XXXVII

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_ Alejandro,fale alguma coisa!_ digo quase impaciente.

Desde que falei que estou prenhe _ não faz muitos minutos _ ele está mudo. Seus olhos estão fixos em minha barriga como se estivesse enorme e já fosse parir. Abre a boca diversas vezes e nada sai.

_ Não me venha perguntar como isso aconteceu,porque você sabe muito bem como é que se faz bebês. _ de repente estou livre do torpor que me encontrava.

Inesperadamente,se ajoelha e fica com a face frente ao ventre. Um sorriso genuíno diz que está feliz com a notícia. Ergue a mão e toca-me delicadamente,um quê de admiração está estampado em seu rosto. Ainda sem palavras puxa-me para si e encosta o a lateral do rosto.

_ Oi bebê. _ sua voz emocionada se perde entre as camadas de tecido. _ É o papai que fala com você.

_ Acha mesmo que está ouvindo você?_ rio um pouco da situação.

_ Claro que está. _ ergue a vista somente para que veja seu olhar convencido. _ Ainda mais que eu sou o pai. _ então volta a falar com o bebê que ainda nem está formado. _ Eu não sei se você é ela ou ele,mas saiba que já estou  amando e espero sua vinda ansioso. _ então me olha maravilhado.  _ Um pedaço meu e seu,um milagre que tem um coração forte que bate mais rápido que  as asas de um beija-flor.

Meus olhos se enchem de lágrimas,emocionada com o que diz. Alejandro cada vez me surpreende e é sempre maravilhoso. Estava abobalhada a pouco com a notícia,mas vendo sua reação já nem lembro o porquê exatamente. Ele se levanta e posso ver uma miríade de emoções em suas negras íris,que são as mesmas que consequentemente ver em mim.

Então se aproxima e une nossos lábios num beijo arrebatador,nem parece que estava acamado há dias. A intensidade com que me prende me deixa sem ar a ponto de me afastar,buscando por fôlego e enterrando o rosto em seu peito. Escuto seu coração bater no ritmo que o meu acompanha,a comunicação  usada entre eles afirma o quão felizes estamos. A criança que em breve verá a luz do sol,é o ápice de nossa trajetória nesse mundo. A prova de que amar vale a pena,apesar dos pesares. E nós já tivemos nossos pesares.

_ Ainda bem que vamos casar. _ comenta Alejandro enquanto afaga meus cabelos. _ Senão o povo daqui teria muito que falar. Acho que isso é só inveja da vida alheia,ainda mais quando há felicidade.

Rio de seu comentário e me afasto o suficiente para mirar seu semblante.

_ Não discordo,por isso vamos ter que educar nossa criança de forma a a não se deixar moldar pelos preconceitos que persistem.

_ Aliás,como sabe que  está grávida? Você não apresentou nenhum sintoma característico...

_ Claudete me disse. Ainda vou entrar na fase de enjoos e desejos absurdos.

Ele considera o que falo,e,aceita o fato da necromante saber das coisas mais rápido que outras pessoas.

_ Onde esteve?_ muda de assunto rapidamente. _ Acordei e não vi minha noiva ao meu lado.

_ Fui até fazenda que era do Abraão. _ despejo sem reticências.

_ Que diabos foi fazer na casa daquele desgraçado?_ seu tom endurece à menção do nome do pulha.

_ Você não ouviu direito?_ não estou preocupada com sua mudança de  humor. _ A propriedade era do Abraão.

Alejandro finalmente entende,e arqueia uma das sobrancelhas,como quem pergunta o que está acontecendo.

_ Aurora,o que você fez?_ pergunta levemente circunspecto.

_ Contarei tudo o que houve,mas vamos para outro lugar. _ puxo-lhe pela mão e saímos do recinto. _ Como não vou conseguir convencer-lhe a voltar para o leito,um passeio pelo jardim será ótimo.

Aurora _ A Cada Amanhecer Uma Surpresa Onde histórias criam vida. Descubra agora