Um Grito de Liberdade (CONCLUÍDA)

CAPÍTULO 27

Eu amo você!

Essas três palavras continuam reverberando na minha mente, como se eu tivesse acabo de ouvi-las pela primeira vez. E cada vez que eu lembro de tudo o que Toni me disse, meu coração bate ainda mais acelerado.

O primeiro período de aulas termina e eu não consegui prestar atenção em nada do que foi dito na aula.

"Poderia, por favor, me emprestar os conteúdos que eu perdi?" Peço à Cecília, que aquiesce, separando as folhas com as matérias atrasadas. "Os de hoje também. Não tive cabeça para prestar atenção em nada."

"Tudo bem. Afinal, não é todo dia que se recebe uma declaração de amor como aquela", Cecília comenta e eu sinto meu rosto corar.

"Você ouviu?" Pergunto alarmada.

"Tim tim por tim tim", ela responde. "Tenho uma audição apurada. E de acordo com o Alex, funciona na mesma frequência que a audição canina."

De fato, não me surpreende que minha amiga, com sua super audição, tenha ouvido a conversa apesar da distância em que estávamos.

A sala de aula está parcialmente vazia; restando apenas algumas alunas que tiram dúvidas com o professor, sendo que o restante da turma já saiu para o intervalo entre os períodos.

Um garoto jovem e devidamente uniformizado entra na sala e segue diretamente na minha direção

"Lisa Bertolazzo?" O garoto pergunta parando na minha frente.

Confirmo assentindo com um breve movimento e ele me estende uma caixa retangular marrom com um laço dourado envolvendo a embalagem de bombons da Boutique do Chocolate.

"Para mim?" Questiono confusa e o garoto confirma.

Aceito a caixa puxando a fita de cetim, revelando uma variedade de doces finos de todos os tamanhos, formatos e sabores. Abro o cartão, lendo as poucas palavras rabiscadas em uma caligrafia perfeita.

Estava procurando por uma máquina do tempo, mas só encontrei chocolates.

Não há qualquer assinatura, e nem precisava, para eu saber quem foi que me enviou esse mimo.

Cecília parece compartilhar do mesmo pensamento e solta uma das suas risadinhas.

Um sorriso idiota toma conta do meu rosto quando eu alcanço meu iPhone dentro da mochila.

Digito uma mensagem rápida e objetiva: Você está muito enganado se pensa que vai me comprar com chocolates, Sr. Schmidt.

Solto uma risadinha enquanto guardo o smartphone de volta na mochila.

"Você não me decepciona, sabia?" Cecília comenta. "No seu lugar, eu já teria me derretido toda."

"Talvez até esteja um pouquinho derretida. Mas, só um pouquinho."

"Você bem que poderia ensinar algumas coisas à Patrícia."

"Tipo o quê?"

"Como desferir um soco daqueles", Cecília sugere e nós duas rimos. "Meu irmão não escaparia e eu adoraria vê-lo sendo nocauteado."

"Ótima sugestão", comento.

Encontramos com Patrícia à nossa espera na saída do bloco 5. Mesmo compartilhando minha caixa de chocolates com as outras duas garotas; produzindo algumas gargalhadas relembrando os acontecimentos de logo cedo pela manhã; nada parece estar surtindo muito efeito em Patrícia. Principalmente, quando Denise e Marcela decidem desfilar suas roupas vulgares pelo campus, escolhendo justamente o corredor onde estamos para se exibir.