Capítulo 23

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          Depois de ler todas as mensagens da minha amiga, mandei uma mensagem me desculpando por não ter retornado antes, e na mesma hora meu telefone tocou

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          Depois de ler todas as mensagens da minha amiga, mandei uma mensagem me desculpando por não ter retornado antes, e na mesma hora meu telefone tocou.
          — Ei! Você sumiu.
          — Eu sei, me desculpa.
          — Eu quase fui até a sua casa, sabia? Mas usei toda a minha confiança em Vincent e acreditei que ele estava te fazendo companhia.
          — Ele estava.
          — É mesmo? — o barulho da água na torneira parou. — E ele ainda está aí, por acaso? — notei a insinuação na sua voz e mordi a parte de dentro da bochecha.
          — Não.
          — Mas você bem que queria! — me acusou, e então a água voltou a cair do outro lado da linha. — Como está o tornozelo?
          — Bem — fitei a faixa imobilizadora. — Um pouco inchado e dolorido, mas não está tão ruim. Como foi com o trabalho?
          — Consegui chegar a tempo, deu tudo certo! Vocês foram ao pronto-socorro?
          — A enfermeira disse que foi só uma luxação. Vincent se ofereceu para me levar ao hospital de novo.
          — Acha que vai precisar de atestado?
          — Ainda não tentei apoiar o pé no chão, mas acho que consigo andar.
          — Eu chego aí em cinco minutos, não force o pé — ela disse e então desligou.
          Ignorando seu pedido, deslizei as pernas pelo colchão e fiquei de pé, tentando não fazer força no tornozelo machucado. Sai me apoiando nos móveis e na parede, dando alguns pulinhos até chegar ao banheiro. Levei um susto quando me olhei no espelho; meu cabelo apontava para todas as direções, cheio de frizz e com o dobro do volume habitual. Tentei domar as mechas da frente, mas acabei prendendo tudo em um coque alto.
          O rímel estava borrado, formando uma bolsa escura embaixo dos olhos, e esfreguei sabonete no rosto para tentar limpar. Depois de me equilibrar em uma perna só enquanto escovava os dentes, senti o tornozelo doer. Eu deveria mantê-lo pra cima se quisesse voltar ao trabalho pela manhã.
          Ouvi Babi bater na porta e fui me equilibrando no caminho até lá, para recebê-la com um saquinho de padaria que exalava um cheiro delicioso e um copo de café fumegante.
          — Parece feio — ela franziu a testa enquanto acomodava meu pé em um banquinho.
          — Melhora se eu coloco ele pra cima.
          — Você pode trabalhar de casa.
          — Tenho um projeto para entregar, Vincent e eu já tínhamos combinado o prazo.
          — Um ou dois dias não vão matar ninguém. Além disso, aposto que ele não vai te cobrar nada.
          Afundei no sofá, me sentindo um pouco culpada.
          — E sobre o que vocês conversaram ontem a noite?
          — Nada em especial. — cutuquei as unhas.
          — Claro que não — ela não parecia convencida, mas resolveu deixar pra lá. — Como a irmã dele está?
          — Na mesma. — soltei o ar com força, lembrando da situação.
          — Você acha que ela vai...
          — Babi!
          — É uma possibilidade, não é?!
          — Acho que sim. — respondi, sem convicção.
          — Ele ficaria arrasado.
          — Eu sei — voltei a ficar triste, olhando para o chão.
          — Eu acho que ele pensou que você sentiria pena dele quando contasse sobre a irmã. Talvez quisesse que vocês passassem um tempo juntos além disso.
          — Eu gosto da companhia dele.
          — Seria maluca se não gostasse, ele é um príncipe! — Babi riu, mas seu sorriso logo se desfez. — Como você se sente em relação a isso?
          — E se ele só quiser uma fuga de tudo o que está acontecendo na família dele?
          — Acha que ele faria algo assim? — ela perguntou, franzindo a testa.
          — Eu não sei. — respondi com sinceridade. — As pessoas lidam de formas diferentes com a dor.
          — Você sabe tudo que implica estar envolvida emocionalmente com alguém que está passando por um momento assim? — Babi parecia preocupada.
          — Eu sei... — murmurei, lembrando dos meus próprios medos.
          — E se ele só não quisesse que você se sentisse na obrigação de estar com ele? — ela sugeriu, olhando nos meus olhos.
          Pensei por um momento, tentando entender o que Babi queria dizer.
          — Talvez ele esteja tentando proteger você tanto quanto a si mesmo.
          — É, pode ser — concordei, balançando a cabeça. — Mas isso só torna tudo mais complicado.
          — Complicado, mas não impossível. — Babi sorriu, tentando me encorajar.
          Tomei café da manhã e Babi me ajudou no banho, tentando manter a faixa de compressão seca, o que foi um trabalho e tanto. Depois de um tempo, ouvimos o barulho da chave na fechadura. Meu coração disparou. Era Vincent. Ele entrou com um sorriso, deixou algumas sacolas sobre o balcão e caminhou até mim, no sofá.
          — Bom dia!
          — Bom dia! — respondi, tentando esconder a animação na minha voz.
          — Como você está se sentindo? — perguntou, com um olhar preocupado enquanto examinava meu pé.
          — Melhor, na verdade. Obrigada por ontem. Você foi incrível.
          — Fiz o que qualquer amigo faria. — Ele deu de ombros, mas eu vi um brilho nos olhos dele que me fez acreditar que ele estava sendo modesto.
          — Eu sei que você fez mais do que isso.
          Vincent se sentou ao meu lado.
          — Você não respondeu a minha mensagem, não sabia se você tinha acordado bem.
          — Ai. Meu. Deus! — exclamei. — Eu esqueci. Me desculpa.
          — Tudo bem, Babi me disse que estava aqui com você.
          — Obrigada por cuidar dela, Vincent — Babi disse assim que saiu do quarto, trazendo um travesseiro para a minha perna.
          — Foi um prazer, ela quase não me deu trabalho.
          Lancei um olhar duro para ele.
          — Eu sei como ela pode ser teimosa!
          — Eu estou bem aqui. — falei, tentando me defender.
         — Ela não queria ir ao hospital, achou que pudesse se curar sozinha — Vincent continuou.
         — Ela tem esse probleminha de não confiar nas pessoas para resolver os seus problemas.
         — Babi! — ralhei.
         — E ela dorme muito bonitinho — sussurrou, como se fosse um segredo.
         — Para com isso. — apertei seu braço de leve, nervosa.
         — Ele dormiu aqui? — Babi mexeu os lábios para mim. — Sua mentirosa.
         — Não! Ele não dormiu aqui.
         — É, eu não dormi. Não recebi o convite.
         Minhas bochechas estavam quentes.
         — Não preciso de duas babás. — eu disse, tentando parecer séria.
         — Eu vim cozinhar pra você.
         — Jura? — fitei Vincent nos olhos, e depois as sacolas que ele trouxe consigo. — O que você vai fazer?
         — Frango ao molho de mostarda.
         — Eu nunca comi isso na vida!
         Vincent soltou uma risada de canto, e então caminhou até suas sacolas.
         — Garanto que é uma delícia e combina muito bem com arroz e salada.
         — Você precisa de ajuda? Lamento dizer que tenho duas mãos esquerdas na cozinha, e agora um pé a menos — bufei, tentando rir da situação.
         — Babi, você pode me ajudar?
         Minha amiga estava quase sumindo dentro do quarto.
         — Quem, eu? — perguntou com metade do tronco para fora. — Ah, eu não quero atrapalhar.
         — Você também tem duas mãos esquerdas? — ele riu de novo.
         — Ela cozinha muito bem! — a encorajei, piscando para Babi.
         — Eu ajudo, claro.
         — Ótimo! Tem mais que o suficiente para nós três. Pode me mostrar onde fica tudo?
         — Como se você já não tivesse revirado todas as minhas gavetas. — provoquei, lembrando de suas visitas anteriores.
         — Não a das calcinhas. — ele provocou de volta, e eu quis morrer.

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