Décimo Primeiro Capítulo - Não Entres!

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Publicado em: 28/01/2018

I never needed you like I do right now

I never needed you like I do right now

I never hated you like I do right now

'Cause all you ever do is make me

— Noah Cyrus ft. Labirinth in Make me (Cry)

Tinham-se passado cerca de dois meses e meio depois daquela noite maravilhosa, da qual ninguém tinha suspeitado. Ninguém tinha suspeitado da maneira como discutiram. Ninguém tinha suspeitado da maneira como fizeram as pazes. O pior de tudo, ninguém nem mesmo eles tinham ideia de como os dias a partir daquele se iriam desenrolar.

Em contrapartida, Lyanne descaiu-se sobre os problemas emocionais do jovem casal numa conversa num almoço de domingo. Bom trabalho! Com todas as certezas e incertezas, a família sabia que, vez ou outra, Kimberly e Adam discutiam até que a casa ameaçasse cair pelo facto de ambos serem intensos e de viverem assim as suas vidas, só não suspeitavam da intensidade das discussões que já envolvia terceiros e de que já vinham do passado.

Depois daquela noite incrível, as coisas tinham ficado de certo modo tensas, estranhas e ridículas, pareciam que tinham agido pelo momento. Pelo lado positivo, tinham melhorado um pouco, um pouco quase invisível, na comunicação entre si. Tinham tempo para perguntar pelo dia um do outro, conversavam sobre temas aleatórios ao jantar (agora também já jantavam juntos e ao mesmo tempo) e quando iam dormir falavam até adormecerem. Mas apesar de tudo, havia um "quê" de tenso.

Kimberly bebericava o seu café enquanto encarava de soslaio o relógio da cozinha. Ah, como ela detestava sentir-se controlada pelo tempo! Uma vez mais, pensava em Adam que já tinha saído para trabalhar, frustrado pelas horas de trabalho que o esperavam pela frente.

Trocou as poucas horas ou alguns minutos de descanso pela opção de acompanhar Adam no seu pequeno-almoço. Nem mesmo ele contava com a sua presença àquela hora, estranhou a sua atitude, mas adorou.

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"— Bom dia. — Kimberly abraçou-o suavemente por trás apreciando o seu calor e energia do qual sentia saudades.

— Já acordada? — Adam não se conteve a sorrir-lhe. Kimberly andava num misto de emoções, se se stressava demais no trabalho, em casa andava carinhosa e melancólica, mas em ambos os ambientes podia ver-lhe a ansiedade e a leve irritação.

Sob o olhar constante e profundo do marido, sentia-se estranha, de novo. Sentia a agonia de ter o seu olhar a percorrer-lhe o corpo à procura de algum sinal para que a pudesse ler sem lhe fazer perguntas."

Encarando, novamente, o relógio subiu para o seu quarto, aproveitaria para arrumar algumas das suas coisas. Há muito tempo que não organizava ou arrumava alguma caixa, mala, gaveta... em estado caótico, porque era difícil encontrar o que quer que fosse em estado caótico convivendo com a sua mania pela limpeza e arrumação.

Há dias quando procurava o encaixe que saltara de um dos seus brincos, deparou-se com uma caixa debaixo da cama, devia ser provavelmente a caixa dos entulhos. Há anos que não lhe tocava, desde que tinha ido viver com Adam, lembrava-se de a guardar lá.

A sua curiosidade estava bastante aguçada e matava-a lentamente por dentro. Notava-se o abandono pelo imenso pó que lhe arrancou um espirro estrondoso. Riu-se daquilo.

Destampou a caixa e tinha memórias, memórias de tudo e não coisas sem categoria ou esquecidas. Num ato involuntário, as suas mãos abrandaram na tentativa de que o seu cérebro se pudesse lembrar dalgumas das memórias que tinha ali guardado e esquecido.

A  Better ManOnde histórias criam vida. Descubra agora