CAPÍTULO 19

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Com a mente trabalhando a mil, minha noite de sono não me rendeu muito descanso. E a sensação que tenho quando coloco os pés no chão, antes mesmo do despertador tocar, é a de que estou ainda mais cansada do que fui para a cama no início da madrugada.

Realizo meu ritual matinal, tomando banho e me arrumando para a faculdade. Desço em direção à cozinha, levando comigo minha mochila.

Preparo um rápido café da manhã com torradas e suco de manga. Engulo apressada bocados de torradas, empurrando-os garganta abaixo com a ajuda do suco.

Aproveito que a boleira está sobre a bancada de granito para separar alguns pedaços de bolo para comer na faculdade. Rosa entra na cozinha, cumprimentando-me ao passar por mim, no instante em que eu corto o bolo em pedaços menores.

"Bom dia."

"Bom dia, Rosa", respondo. "Por acaso, vocês encontraram alguém com quem a Alice possa ficar depois da aula?" Inicio o assunto que ainda está pendente.

"Não", ela responde em um tom de lamento. "Hoje minha filha vai precisar sair mais cedo do trabalho para ficar com ela."

"Não vai mais", anuncio.

Conto a novidade para Rosa, relatando que - graças a ajuda de Toni - Alice poderá frequentar o instituto onde participará de atividades extras que elas mesma poderá escolher.

"Obrigada. Muito obrigada." Os olhos dela inundam de lágrimas ao vir me abraçar.

"Não me agradeça. Agradeça ao Toni."

"Se não fosse por vocês, minha Fátima teria que sair do emprego."

"Peça à Fátima para ir ao instituto ainda hoje e falar com o Toni. Provavelmente, ele estará lá após as quatorze horas, mas eu telefono ao longo do dia para confirmar o horário e passar o endereço."

Ela assente em concordância e volta a me agradecer insistentemente.

Com o pensamento em Toni, pego outro pote e preencho-o com pedaços de bolo, como os que preparei para mim. Coloco os potes em sacolas separadas de papel, juntamente com guardanapos descartáveis e garfos de sobremesa.

"Tem mais um assunto que eu quero conversar com você, Rosa", digo atraindo sua atenção. "É sobre aquela ideia de comercializar seu bolo como Toni sugeriu, mas depois nós conversamos com mais calma", digo guardando as sacolas dentro da minha mochila. "Quando minha mãe acordar, por favor, avise-a que não volto para o almoço."

"Quer que eu prepare alguma coisa para você levar?"

"Não. Eu almoço na rua."

Pego minhas coisas e saio às pressas de casa, tomando uma rota mais curta até a garagem.

Assim que chego à faculdade, estaciono, propositalmente, meu i30 vermelho ao lado do Veloster azul metálico. O que me faz concluir, que Toni está, novamente, esperando por mim.

Como eu previa, de longe avisto Toni reunido com o grupo de amigos no mesmo ponto de encontro em que estava ontem.

O olhar dele cintila para mim à medida que eu me aproximo, ao mesmo tempo em que um amplo sorriso se abre em seus lábios. Por mais que eu tente me controlar, acabo deixando escapar um sorriso quando estou a poucos passos de distância dele.

"Bom dia", cumprimento todos ao mesmo tempo.

As garotas à minha espera respondem em uníssono, porém, minha atenção está fixa em Toni, que se aproxima de mim e me beija na frente de todos.

"Bom dia", ele sussurra interrompendo o beijo.

Sem desviar a atenção, ouço os suspiros e exclamações de Cecília.

Um Grito de Liberdade (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora