Publicado em: 24/04/2017
'Cause you give me something
That makes me scared, alright
This could be nothing
But I'm willing to give it a try
Please give me something
'Cause someday I might know my heart
— James Morrison in You Give Me Something
Passaram quatros meses, não tão longos como antes da chegada de Kimberly, e não só para Adam. Lucille conseguiu "salvar" Kimberly de alguns anos na prisão, ficando a cumprir somente dois anos e meio de trabalhos em colaboração com a polícia. Kimberly ficara-lhe eternamente grata, mas tinha a perfeita noção que Adam tinha suplicado mundos e fundos a O'Hara.
Kimberly foi pressionada a telefonar à sua família por Adam. Adam segurava a mão de Kimberly, enquanto o telemóvel chamava, e ela tremia. O seu pai atendeu e a sua voz estava debilitada. Sempre foi assim, Adam não se lembrava de uma única vez em que o pai de Kimberly estivesse saudável a 100%. O pai de Kimberly chorou muito do outro lado, as suas palavras eram indecifráveis, mas a felicidade por saber que Kimberly estava bem era evidente.
Lively não se prenunciou, nunca, sobre onde dormia. Adam ofereceu a sua casa vezes sem conta, mas a cabeça teimosa dela não aceitou. Preocupava-se como sempre fez, da mesma maneira e quantidade.
A presença de Kimberly melhorou tudo, a polícia tinha uma maior e melhor atividade, agora. Apesar de nunca ter estado em campo, ainda, a sua ajuda era autêntica e quase física. Os casos que ela tinha investigado, todos aqueles documentos, fotos e áudios chocantes e carregados de sangue-frio e de vingança no seu estado mais puro. A sua saúde mental não aguentava aquele oito-oitenta.
Adam acalmava-a sempre que Kimberly saía disparada pelos corredores, enojada. Ele corria para ela, abraçava-a contra o seu peito e acariciava-lhe os seus cabelos negros causando-lhe uma sensação de tranquilidade até a sua respiração normalizar. O seu olhar era distante e cambaleava.
***
O clima era de grande festejo, depois de horas e horas de trabalho exaustivo, em campo e fora dele, a operação foi um sucesso. O culpado estava, agora, no lugar certo, embora ninguém da equipa fosse apto para trazer as vítimas à vida.
— Bom trabalho! ¡Buen trabajo! Good job! Bon travail! Buon lavoro! — Kimberly riu-se de felicidade. Era impossível não ver o seu cansaço através de uma simples ligação, as olheiras e o cabelo mal prendido e um pouco desgrenhado.
Lucille juntou-se a Kimberly e felicitaram a equipa que tinha entrado em campo. A equipa triplicou os elogios a Kimberly que negava com a cabeça e as suas maçãs do rosto coravam. Kimberly nunca praticou o bem em troca de alguma coisa, aspeto que chegava a penalizá-la.
A gargalhada mais natural veio de Adam, toda a equipa notou a troca de olhares entre os dois. A maneira como todos desejavam ser olhados, ser olhados com tanto amor, compreensão e admiração que até a sua alma descansaria sempre que estivesse a ser olhada assim.
Lucille e o resto da equipa sentiram-se a famosa "vela". Alguém tossiu, no jato que se aproximava de descolar, lembrando-os que não estavam a sós.
— Vamos comemorar. Certo, pessoas? — Kennedy deu uma cotovelada a Adam fazendo-o acordar do transe provocado por Kimberly — Certo?! — Kennedy fez-se sentir no jato, mais ninguém tinha coragem de despertar Adam dos seus raros transes, raros até que Kimberly apareceu. Já todos tinham notado a melhoria do seu humor.
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A Better Man
RomanceKimberly e Adam são amigos desde a pré-adolescência e contudo ocultavam os sentimentos que nutriam um pelo outro pelo medo de perder a amizade. Foram completamente inseparáveis até as suas ambições e escolhas os levarem a caminhos separados e totalm...