XXXVI

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A casa à minha frente carrega muitas histórias e passou por várias gerações. Olho em volta e posso ver o quanto é próspera,só está mal cuidada. Nada que em meses não se recupere com uma boa administração.

_ Senhorita?_ uma voz categórica me chama atenção. _ Podemos entrar?

Encaro o homem ao meu lado,é um oficial de justiça e adjunto dele,uma escolta militar. Para o caso de haver resistência por parte das pessoas que habitam na residência.

_ Claro,só estou apreciando a vista. _ rumo para os poucos degraus que levam até a porta principal.

Não faz muitas horas que o dia raiou e vim reclamar o que é meu por direito. Fiz tudo conforme as leis e nada me impedirá de expulsar Abraão daqui. A porta é aberta e somos recebidos por um lacaio,que logo trata de chamar algum dos patrões. Fico a observar o cômodo e noto a decadência da família,alguns meses atrás havia mais mobília e objetos valiosos,agora está surrupiado.

_ Srta. Aurora. _ é Gioconda que se aproxima com uma expressão satisfeita. _ A que devo a honra de sua visita?_ seu olhar vagueia entre os homens ali presente e fica preocupada. _ E quem são os senhores?

Os homens se apresentam e a mulher fica pálida,sentando pesadamente em uma poltrona. Se está assim com a presença deles,imagine quando souber o que haverá.

_ Sra. Abraão estamos aqui para tratar de uma assunto extremamente sério. Seria melhor se seu filho estivesse presente,pois ele é a quem procuramos.

_ Vou mandar chamá-lo imediatamente. _ a mulher solicita um lacaio e o mesmo vai executar a ordem. Ela me olha tentando ignorar o que possivelmente já sabe. _ Por favor, sentem-se. _ gesticula para os assentos. _ Como tem passado senhorita? Soube que seu noivo levou um tiro.

_ Então deve imaginar como tenho estado esses dias. _ respondo friamente e nem um pouco delicada.

_ Seu primo Felipe viajou hoje cedo para a província. Não acho certo que tenha deixado Diana e...

_ Senhora,não me interessa o que se passa entre Diana e Felipe. _ a interrompo sem cerimônia.

A mulher se cala,e mesmo que quisesse dizer algo,não poderia,pois seu filho aporta na sala. Quando o vejo,sinto o mais puro asco e tenho ânsia de vômito. Enquanto se aproxima,lembro do que Claudete falou mais cedo. A necromante nunca se levantava antes do meio dia,costume europeu,e especialmente hoje ela me encontrou já saindo e me fez uma revelação.

"_ O que faz acordada?_ questiono sem parar de andar. _ Sendo que nem meu tio despertou. _ pois ainda não eram seis horas da manhã.

_ Está próxima a hora da pessoa que partirá em breve. _ revela enquanto me acompanha.

Estanco imediatamente,a notícia me abala e faz com que uma leve culpa me atormente. Saber quem é pode aumentar esse peso na consciência e não saber piora ainda mais.

_ Quem será?_ pergunto apressadamente ao me virar de frente para ela.

_ Justamente quem quis a morte de Alejandro. _ revela calmamente e um rebuliço se forma dentro de mim.

_ Está falando de quem atirou nele?_ é minha ansiedade perguntado.

_ De quem mandou matá-lo. _ ela fala categoricamente,se achega e posso ver seus olhos castanhos confirmando o que desconfio. _ E você está indo até essa pessoa.

Aurora _ A Cada Amanhecer Uma Surpresa Onde histórias criam vida. Descubra agora