Capítulo 21

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          — Você tá maluco, seu filho da puta?! — Babi xingou, mas já era tarde demais

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          — Você tá maluco, seu filho da puta?! — Babi xingou, mas já era tarde demais. O cara da moto sequer ouviu os protestos da minha amiga, já estava longe o suficiente. — Você está bem? — ela vasculhou meu corpo com os olhos. — Alguma coisa quebrada?
          Apalpei minhas pernas e, exceto o tornozelo, nada mais parecia doer. Nada quebrado, ok.
          — Eu tô bem. — fiz força pra levantar. — Droga! — murmurei. — Acho que torci o pé.
          Uma dor aguda atravessou meu tornozelo, e eu quase caí de novo.
          — Ah, meu Deus! — Babi parecia ainda mais nervosa que eu. — Você consegue andar?
          — Acho que sim. — fiz força sobre o pé e gemi baixinho. — Não dá.
          — E agora, o que eu faço?
          — Calma, a gente dá um jeito. — ofeguei.
          Ouvimos os burburinhos das pessoas que passavam ao redor, mas ninguém se dispôs a ajudar. Com dificuldade, consegui atravessar a faixa e chegamos do outro lado da rua.
          — Vou chamar um Uber, e então a gente vai cuidar desse pé.
          — Você não pode, precisa chegar lá em vinte minutos ou vai perder o trabalho.
          — Não vou deixar você voltar pra casa sozinha!
          Ficamos ali uns dez minutos esperando. As coisas estavam tão ruins que não tinha como piorar.
          Uma BMW diminuiu a velocidade e foi parando bem do nosso lado. Os vidros escuros abaixaram e alguém muito bem-humorado gracejou.
          — Moças! — Vincent disse, apoiando o cotovelo sobre a janela. — Tudo... Lexie, o que houve? — seu tom de voz mudou na hora. Babi me segurava pela cintura enquanto eu levantava o tornozelo.
          — Ela torceu o pé. Um maluco quase jogou a moto em cima da gente.
          Ele xingou alguma coisa e então abriu a porta.
          — Posso levar você para o hospital.
          — Tudo bem, eu só preciso ir para casa.
          — O quê? — ele parecia incrédulo. — Se você torceu ou luxou o pé, precisa ser examinada.
          — Não foi nada!
          — Você pode tentar convencê-la? — Babi pediu, lhe lançando um olhar significativo.
          Fuzilei minha amiga com o olhar.
          — Você vai ficar bem? — ela perguntou, preocupada.
          — Não foi nada demais, você precisa ir. Acha que ainda dá tempo?
          — Eu me viro.
          Babi mordeu os lábios, indecisa.
          — Eu posso cuidar dela, não se preocupe. — Vincent a assegurou.
          — Vou te ligar depois. Se precisar, eu posso dormir com você. — Ela depositou um beijo na minha testa. — Preciso correr! E Vincent, gosto de você, não me decepcione.
          — Eu não seria capaz. — ele riu. — Vamos? — me estendeu a mão quando fiz uma careta.
          — Para a minha casa?
          — Para o pronto-socorro, Lexie — ele disse sério.
          Ele me acomodou no carro com cuidado e, antes de fechar a porta, deu uma boa olhada no meu pé.
          — Isso vai ficar feio. Consegue tirar a sandália?
          É claro que eu conseguia, não era tão difícil desfazer um laço. Mas ele não esperou que eu respondesse, se agachou e segurou meu tornozelo com cuidado, deslizando a sandália para fora.
          — Chegamos em um minuto.
          A pressa de Vincent me deixou um pouco nervosa, mas ao mesmo tempo aliviada. Ele parecia determinado a cuidar de mim. Assim que chegamos ao hospital, ele estacionou e rapidamente saiu do carro, vindo até minha porta.
          — Vamos, eu te ajudo.
          Ele me ofereceu o braço, e eu me apoiei nele, tentando colocar o mínimo de peso possível no pé machucado. Assim que entramos no pronto-socorro, o ambiente estava agitado, mas a equipe parecia eficiente. Uma enfermeira nos viu e se aproximou.
          — O que aconteceu? — ela perguntou, olhando para o meu pé.
          — Ela torceu o tornozelo, talvez tenha luxado — Vincent respondeu, sua voz firme e preocupada.
          — Vamos dar uma olhada. — A enfermeira me guiou até uma maca. — Você pode se deitar aqui.
          Com cuidado, fui me acomodando, enquanto Vincent ficava ao meu lado, segurando minha mão. A enfermeira examinou meu tornozelo, pressionando suavemente.
          — Isso é uma luxação, mas não parece ser nada muito sério. Vamos fazer um raio-X só para ter certeza.
          — Viu? Eu disse que não era nada! — tentei me mostrar confiante, mas a dor ainda estava presente.
          Vincent sorriu, mas seu olhar ainda estava preocupado.
          Assim que o raio-X foi feito, voltamos à sala de espera. A enfermeira retornou com os resultados em mãos.
          — É apenas uma luxação. Você vai precisar de um pouco de repouso e gelo, e eu vou te dar uma faixa para imobilizar o tornozelo.
          — Isso é bom, certo? — perguntei, aliviada.
          — Sim, você vai se recuperar logo. — Ela começou a preparar a faixa. — Mas evite colocar peso no pé por alguns dias.
          Enquanto ela me atendia, Vincent se inclinou mais perto.
          — Você está bem, Lexie?
          — Estou. — tentei sorrir. Ele me lançou um olhar carinhoso que fez meu coração disparar.
Até ali, as coisas estavam boas e eu não sabia. Meu tornozelo agora parecia bem mais inchado e dolorido, e Vincent insistia em me carregar para dentro de casa.
          — Você ficou maluco? Sabe quantas pessoas dessa rua vão falar sobre isso amanhã? Toda essa história de chegar nos braços de um cara rico.
          — Não sou rico.
          — O seu carro parece ser de alguém com grana.
          — Eu trabalho, não sou rico. E só tem uma senhora na porta.
          — Claro, a pior de todas! Só me ajuda a andar até lá. Não é a primeira vez que o seu carro fica parado na minha porta. Você não faz ideia do burburinho que aquela mulher maldita já anda fazendo.
          Vincent fez um esforço para disfarçar o sorriso.
          Com muita dificuldade, consegui chegar à porta com a ajuda dele. Assim que entramos, ele me colocou nos braços e caminhou até o sofá.
          — Você tem gelo? — perguntou, fiz que sim com a cabeça. Era uma das poucas coisas que eu tinha na geladeira.
          — Tenho uma bolsa no congelador.
          — Perfeito.
          Vincent voltou rapidamente, trazendo a bolsa de gelo e uma toalha de rosto.
          — Mexeu nas minhas gavetas? Que feio!
          — Deveria ficar agradecida. Estou cuidando de você. — Ele levantou meus pés para ter espaço no sofá. — Desculpe, — disse ao notar minha expressão de dor. — Preciso sentar aqui.
          — É a segunda vez que faz isso.
          — Isso o quê? — Ele colocou a toalha embaixo do meu pé e pressionou o gelo por cima da faixa. — Sei que dói, mas vai ajudar.
          — Cuidar de mim. — respondi.
          — Ah. — Foi tudo o que ele disse.
          — Obrigada.
          — Saiba que é um prazer.
          Minhas mãos estavam suadas.
          — Eu disse que não era nada demais.
          — Poderia ter sido muito mais sério.
          — Mas não foi.
          Cruzei as mãos no colo, nervosa.
          — Você tinha planos para a noite?
          — Na verdade, não.
          — Um desperdício. — comentei.
          — O plano agora é cuidar de você até sua amiga voltar.
          — Esse não era o plano.
          — Agora é. — Ele disse isso como se fosse a coisa mais natural do mundo.
          — Não quero que passe o resto da noite olhando para o meu pé machucado.
          — Esse foi um convite?
          — Não! — me apressei a dizer, mas ele estava sorrindo.
          — Eu posso ver o que tem no seu quarto.
          — Não se atreva! — alcancei seu braço.
          — Qual é a gaveta das calcinhas?
          Eu ri de novo, dessa vez bem mais alto. Vincent parecia se divertir.
          — Você está com fome? — quis saber.
          Pensei em dizer não, mas meu estômago traiçoeiro roncou.
          — Isso é um sim. Podemos pedir alguma coisa, o que acha? A não ser que você queira comer macarrão de micro-ondas. — estreitei os olhos e ele continuou — Eu dei uma olhada.
          — Eu gosto desse macarrão!
          — Tudo bem, vamos comer então.
          Ele tirou meu pé machucado com cuidado do seu colo e se levantou.
          — Precisa de um travesseiro?
          — Eu tô bem.
          Ele assentiu e foi para a cozinha. Quando voltou, trouxe uma porção de macarrão em uma vasilha.
          — Quando é que eu vou poder cozinhar de verdade pra você?
          — Achei que você não soubesse cozinhar.
          — Eu digo que não acertei um prato, e você deduz isso?
          — Então você só não sabe fazer comidas chiques?
          — Por que você não me diz na próxima vez que jantar comigo?
          — Só uma porção, Vini. Vamos dividir, ou você não vai comer? — respondi, em vez disso.
          Já disse o quanto gostei desse apelido?
          Senti meu coração traidor errar as batidas. Qual era o meu problema?
          Ele voltou para a cozinha e, quando sentou ao meu lado, também tinha uma vasilha cheia de macarrão nas mãos. Eu me endireitei no sofá e usei um banquinho para apoiar o pé. Não achava saudável — para mim — ter o corpo dele tão perto do meu.

BEM ME QUEROnde histórias criam vida. Descubra agora