_ Aurora. _ escuto Dominique ao passar pela porta.
Estou no sofá,avaliando minha conduta dos últimos minutos.
_ O que foi aquilo? _ ela se aproxima e senta ao meu lado.
_ Perdão senhorita,mas não me contive.
_ Eu sei,Alej fez por merecer. Só que eu não teria defendido aquelas cadelas. Sabem que ele não liga pra ninguém e insistem em ficarem com ele. Antes fossem prostitutas,pelo menos se davam respeito e ganhavam seu dinheiro. A propósito,você é fogo. Nunca vi Alej ser pego desprevenido,ainda bem que você é mulher,caso contrário,haveria porrada pra tudo quanto é lado.
Eu já disse que ela fala demais? Pois é.
Não tenho chance de falar,um som estridente se faz ouvir. Dominique se levanta,pega sua bolsa e tira um objeto retangular barulhento. Ela o põe na orelha._ Alô?_ ela fala _ Não,ainda não tô sabendo. Sério. Brincadeira,viu. Tanto trabalho pra ir pro beleleu por causa de gente irresponsável. Tá,tá bom. Eu vou vê o que faço _ ela tira o objeto da orelha e o guarda na bolsa.
Ela está visivelmente irritada.
_ Aurora,não dá pra sair agora. Tenho um abacaxi pra descascar na empresa. Vou tentar sair cedo pra resolver seu problema,até lá fique aqui. Se der fome,peça pra Antonieta fazer algo. Ataque o armário ou a geladeira,o que quiser.
_ Tudo bem,não pretendo ir a lugar algum sozinha.
Dominique sobe as escadas e não demora,logo desce. Está vestida com uma calça escura,blusa branca,casaco cinza e botinas cujos saltos são desafiadores.
_ Quando eu chegar,vamos também comprar roupas pra você. Não sei quanto tempo vai ficar,mas é melhor se prevenir _ diz ela ao pegar sua bolsa e outros pertences _ Até mais tarde.
_ Até a volta _ digo e a jovem sai.
Fico sentada repassando o que aconteceu. Não sei como explicar o fato de perder a razão com Alejandro. Mas também não estou arrependida.
Escuto um barulho na cozinha,deve ser Antonieta.Sem ter o que fazer,passeio pela sala,admiro objetos que ignoro sua função. Vejo uma coleção de livros e puxo um volume. Orgulho e Preconceito,de Jane Austen.
Uma mulher escritora? É surpreendente.
Nem todas as mulheres eram educadas para ler e escrever. Nem todos os livros eram permitidos sua leitura,não fossem as damas terem ideias próprias ou fazerem o que os livros descreviam. Não fossem suas mãos escreverem cartas de amor endereçadas a um homem que não era seu cônjugue.
Subo até o quarto,sento na cama para ler. Fico encantada com a personalidade de Elizabeth Bennet e indignada com a arrogância do Sr. Darcy. Surpreendo-me quando Lizzy recusa o pedido do Sr. Darcy.
Estou perdida no livro quando ouço a porta abrir com um impulso tempestuoso.É o bendito do Alejandro.
Extremamente furioso.
Seus olhos estão a ponto de saltarem das órbitas.
_ O que significa isto?_ ele joga algo sobre a cama.
É o caderno de desenhos.
Ele viu o conteúdo. Por isso está a ponto de matar alguém.
No caso,eu.
_ Como tem espionado minha vida? Quem mandou você aqui?_ ele entra e fecha a porta força,se aproxima e posso vê o quanto sua raiva é grande.
Alejandro não esbraveja,entretanto,sua calma forçada é pior que gritos e blasfêmias. Digo isso porque sou perita nesse tipo de comportamento. Exceto hoje pela manhã.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aurora _ A Cada Amanhecer Uma Surpresa
RomanceAurora é uma jovem do século XVIII que cuida da fortuna da família e de sua irmã mais nova. É independente e dona de si,não deixa as pessoas ditarem sua vida. Sabe que terá casar,mas não tem pressa. Além de uma promessa feita à sua mãe no leito de...