CAPÍTULO 10

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Separo algumas opções de roupa para usar no jantar de hoje. Sei que posso pedir ajuda da minha amiga, mas depois que ela ficou me atormentando com aquela ideia absurda de que eu estou apaixonada, decido fazer isso sozinha. Afinal, se eu mencionar que vou jantar com Toni outra vez... ela vai me atormentar ainda mais.

Coloco três opções em cima da cama. Um vestido preto de crepe sem mangas, com corte reto um pouco acima dos joelhos e um discreto decote quadrado; uma calça jeans com uma camisa azul marinho de mangas longas estampada de pequenas cerejas; um short branco de sarja com uma blusa de seda coral de alças finas. Fico olhando de uma roupa para a outra e não sei pela qual me decidir. Ele disse que não será um jantar formal, então penso em usar o jeans.

"Está indecisa?" minha mãe pergunta e quando eu olho para trás, ela está parada na porta do meu quarto.

"Toni me convidou para jantar e eu estou em dúvida. O que a senhora acha?"

"Onde será o jantar?" Ela pergunta se aproximando da cama.

"Não sei. Ele quer fazer surpresa."

Pensativa, ela analisa as opções.

"Use o vestido, mas leva um casaquinho."

Minha mãe vai até o meu closet e volta trazendo um cardigan branco de malha com fios prateados na trama. Pego a peça de roupa, colocando-a sobre o vestido que combina muito bem.

"O que você vai fazer no cabelo?"

"Acho que vou deixá-lo assim."

Depois de lavá-lo, deixei meu cabelo secar sozinho assumindo as ondas naturais dos fios. Ela balança a cabeça em negativa e me conduz até a penteadeira, onde eu me sento na cadeira, ficando de frente para o espelho.

"O que você acha de um penteado?" Ela pergunta puxando meus cabelos.

Quero dizer que prefiro deixar como está, mas esse momento que raramente acontece entre nós me faz mudar de ideia.

"Não vai ficar exagerado? Afinal, é apenas um jantar", digo encarando o reflexo dela no espelho.

"Então não vamos exagerar. Vamos apenas deixá-lo de queixo caído", ela diz lançando uma piscadela para mim.

Minha mãe separa meu cabelo em mechas e começa a trançá-lo desde o topo, transformando-o em uma elaborada trança embutida. Ela também se encarrega da maquiagem; seguindo à risca meu pedido para não exagerar e quando termina, sorrio para ela. Meus olhos parecem maiores e mais azuis do realmente são, devido ao efeito do mix de sombras em tons de marrom. Nos meus lábios, apenas um gloss rosa natural.

"Obrigada", sorrio satisfeita para ela.

"Acho que eu nunca te vi assim", ela comenta.

"É porque eu nunca me senti assim."

"Toni é um amor de rapaz."

"Sim, ele é", digo e por um momento, me surpreendo com o que acabei de dizer.

Ao contrário de Ana - que a essa altura estaria me atormentando - minha mãe não diz nada; apenas me deixa sozinha para eu terminar de me arrumar. Coloco o vestido preto e as sandálias pretas de salto plataforma. Meus dedos não alcançam o zíper até o final e preciso de ajuda para terminar de fechá-lo. Saio à procura da minha mãe, que encontro conversando com o meu irmão no quarto dele.

"Pode me ajudar com o zíper?" Pergunto virando-me de costas para ela.

"Claro", ela diz e termina de fechá-lo para mim.

"Vai sair com aquele cara de novo?" Meu irmão pergunta.

"Vou."

"Qual é a dele?"

Um Grito de Liberdade (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora