Décimo Capítulo - Ele Ama-me?

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Publicado a: 15/01/2018

I watched you slip, slip away, no explanation

You on your phone, your laptop and your Playstation

I stared at the diamond on my finger and I waited

But the truth never came, but I know her name, so see you later

– Sia in Confetti

Kimberly achava uma loucura o gosto que Adam nutria por se levantar tão cedo, perto das seis da manhã. Se antes era a sua maior dor, agora era um prazer poder levantar-se tão cedo.

Não tinha coragem de acordar a sua esposa, não tinha coragem de a tirar daquela expressão tão delicada e plena, porque sabia que a noite lhe tinha custado. Kimberly tinha chorado, por algum motivo desconhecido, em silêncio, o que lhe tinha conferido tempo a menos do seu precioso descanso.

Adam reconhecia-se como a representação perfeita de um covarde que não conseguia conversar com a sua esposa, mas sabia que tinha de tomar uma decisão naquele momento. Abraçou-a, abraçou-a como já não fazia há um bom tempo. Era uma sensação boa.

O corpo de Kimberly parecia ter sido feito à medida para que se encaixasse nele. Aquela sensação era maravilhosa, porque era espontaneamente pura. Adam pôde sentir o choro de Kimberly parar pouco a pouco e o seu coração aflito abrandar.

Adam colocava o relógio quando Kimberly ainda dormia de costas. Questionava-se o porquê das coisas se estarem a perder duma maneira que os dois não conseguiam controlar. Olhou para o relógio, era muito cedo. Kimberly entrava mais tarde, agora que os estagiários eram muitos mais e conseguiam adiantar e segurar as pontas. Sob a cama, debruçou-se e olhou para a expressão bela e plena da esposa, contornou o seu rosto com o polegar e despertou-a com um beijo suave nos lábios.

– Bom dia... — Adam sorria-lhe contidamente encarando a expressão preocupada de quem procurava o que dizer. Nunca na sua vida se sentiu assim tão tenso, nem mesmo quando em criança partia alguma coisa à mãe.

– Desculpa... — Kimberly ergueu-se num sussurro, Adam entendeu o que se pretendia daquela situação. Sentou-se na cama próximo de Kimberly que o abraçou.

O abraço preocupava-o, era um abraço desesperado por calma, por paixão, por ternura. Restava-lhe seguir o ritmo das coisas que não controlava, passando as mãos pelos cabelos e costas de Kimberly como único consolo.

– Sem problemas. Ainda tenho tempo. — Adam olhou para o relógio, que indicava que faltavam quarenta minutos para se fazer ao caminho para o trabalho.

Ainda com Kimberly entre braços, deitou-se sem a largar. Kimberly passava os dedos pelos botões da sua camisa branca ao som de um último suspiro pesado e preocupado. Com as pontas dos dedos, Adam ergueu-lhe o queixo para que esta o olhasse pela primeira vez naquela manhã. Foi em vão. Kimberly olhou-o por segundo e baixou os olhos, aconchegando-se no seu peito até adormecer.

***

– Não, tu não estás a entender. — Adam tinha o seu café em mãos enquanto chamava a atenção de Kennedy. — Ela nunca agiu assim. Ela estava a chorar de madrugada e de manhã, simplesmente pediu desculpas e abraçou-me.

– Uma conversa fazia-vos um bem terrível. Mas tu és estupido... Mas para quê que eu te continuo a aconselhar? Diz-me! — Kennedy tinha sido o mais sincero possível. Sentia que o seu melhor amigo procurava uma resposta nele. Como podia Kennedy saber, se nem Adam que era o esposo sabia?

A  Better ManOnde histórias criam vida. Descubra agora