Aurora _ A Cada Amanhecer Uma Surpresa

XVII

" A cidade está cheia,os vendedores estão fazendo o melhor possível para atrair compradores.

É justamente o que eu e Ciara estamos fazendo,oferecendo os tecidos que nossa mãe nos ensinou a fazer. Já faz meses que ela morreu,no entanto,está sempre perto. Ciara  conversa com ela às vezes. Seus dons tem se aprimorado,de modo que se transporta para o mundo dos mortos e realiza sua magia.

Ciara está se tornando uma feiticeira admirável,o passar dos anos só a deixou mais bela e mais forte. Mas temos que manter segredo,há pessoas que não entenderiam seus dons e a julgariam erroneamente. São dons que não condeno,mas se usados de forma errada,há consequências imutáveis. Tive muito trabalho para convencer Ciara a não tirar vantagem em demasia,sobre quem tinha dom algum. Que usasse seus conhecimentos somente em extrema importância. Por que mexer com os poderes do submundo,tem seu preço. E não quero que Ciara passe por problemas desse caráter.

_ Eu detesto os romanos!_ escuto minha irmã sibilar _ E odeio os publicanos!

Ela  está olhando para o outro lado e volto minha atenção para lá. Há alguns soldados romanos,acompanhando um publicano. Estão cobrando os impostos dos judeus,que alimenta os cofres de Roma. Não importa como,mas os tributos têm que serem pagos. Há muito,Jerusalém e as demais cidades da Judéia,estão sob o julgo de César. O atual governador,Poncio Pilatos,é o representante do imperador.

_ Deixa isso quieto Ciara! _ falo a puxando para o outro lado _ Não podemos fazer nada,ir de encontro a eles,só vai nos causar problemas.

_ Eu sei,mas é que é difícil vê essa injustiça e não poder fazer algo. _ Ela está inconformada.

_ Temos muito que vender. _ ajeito os tecidos na cesta _ Vá por esse lado. _ aponto a rua contrária. _ Vê se não implica com algum soldado.

_ Não me incomodando,tudo bem. Do contrário,ficará sem andar por dezenas de luas. _ olho para ela inquisitva _ Tome cuidado,Idris. _ Ela me olha com carinho e preocupação _ Eu tenho meus poderes,você não. Vê se não some.

Com um sorriso,Ciara se afasta. Eu sigo meu rumo,oferecendo os tecidos. Consigo vender boa parte,o que é gratificante. Pois há dias que não consigo uma dracma sequer. Resolvo voltar para o centro,a hora já está adiantada e Ciara já deve está à minha procura. Dou meia volta e por infelicidade esbarro em uma pessoa.

_ Perdão! _ falo ao arrumar as coisas que caíram no chão  _ Não foi por querer.

_ Uma beleza tão rara não precisa se desculpar. _ diz a pessoa,que se abaixa e me ajuda a recolher os  tecidos.