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| CAPÍTULO TRÊS |
Escuto batidas na porta mas continuo onde estou, ainda sem acreditar no que acabou de acontecer.
Eu o encontrei outra vez, meu salvador.
Coloco minha cabeça entre as pernas e choro. Choro por tudo que vem acontecendo comigo, por tudo que ainda vai acontecer.
Ontem pensei bastante sobre a possibilidade em realmente dormir com homens que pagam por mim, assim teria dinheiro o suficiente para fugir desse inferno. Mas só de pensar em tal coisa eu tenho nojo até de mim mesma.
— Abre essa merda de porta Wendy — escuto sua voz nojenta.
Me levanto e limpo meu rosto. Respirando fundo eu abro a porta que a pouco fechei.
—Estou aqui tia — disse apenas.
— Já disse para não me chamar assim no trabalho —resmungou — Outra vez não abriu as pernas para um cliente, então mais uma vez não irá comer nada. Não irá receber enquanto um homem não entrar sobre suas pernas — suas palavras me davam nojo — Se arrume para dançar, pelo menos isso sabe fazer ganhar um bom dinheiro para mim.
Ela não espera respostas e manda um dos seguranças me arrastar para o camarim, o qual eu sou produzida por uma das mulheres que também trabalha aqui.
— Você precisa me ajudar a sair daqui — peço para Kelly, uma das dançarinas, a qual eu tenho uma amizade até que sincera.
— Eu tenho um bebê para cuidar e alimentar, não consigo nenhum serviço por conta do meu ex, e você ainda quer que eu te ajude a ponto de me fazer perder o serviço, que pelo menos me dá um bom dinheiro? Sem chances Wen — diz — Me dói negar isso para você, mas só você sabe o quão difícil está sendo para mim também.
Concordo com a cabeça, sabendo a mais pura verdade. Sei que se pudesse Kelly me ajudaria. Já me ajudou bastante aqui na boate, dormiu com um homem em meu lugar, mesmo que no final de tudo levasse alguns tapas de Maribel, cujo, minha tia. A mesma que me mantem presa e trabalhando na boate de seu namorado.
Minha história não é nada digna de um conto e fadas, mas quem a final tem uma história boa como de quando seus pais lhe contavam quando ainda eram criança, antes mesmo de dormir!?
Ainda com oito anos de idade perdi meus pais em um acidente. Estava na casa de uma amiguinha da escola quando fiquei sabendo que eles tinham falecido. Foi o pior dia da minha vida, fui levada até Maribel, minha única parente que morava por perto.
Minha guarda foi dada para ela, assim como a casa, os dois carros e um dinheiro que meus pais tinham guardado. Bom, na verdade isso era tudo meu, entretanto, eu não podia colocar a mão em nada, até por que, eu era uma criança. Nunca fui tratada bem, sempre fui sua empregada, sempre tive que aguentar suas surras, e muitas vezes ficava sem comer. Tentei por muitas vezes fugir, mas ela sempre me achava com a ajuda de seu namorado, o qual abusou de mim quando ainda nem tinha completado meus dezoito anos.
Sem mais saídas tentei o suicidio, e outra vez sem sucesso. Maribel sempre chegou a tempo, me salvou e começou a me dar remédios para eu dormir ou não ter forças para mais nada.
Eu tentei muitas coisas, juro que tentei. Mas nunca consegui. A partir dos meus dezoito anos, ela parou de me topar de remédios, nunca mais deixou seu namorado se aproximar de mim, disse que me queria bem para o futuro que me aguardava.
Por alguns anos trabalhei na boate de garçonete, tive que aguentar muitos homens nojentos. Sempre fugia de tudo que me levaria a me deitar com eles. Cheguei ao ponto de agredir muitos.
Maribel não me batia mais, mas me deixava sem comer quando não obedecia seus pedidos.
Depois de um tempo tive que substituir uma de suas bailarinas, não soube o que aconteceu com a mulher que tive que substituir, não procurei saber para não irritar Maribel. Só que as coisas saíram do controle quando muitos homens pediam para transarem comigo, fiquei sabendo por outras mulheres que trabalham aqui. Maribel ainda não tinha me contado nada, e tinha medo do que ela estava planejando.
Então em um dia comum para mim aqui na boate, ela me chamou. Disse que um empresário tinha oferecido cinco mil para me ter em sua cama. Uma única noite. Eu neguei, mas Maribel não.
O tal empresário foi o primeiro homem que bati, que não deixei encostar a boca e as mãos nojentas em mim. Maribel ficou irritada e me deixou por uma semana sem comida, quando estava no ponto de desmaiar e se Deus quisesse não voltar mais, ela resolveu me alimentar. Logo em seguida veio outra, e a mesma coisa aconteceu.
Depois disso apenas dancei, Maribel não me deixou ficar com dinheiro nenhum, disse que o dinheiro que eu receber será por abrir as pernas para um cliente da boate.
Quando fui sequestrada e no mesmo dia salva quando sai para comprar um almoço para Maribel, tive a grande chance em fugir, mas não o fiz. Sabia que no mesmo dia seria encontrada, até por que, logo quando cheguei encontrei ela conversando com três seguranças da boate. Contei o que aconteceu, ela não se importou, só queria saber do seu almoço. Eu acabei rindo da sua reação, e levei um tapa na cara da mesma.
Eu era um lixo ambulante.
Deixei meus pensamentos de lado e fui até o palco fazer então minha apresentação.
[.....]
— O que aconteceu com você? Você arrasou hoje —Kelly diz sorrindo, me ajudando a tirar a maquiagem pesada do rosto.
— Esse é o único momento em que eu deixo os pensamentos de lado e me deixo ser levada pela música — suspiro — Acho que vou começar a dormir com os clientes.
Kelly me olha completamente assustada.
— Wen, por que está pensando nisso? Sua tia te ameaçou outra vez? — perguntou preocupada.
— Não, só assim conseguirei pegar uma certa quantia em dinheiro e assim fugir daqui, desaparecer do mapa — disse.
— E como irá fazer isso sem que sua tia descubra? — perguntou confusa.
— Vou precisar da sua ajuda — disse e antes dela me interromper eu continuo — Só precisa me arranjar um cliente que daria muito para ser o primeiro a se deitar comigo. Isso tudo sem que Maribel saiba.
— Isso vai dar errado Wen, nada do que acontece aqui passa despercebido por Maribel — diz preocupada.
— Eu me responsabilizo por tudo que irá acontecer, isso eu te prometo. Vou conseguir o dinheiro mas Maribel não irá saber, vou continuar aqui por mais um tempo e só depois dar início ao meu plano —conto.
— Vou ver o que posso fazer, mas isso não será fácil Wen, terá que ter paciência — diz.
— Tive muita paciência Kelly, e não será agora que terei pressa — disse suspirando.
Ela sorri segurando minha mão.
— Agora preciso ir, tenho um cliente.
Ela me deixa ali no camarim sozinha. Ainda sentada na cadeira em frente ao espelho vejo meu reflexo.
Não me reconheço mais. Mas isso irá mudar.
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Conhecemos a história da Wendy, estou com pena dela.
Mas ela é guerreira e vai dar a volta por cima.
Até o próximo manas ;)
Kiss, Carol ;*;*
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ADÔNIS » Livro II
RomanceComo você lidaria com o seu passado no qual tenta a todo o custo esquecer ? Bom, Adônis luta com a sua dor, literalmente. Lutas clandestinas, todas as noites, sem receber nada em troca. Entretanto, em uma dessas noites ele conhece alguém que irá e...