Décimo Sétimo Capítulo - Por Favor, Fica Comigo!

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Publicado em: 28/06/2018

Up at night I'm awake cause it haunts me

That I never got to say what I wanted

Oh my God, oh my God

I'm not the same as I was with you

I would jump out my skin just to get you

Oh my God, oh my God

— Frenship & Emily Warren in Capsize

Kimberly deixou escorregar o telemóvel tal como a lágrima solitária. Deparava-se com a pior mistura, doce e azedo, ácido, doloroso.

Que mal teria feito ao ponto de a sua felicidade durar minutos, segundos? Toda a lufada de ar, a renovação de esperanças, que tinha obtido com a carta de Adam, tinham sido arrastadas para longe por uma simples chamada.

O seu marido estava entre a vida e a morte? Como assim?

Um tiro no peito?

Kimberly beliscou-se tão forte ao ponto de deixar uma bela marca que anunciava verter pontinhos de sangue. Doera de uma maneira prazerosa, anunciando-lhe que estava acordada, a punição por sofrer de amores canalizou-se naquele beliscão.

Oh não! Pára!

— Kim? Estás aí? — Kennedy gritava. Kimberly podia imaginar que quem estivesse perto dele o olhasse de maneira esquisita a suplicar por silêncio. — Por favor, não faças nenhuma asneira! — Desligou sabendo que Kimberly não lhe iria conseguir responder.

Assim que teve a perceção de que Kennedy desligara, gritou tanto quanto os seus pulmões permitiram, não sendo o suficiente para colocar toda a sua angústia para fora do peito. Passou as mãos pelo cabelo, o que o fez ficar desgrenhado, anunciando o seu caos interior.

Sem pensar muito, pegou na carteira somente, deixou um bilhete à mãe e saiu de casa.

***

Kimberly devia estar no hospital há cerca de uma hora. Há uma hora mandaram-na esperar friamente, sem informações, nada!

— Desculpe! Sabe-me dizer alguma coisa sobre um paciente, Adam Stalteri? — Kimberly levantou-se tão rapidamente que jurava que viu o médico à sua frente rodopiar.

— Desculpe, mas terá de aguardar pacientemente.

— Desculpe?! Eu estou farta de esperar por merda nenhuma! — Kimberly elevou o tom de voz fazendo com que muitos prestassem atenção às suas palavras.

Pela primeira vez que entrara no hospital viu a atenção do médico dirigir-se inteiramente à sua pessoa. O seu olhar carregava agora medo perante uma mulher magoada e desesperada.

— O seu marido está a ser operado pelos meus colegas, pode demorar horrores dependendo de como tudo correr. São as únicas coisas que lhe posso dizer. — O médico, o qual não teve paciência para ler o crachá, forçou um meio sorriso enternecido.

Kimberly largou a manga da bata do médico e este afastou-se, movido pela preocupação em ouvir outras pessoas desesperadas como ela. É justo. Não podia ser egoísta ao ponto de não entender que havia mais pessoas desesperadas para serem atendidas ou respondidas.

Voltou a sentar-se na cadeira e enterrou-se na sua dor, era possível doer-lhe o rosto de tanto chorar? Encolheu-se e as suas mãos abraçaram os seus braços enquanto as suas unhas se cravavam na pele.

A  Better ManOnde histórias criam vida. Descubra agora