter. – Meu tom não se altera quando prossigo demonstrando os fatos ao homem que conhecia cada parte de mim como eu mesmo.
– NÃO INVENTE DESCULPAS PARA JUSTIFICAR SUAS AÇÕES EGOÍSTAS!
– É você quem está procurando meios de culpar alguém enquanto tenta fugir da realidade! – Meu olhar se volta gélido em resposta ao grito bradado pelo homem momentos antes e diante disso sua expressão se torna vulnerável de uma maneira que eu jamais havia presenciado.
Do momento em que comecei minha carreira na patinação até minha pausa no inicio dessa última temporada, Yakov esteve comigo e eu nunca havia presenciado um rosto tão perturbado quanto o que ele acaba de demonstrar. Lidar com suas broncas e lições era muito fácil, eu sabia que por trás de um grito estava um carinho de um pai que se preocupa por seus filhos, mas lidar com um rosto tão indefeso não é comigo, nunca fui sensitivo aos sentimentos dos outros, o que torna mais fácil que eu machuque alguém sem que perceba e agora não é diferente. A expressão em seu rosto se torna desanimada enquanto ele desaba no sofá às suas costas e mergulha o rosto nas mãos.
– Não posso acreditar... Você folgou essa temporada para reencontrar sua paixão sobre o gelo... E agora que reencontrou... Não pode mais voltar... – Quando volta a falar, seu tom está derrotado.
– Bem... Ninguém imaginou que isso iria acontecer, mas não é de todo ruim. Depois de seis meses eu poderei fazer terapia para voltar a patinar, posso até mesmo patinar como anteriormente. Só não posso mais competir, pois, segundo o médico, meu corpo não suportaria a pressão.
– Hum... Entendo... É compreensível que seu corpo não suporte a pressão que as competições apresentam, porém por que seis meses de terapia para voltar a patinar, quando a pancada foi em sua cabeça e não em sua coluna ou algo parecido?! – Um pouco recuperado do choque, Yakov levanta seu olhar e questiona curioso.
– Eu também me perguntei isso inicialmente, mas percebi recentemente que estou com dificuldade para mover meus braços e pernas... – Faço uma pequena pausa voltando meu olhar para minha mão enquanto abro e fecho-a devagar. – Talvez seja um efeito colateral do acidente, meu corpo simplesmente não responde aos meus comandos da mesma forma que antes... Não sei se é temporário, já que meus exames não estiveram nada fora do comum...
