CAPÍTULO 18

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Sigo com Toni até o Veloster estacionado em frente à minha casa e que graças a ajuda de um colega de trabalho, trouxe o carro dele enquanto Toni trazia o meu. Ele recosta-se na lateral do carro e me puxa pela cintura, trazendo-me para perto. Passo meus braços sobre seus ombros e me aproximo ainda mais, até não haver um único espaço entre nós.

"Obrigada por trazer meu carro", agradeço pela enésima vez desde que ele me entregou a chave do i30.

Quando decidi acompanhá-lo até a saída, foi com a intenção de adiar a despedida. Algo que eu venho fazendo há alguns minutos, buscando assuntos que prolonguem a permanência dele. Como por exemplo: perguntando sobre o primeiro dia no estágio, que Toni respondeu com uma notória animação, enquanto eu ouvia atentamente ele relatar todos os detalhes.

Parada em pé na frente dele, encaro seus olhos - de um intenso tom de verde jade - em busca de qualquer pretexto que adie sua partida e o desejo de ficar mais tempo com ele me surpreende. Quero pedir que fique mais um pouco, mas não sei como.

"Você ainda quer conhecer o Instituto?" Ele pergunta

"Sim, eu quero muito", respondo e minha voz sai mais alta do que eu esperava.

"Então vamos", Toni anuncia afastando-me apenas o suficiente para abrir a porta do carro para eu entrar.

"Antes, tenho que avisar minha mãe", digo passando por ele.

"Ela sabe que você está comigo", ele justifica, conduzindo-me para o interior do carro.

"E isso deveria tranquilizá-la?" Indago e ele ri.

Entro no carro e me acomodo no banco do carona. A primeira coisa que Toni faz quando entra no veículo é tirar a minha fotografia do bolso da calça, agitá-la no ar frente ao meu rosto, antes de guardá-la no porta-luvas.

Estreito bem os olhos para encará-lo, enviando um alerta silencioso: Não me provoque.

A sede do instituto não fica muito longe de casa. Em questão de minutos, ele estaciona em uma vaga em frente a um prédio que em muito se parece com um colégio.

Noto que vários transportes escolares saem da frente do Instituto Luís Fernando Schmidt - escrito com letras cromadas na fachada azul marinho – e conforme Toni me explica – deve-se ao horário de saída das crianças.

Desviamos do intenso fluxo de veículos, estacionados à espera das crianças, e seguimos por uma entrada independente, reservada para os voluntários e administração.

Toni cumprimenta o porteiro, ao passar pelo homem de meia idade dentro da cabine da portaria.

"O nome é em homenagem a algum membro da família?" Pergunto quando adentramos no prédio.

"Meu irmão."

"Irmão?" Questiono confusa. "Você nunca me contou que tem um irmão."

"É porque eu não tenho", ele diz.

Ai, não... Um alerta soa dentro no mim antes mesmo que ele complete a frase.

"Ele morreu antes de eu nascer", Toni diz e eu interrompo imediatamente os passos.

"Toni, eu sinto muito", digo voltando-me para ele. "Foi por isso que o clima na pizzaria ficou estranho de repente", comento, recordando-me da reação do grupo de amigos depois do meu comentário: Sorte sua ser filho único.

Ele assente, confirmando minhas suspeitas.

"Por que você não me disse nada?" Indago perplexa, encarando-o com as mãos pousadas na cintura. "Você deveria ter me dado um cutucão na mesma hora."

Um Grito de Liberdade (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora