XV

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_ Que diabos é isso?

É o que digo quando meus olhos vagueiam por mulheres quase despidas. O que usam não cobre muito,não faz sentido usar esses trajes.

E os homens?

Não sei nem como explicar o que vejo. Só sei que são verdadeiras tentações. Esse trajes deviam ser proibidos,não por causa de atentado ao pudor,mas por serem perigosos para a sanidade de alguém.

Inicialmente fiquei sem palavras,pois nunca em toda minha vida,pensei que  algo assim seria comum.

_ Isso é o Brasil!_ diz Alejandro sorrindo. _ Imagine se estivesse numa praia de nudismo.

_ Nudismo? Sem roupas?_ pergunto abismada.

_ Do jeito que nascemos!

_ Oh,Meu Deus! Fico a imaginar que cena mais escandalosa!

Ele ri e me guia até uma pequena habitação,tem mesas com cadeiras em volta. Algumas pessoas bebem e conversam.

O mar continua azul,pelo menos isso não mudou.

Uma moça passa por nós exibindo o corpo mal coberto. E Alejandro olha como se nunca tivesse visto tal coisa.

Eu o belisco.

_ Ai!_ ele reclama e passa a mão no braço _ O que foi?

_ Você estava olhando demais para a moça que acabou sair._ falo mansamente,mas não estou tão calma.

Alejandro puxa uma cadeira e espera que eu sente. Ele faz o mesmo e fica frente a frente comigo.

_ O que posso fazer se era uma bela visão?_ ele ainda sorri descarado.

Nesse momento passa um homem com esse traje que deixa pouco espaço para imaginação. Não escapa um detalhe dos meus olhos.

_ Você está certo,é uma bela visão!_ falo levemente embevecida por tal espetáculo. _ Pelo visto os espartanos deixaram descendentes. Eles cuidavam bem do corpo,tinha que ser fisicamente perfeitos desde que nasciam. E percebo que até hoje esse tipo de aperfeiçoamento é cultuado. _ olho mais uma vez para o homem que saiu.

_ Não sei do que está falando,mas você está muito assanhada. _ ele fala com certa contrariedade.

Não consigo evitar rir da situação.

_ Do jeito que as pessoas andam vestidas na praia,não poderei culpar sua falha de cavalheirismo e nem meu pequeno deslize. De onde venho,um homem nunca vê a mulher banhar no mar.

_ Como isso funciona?_ ele está surpreso.

_ Tem uma carruagem própria para o mar. O cocheiro a deixa dentro da água,mas sem atolar é claro. Tem uma porta atrás e não do lado. É por onde a dama sai, trajando apenas uma saia,uma blusa de baixo e um vestido. Tudo isso para garantir a privacidade da mulher.

_ Muito interessante. _ fala impressionado _ Mas muito trabalhoso.

_ Para mim que vivo no passado,não.

Alejandro me olha pensativo. Com o cenho franzido,está analisando alguma questão.

_ Se tivesse a chance de ficar aqui,século XXI,você ficaria?

Sou tomada pela surpresa.Não pensei em nenhum momento sobre isso. Claudete afirmou que vou voltar para casa,então não pensei na possibilidade de ficar. Mas independente disso,certamente que não ficaria.

_ Acredito que não. _ minha voz sai num sussurro,mas ele ouve. E parece não gostar. _ Não que eu não fosse me adaptar. Em questão de tempo já teria aprendido tudo que não sei. Mas eu tenho obrigações. E minha irmã é a maior delas. Bianca não é como a srta. Dominique,que é dona de si. Tanto faz você está presente ou não. Eu tenho raízes que me seguram e não poderia abandonar tudo.

Aurora _ A Cada Amanhecer Uma Surpresa Onde histórias criam vida. Descubra agora