XIV

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O desjejum está delicioso. Estou concentrada na comida,prefiro ficar em silêncio e ouvir a conversa das duas matracas,que desde que desceram não param de falar.

Alejandro não está presente. Ele pois a mesa,não olhou um momento sequer nos meus olhos e se retirou para seu aposento. A forma como agiu,se parecia com uma inocente donzela que foi flertada pela primeira vez. Não deixa de ser engraçado.

As duas mulheres tentam me incluir na conversa,mas pouco participo. Nenhuma delas se gabam por terem passado a noite com Alejandro. Depois que terminam,se despedem e vão embora.

Fico sentada sem tocar em nada mais. Penso em como minha situação com Alejandro está parada numa encruzilhada. Tenho que tomar uma direção,mas não posso fazer isso sozinha. Não dessa vez.

No meu tempo,apesar das regras e etiquetas exageradas,sou dona de mim. Não dependo de ninguém,sei onde piso e como piso. Aqui,no século XXI,apesar das mudanças é terreno desconhecido,e,preciso da ajuda dos outros para não cair em areia movediça.

É um reviravolta e tanto.

_ Ainda bem que já saíram.

Escuto alguém falar,volto os olhos para a pessoa. Alejandro vem até a mesa,senta e começa a se servir. Está vestido adequadamente e de banho tomado. Seus cabelos estão molhados e exala um aroma de hortelã.

_ Ainda bem que se comportou _ falo ao encara-lo.

_ Não seria legal apanhar de novo _ ele enfia o garfo na boca e mastiga.

_ Que bom que aprendeu.

Alejandro come silenciosamente ,mas não parece relaxado. Algo o incomoda. E pelo pouco que lhe conheço,não vai demorar a falar.

_ Não faça mais o que fez ontem,Aurora._ dessa vez ele fala brandamente,não com raiva como estava na cozinha _ Não saia sem mim e nunca mais entre numa luta. Você poderia ter se machucado. Eu me sentiria um desgraçado se isso acontecesse.

Ouvindo isso,fiquei ligeiramente feliz com sua revelação. Ele se preocupou comigo. Embora tenha trago duas diversões para casa,mas isso é a última coisa que me interessa.

Na verdade,tem uma questão que quero que seja esclarecida.

_ Alejandro _ O chamo pelo primeiro nome em voz alta. Ele fica surpreso e vejo a insinuação de um sorriso se formar _ Você já tirou a vida de alguém?

Alejandro muda de expressão e baixa o olhar. Então volta a me encarar decidido.

_ Sim _ foi simples e direto.

_ Me permite saber porque?_ ele faz menção de se levantar,mas antes que o faça,seguro sua mão o impedindo _ Não pretendo julgá-lo,só quero entender. Eu disse que estaria pronta para ouvi-lo,e não mudei de opinião.

Alejandro olha para minha mão sobre a sua,começo a puxá-la,mas ele a segura e entrelaça os dedos,os unindo. Pode parecer tolo,mas esse pequeno ato,é importante. Há uma compreensão velada entre nós.

_ Só matei uma única vez,o infeliz merecia. Foi o responsável pela morte do meu pai e os pais de Nick. Não tive pena dele,o desgraçado não se arrependeu e ainda se gabava.

Alejandro olha profundamente em meus olhos,espera condenação ou qualquer julgamento de minha parte. Mas não tenho esse tipo de pensamento. E vejo que Alejandro nota isso,pois suspira aliviado.

_ Quer saber de tudo?_ ele me surpreende com tal pergunta.

_ Claro.

_ Meu pai sempre foi um homem honrado,marido fiel e pai carinhoso. Mas o que ninguém sabia era que Gusttavo fazia parte da máfia. Não só ele,mas meu irmão,Antonio.

Aurora _ A Cada Amanhecer Uma Surpresa Onde histórias criam vida. Descubra agora