CAPÍTULO 4

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Tenho passado todos os dias desde que nos mudamos para Curitiba trancada na minha "nova gaiola", debruçada sobre os livros em uma rotina intensiva de estudos para o vestibular.

Felizmente, não precisei cancelar meus planos sobre a faculdade, no entanto, precisei alterá-los, considerando que a UNIMP - Universidade Metropolitana Paulista só possui polos educacionais, destinados ao ensino a distância aqui em Curitiba. Essa instituição de ensino sempre foi a minha escolha quando eu ainda acreditava que cursar direito era o melhor para mim. 

Cheguei até mesmo a combinar com minha melhor amiga de estudarmos no mesmo campus e enquanto Ana cursaria moda, eu cursaria publicidade e propaganda.

Não será o mesmo do que estudar no campus universitário da UNIMP, no entanto, é melhor do que adiar o início do meu curso por mais um semestre, quando já adiei por mais de um ano.

Mas para que isso aconteça, ainda preciso contar com o meu bom desempenho no vestibular e conquistar uma bolsa de estudos. Ou todo o meu esforço extra dos últimos dezessete dias terá sido em vão.

Tecnicamente, eu nem precisaria me preocupar com o vestibular para cursar publicidade a distância. Desde que houvesse vaga e eu tivesse dinheiro para pagar a mensalidade. Vagas sei que ainda têm, mas dinheiro para pagar a mensalidade...

Mesmo o curso a distância sendo bem mais barato do que um curso presencial, o pouco recurso que consegui juntar não é suficiente para um semestre inteiro de estudos e despesas com transporte, alimentação e todo o resto.

A maioria das instituições de ensino já encerraram o prazo para inscrições no processo seletivo e algumas até já realizaram seus vestibulares. Na Universidade Metropolitana Paulista pelo menos, esse processo é mais flexível, possibilitando o agendamento da prova para o dia que o candidato desejar. Obviamente, para ganhar mais tempo, escolhi o último dia do prazo.

Meu celular vibra sobre a mesa de estudos e eu vejo uma mensagem de texto de Ana: Boa sorte na prova. Vai lá e arrasa tigresa.

A mensagem dela me faz rir e dissipa um pouco do meu nervosismo. Logo que acordei, deparei-me com um e-mail do meu irmão Zeca, desejando-me boa sorte no meu grande dia.

Termino de me arrumar, prendendo meus cabelos em um rabo de cavalo e antes de descer para tomar café da manhã, prendo o bracelete da sorte no meu pulso.

Fazer as refeições junto com a família sempre foi uma regra dentro da minha casa e como venho quebrando essa regra nos últimos dias, fui informada através da minha mãe que por determinação do excelentíssimo juiz... não... excelentíssimo desembargador Álvaro Bertolazzo, estou, terminantemente, proibida de me juntar à família.

Como se isso fosse uma punição para mim. Saber que não sou mais obrigada a me juntar a ele para as refeições é uma verdadeira benção, considerando que o general torna qualquer comida intragável e as refeições são sempre oportunidades de conflitos e discussões.

No caminho para a cozinha não me deparo com ninguém da minha família. A casa é grande e nos primeiros dias cheguei a me perder dentro do labirinto de corredores e cômodos. Pelo menos é grande o suficiente para me manter longe do meu pai e raramente nos cruzamos pelos corredores.

Localizada em um dos bairros mais nobres da cidade: Batel, a residência de estilo contemporâneo fora recentemente reformada e decorada pela minha mãe enquanto ainda morávamos em São Paulo.

A casa é maior do que realmente precisamos com 900 m² de construção em uma área de 1600 m². Maior até do que a casa que tínhamos no bairro Jardins, na capital paulista. São sete suítes, doze banheiros, cinco salas, escritório, biblioteca, adega, cozinha. Sem falar na área externa com piscina, espaço gourmet, salão de jogos, salão de festas, uma academia completa, área de serviços, acomodações para empregados, garagem para dez carros e o amplo jardim.

Um Grito de Liberdade (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora