V

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O chão frio e molhado é o tapete que recebe meu corpo.

A luz ofuscante tem seu fim. O silêncio foi substituído por barulhos ensurdecedores. Pisco os olhos para vê melhor e sou tomada pelo choque.

Não estou em meu quarto ou em nada que se pareça com minha casa.

Levanto-me desorientada,procuro por algo familiar,apoio-me numa parede e observo em volta.

Há pessoas andando apressadamente,ninguém olha para mim ou cumprimenta. Nem procuram saber porque estava no chão a poucos segundos.

Vejo que estão vestidas de maneira ridícula. Alguns homens usam calças curtas e mulheres com as pernas à vista de todos,além dos cabelos soltos ou curtíssimos.

Vejo coisas que possuem rodas e dois círculos luminosos correrem de um lado a outro,a estrada não é de terra ,parece ser dura e é escura.

Mas que loucura é essa?Quem são essas pessoas?Que lugar é esse?

Percebo que estou ao menos vestida,o que é um alívio. Em minhas mãos está o caderno de desenhos. Porque só tenho ele nas mãos? Cadê meu quarto?

Eu não posso ficar parada,tenho que procurar ajuda. Começo a andar.
Porém a cada passo,me vejo mais perdida.

_ Por favor _ eu seguro o braço de uma mulher que vai passando apressada_ Eu preciso...

_ Eu não tenho dinheiro _ ela puxa o braço com força  e continua a andar sem olhar para trás.

Um homem está à minha frente,mas ele não está olhando para mim. Está com pressa. Essas pessoas estão sempre correndo?

Mesmo assim,fico na sua frente e ele tromba comigo.

_ Olha por onde anda _ reclama.

_ Por favor senhor,eu não sei onde estou,tenho que voltar para casa. Ajude-me _ eu estou desesperada.

_ Eu não sou policial_ responde mal humorado e vai embora.

Vejo algumas mulheres agrupadas em uma canto. Vou até elas.

_ Por favor,eu preciso de ajuda _ falo assim que chego perto de uma,cujos trajes são... Não sei nem dizer.

_ Cinquenta reais _ ela fala rudemente.

_ Como?

_ Se quer qualquer coisa da gente,tem que pagar como todo mundo _ fala outra mulher.

_ Eu... não tenho dinheiro... Eu não sei ...

_ Vaza daqui!_ grita uma

_ Sai logo!_ diz outra já me empurrando.

Saio quase correndo. Essas mulheres estão loucas. Aliás,todos estão. Inclusive eu,pois só posso está num pesadelo. Porque estou no mato sem cachorro. Nenhuma alma boa aparece para me salvar.

Não há nada que eu conheça. E nem ninguém.

Encosto-me em uma parede de vidro. Estou cansada de andar sem rumo.Devagar desço e sento no chão. Puxo os joelhos e lentamente baixo a cabeça,não estou chorando,mas não saber o que está acontecendo me deixa apavorada.

Cadê meu quarto? Minha casa? Minha irmã?

Será que é apenas pesadelo?Que é tão real que sinto o desespero?

_ O que você tem moça? _ pergunta alguém que finalmente mostra educação.

_ Estou...perdida _ digo sem erguer a cabeça.

_ Calma _ sinto a pessoa se aproximar e sua respiração próximo ao meu rosto_ Como se chama?

_Aurora _ então resolvo olhar para quem está sendo tão gentil.

Aurora _ A Cada Amanhecer Uma Surpresa Onde histórias criam vida. Descubra agora