Quinto Capítulo - Posso-me Apaixonar Por Ti?!

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Publicado em: 08/05/2017

I would call you up every saturday night

And we'd both stay out 'til the morning light

And we sang, "here we go again"

And though time goes by

I will always be

In a club with you

In nineteen seventy three

Singing "here we go again"

– James Blunt in 1973

Adam não teve tempo de correr as cortinas cinco dias antes de reencontrar Montreal e as memórias já vagas que rapidamente ficaram claras e frescas na sua mente, não teve tempo para muita coisa, como lavar a loiça que ainda estava na pia e, muito provavelmente, dura.

As cortinas pareciam o menor dos problemas assim que desse conta da quantidade da loiça e da qualidade da sujidade, mas não era. As cortinas seriam a primeira coisa de que daria conta, aqueles raios incomodativos que se faziam pelas seis da manhã.

Adam franziu a testa de olhos fechados devido ao incómodo. Queria dizer um palavrão profundamente feio que seria censurado, mesmo na vida real, e espreguiçar-se enquanto isso. O seu corpo estava quente, um calor humano, que tinha feito com que o seu braço tivesse ficado dormente.

Kimberly, era a sua Kimberly que ali estava. Estavam ambos vestidos, não seria capaz de se perdoar se tivesse havido alguma coisa para além do beijo da noite passada. Não queria ser o desgosto na vida de Kimberly. Previa-se numa memória distante e futura, onde depois daquele desgosto, ela encontraria o amor da sua vida e ele... ele acabaria como alcoólatra sozinho a vaguear por algures distante dela.

Nunca tinha chegado tão perto de Kimberly como no dia anterior e neste mesmo dia. Não queria acordá-la, ela podia ficar assustada e ir-se embora, uma vez mais... Não queria que ela fosse, queria que ela permanecesse futuramente e partilhasse cama com ela.

— Bom dia? — Kimberly falou rouca e de olhos ainda fechados. Adam sentiu o seu coração tão acelerado como se tivesse corrido quarenta quilómetros em duas horas numa maratona. O que lhe diria?

— Bom dia. — Adam sorriu-lhe entre o nervosismo que o fazia suar. A mão esquerda de Kimberly estava sobre o seu peito. Era estranho para ambos. — Como estás?

— Eu? Eu estou bem, já quanto a ti... duvido. — Kimberly encarou-o e riu-se. Em parte, era verdade. A sua cabeça doía tanto como se tivesse batido numa parede de cimento.

— Porque dizes isso? — Adam tentou rir-se, porque sabia que a sua cabeça iria explodir.

— Tive que te carregar, digamos, para casa. Quando chegamos, finalmente, ao teu luxuoso apartamento fiz-te um café e tu, bem... tu passaste um bocado mal. Acabaste por sujar um pouco da camisa branca enquanto vomitavas todo o álcool que tinhas ingerido. — Kimberly queria rir, não o fez. — Tive de te tirar a camisa, pô-la a lavar, vestir-te e guiar-te para a tua própria cama. — Adam coçou os olhos com os dedos em sinal de vergonha. — E quando me ia embora, puxaste-me e disseste alguma coisa — Adam lembrava-se vagamente das palavras — alguma coisa como "Não te vou deixar ir outra vez.".

— Não me lembro de metade das merdas que fiz. Apaguei completamente, ontem. — Adam colocou as costas da mão direita sobre a testa e encarou o teto. O olhar desiludido de Kimberly incendiou-o.

— A sério? Está bem... — Kimberly tinha percebido que certamente seria renegada se lhe falasse do dito beijo.

Queria ir-se embora dali. Já devia saber que não havia amores entre melhores amigos desde sempre. Não aprendia que Adam nunca olharia para ela? Quem olharia? Adam Stalteri? Ele poderia ter a mulher que quisesse ao seu lado, por favor!

A  Better ManOnde histórias criam vida. Descubra agora