INTENSO ( Será Revisado)

Capítulo 4

Miles...

Dez anos atrás.....

Malcon, ainda estava surtando, parecia que ele, era a garota na relação, ele decidiu fazer o pedido, logo depois que nosso pai, o Capitão Blake dono da razão, ligou para informar sobre o Jantar, isso mesmo, quando meu pai me ligou hoje a tarde, já fez um ultimato a Malcon, meu irmão não sabe entrar em conflito, nosso pai, então decidiu fugi e fazer do seu próprio jeito.

— Tem certeza, Malcon?

— Você ainda pergunta, um jantar convocado pelo pai, isso é muito longe de ser romântico.

Meu irmão decidiu fazer o pedido, durante a festa de formatura, dez minutos com o microfone na mão e a música certa e tudo, correria perfeitamente, pensando por esse lado eu também concordo com ele.

— Quer saber, também acho muito melhor, agora, que tal treinar seu discurso romântico, para ver se eu aprovo.

Pisco os olhos, para enfatizar meu sarcasmo.

— Nem fodendo, não vou falar palavras românticas com você.

— Qual é???...sou seu padrinho, mereço uma pequena amostra.

Meu irmão ergue o dedo do meio.

— Tá! Bom, não reclame se a Meg, sair correndo.

— Vai se foder.

Levanto-me do sofá e pisco em resposta para ele.

— Na verdade, eu vou mesmo, Jenny esta me esperando.

Meu irmão torce o nariz.

— Me poupe cara, não preciso dessa imagem na minha cabeça.

Deixo uma risada escapar, enquanto pego, a chave do carro, vou ao encontro de emoções fortes, antes de amanhã.
Sabe, fico admirado pela capacidade do meu irmão, conhecer apenas uma única mulher na vida e ser tão apaixonado assim, olha eu, um exemplo de babaca, enquanto eu conseguir pegar todas que quero, vou estar na pista, eu respeito a relação do meu irmão e Meg, só não consigo entender, como é possível, não me vejo um, cara romântico, namorando uma garota e pedindo ela em casamento, nem alguns anos depois, tudo que consigo pensar, é em montar a firma de advocacia e aproveitar muito meu charme nos tribunais e em algumas camas.
Estou saindo do elevador, quando encontro Meg.

— Oi! Nojento.

Ela me ama, acredito que esqueci de mencionar, o quanto, Meg me adora, para ela eu sou a personificação do mau, mesmo tendo a cara de seu namorado.

— Fala, peste.

Ela mostra o dedo do meio, enquanto entra no elevador.
Saio sorrindo da baixinha invocada.

******************

Esse, sim, era o momento mais esperado de todos os tempos, saber que dentro de algumas horas, eu estaria finalmente com meu diploma na mão, puta merda, eu estava mais nervoso, que meu irmão, olho para ele, que se não parar de andar de um lado para o outro, vai furar o piso.
Percebo que hoje é impossível, alguém está mais ansioso do que ele, só um, pode surtar hoje e ele esta em vantagem.

— Malcon, acalme-se ou você vai gastar o sapato, antes de sair do apartamento.

— É muito importante, que tudo dê certo hoje, Meg é a mulher da minha vida, mano.

— Eu sei, não entendo, mas sei ser verdade.

Meu irmão, solta um sorriso nervoso.

— Eu quero muito, Miles, que um dia você encontre uma garota tão esperta e carismática, quero que você sinta de verdade, cara, quando tocar nela mesmo que por uma fração de segundo, aquela eletricidade percorrendo seu corpo, vou desejar que você se apaixone de verdade.

Sério, meu irmão consegue transformar, até eu, numa mulherzinha chorona, meus olhos estão embaçados e meu peito apertado, o puxo para um abraço apertado.

— Vai dar tudo certo cara, vocês irão ser. Muito felizes juntos.
Após um, acalmar o outro, saímos os dois em um belo traje de alta costura, vou ser um advogado gostosão, me olho uma última vez no espelho, e saio lado a lado com meu irmão.

— É hora do "show".

O salão da, K.W.M, estava todo decorado num estilo moderno, com algumas lâmpadas ou lanternas orientais, Jenny, me vê assim que entro no salão e Malcon, localiza Meg bem ao lado da sua amiga Samy, é eu peguei a Samy e deve ser por isso, que minha futura cunhada, me odeia um pouco, Samy é aquele tipo de garota, que recebe atenção uma vez e já se apaixona, eu falando assim, parece horrível, mas isso, é o que acontece com a maioria das garotas atualmente, você sai com elas uma noite e elas já estão planejando seu casamento e quantos filhos vão ter, me processem se eu estiver errado.

— Oi! Meg.

Outra saudação calorosa, com um dedo do meio, já Samy, esta batendo os cílios e me comendo com os olhos.

— Oi! Miles.

— Oi! Samy...

— Nós podíamos.

—Tchau! Samy.

Toda vez é isso, ela insiste em chamar minha atenção e como já cometi o erro uma vez, não vou repeti-lo.

*****************

O baile segue, os diplomas são finalmente entregues e a música rola solta, meu irmão me olha ansioso e faz sinal, hora de distrair minha cunhada, com meu charme irritante.

— Meg?

— Já cansou de comer todas as vacas, da noite?

— Não sou, assim.

Ela revira os olhos.

— Tá! Talvez eu seja, mas você falando assim, não é legal.

— Me desculpe, mas essa é a única verdade.

Nossa conversa é interrompida pela música de Celine Dion, é muito a cara do meu irmão, os olhos de Meg, focam em direção ao palco, onde Malcon esta com o microfone na mão.
Ele olha na direção dela, e o salão todo fica em silêncio.

"Meg Cooper, minha amiga, namorada e amor da minha vida, eu pensei em várias formas de fazer isso, mas daí me ocorreu que estamos fechando um ciclo importante em nossas vidas, e estou pronto para iniciar outro...com você Meg, é por isso que estou aqui, parado de diante de todos, para te pedir que siga comigo nesse novo ciclo....

Malcon, fica de joelhos em frente a Meg, claro que ele ficaria, esse é o Malcon.

"Quer casar comigo?..."

Milhares de assobios e gritos ecoam pelo salão, quando Meg, diz sim e pula nos braços do meu irmão.
Ele conseguiu o seu momento perfeito finalmente, eu estava feliz por ele.
O baile seguiu durante a noite e nós comemoramos com bebidas, durante toda noite, quando saímos eu fiquei responsável por dirigir, eu já bebi um pouco, mas meu nível de álcool, estava menor, e pelo que vi, logo que saímos do salão Meg e Malcon, ainda queriam comemorar muito.

— Ei vocês, nada de transar no meu carro.

— Para de ser bobo.

Nunca vi meu irmão bêbado, mas hoje era uma ocasião especial, afinal, acabara de dar o passo mais importante de sua vida, segundo ele e pelo que vejo de Meg, que esta super altinha e feliz.
A vida é engraçada, bom, pelo menos deveria ser, era tudo perfeito o dia, o momento, estava indo tudo perfeitamente, até aquele maldito estouro e o controle do carro, fugir das minhas mãos, tudo que vi foi o carro voar por cima do outro, tudo que senti foi o gosto de sangue em minha boca, e minha vista perdendo completamente o foco.

****************
Eu me lembro do barulho das sirenes, me lembro dos gritos e me lembro...." Eles não resistiram, eu sinto muito".
Espera, se eu estava aqui, tentando abrir os olhos, quem não resistiu, será que foi o outro carro, cadê meu irmão..
Abro os olhos, com dificuldade até conseguir identificar o quarto branco e barulho de máquinas, ergo a mão e vejo vários fios ligados em mim, minha cabeça dói...
Uma enfermeira entra e avisa que vai chamar o doutor, alguns minutos se passam e finalmente o médico entra.

— Vamos ver, como você esta rapaz..

— Meu...meu..irmão?

Os médicos, sempre tem o mesmo olhar, quando estão prestes a te dar uma péssima notícia.

— Eu sinto muito Miles, mas seu irmão e a garota não resistiram.

Aquilo era um pesadelo, eu tinha certeza que iria acordar a qualquer hora e ver Malcon, me dando uma bronca e Meg me xingando de idiota.

— Não....isso tá errado..

— Precisa se acalmar, já avisamos aos seus pais.

A porra do médico, continuou falando como se aquilo fosse normal para mim, e eu não sei se o soco ou se volto a dormir, para o pesadelo finalmente acabar, não é preciso reagir muito, porque a dose cavalar de remédios, me dopa completamente me levando para a escuridão.

Foram horas, indo e vindo até ouvir a voz trêmula da minha mãe, seu rosto esta, apagado e havia olheiras, marcando seus olhos, olho em volta, mas meu pai não esta por perto.

— Eu sinto...muito mãe..

Minha mãe ergue o olhar e segura minha mão apertada.

— Shhh, não fale assim filho...seu irmão não ia gostar.

Ver minha mãe naquele estado, só crescia um sentimento de culpa dentro de mim, eu estava no volante e não consegui controlar.

— Cadê o pai??

—  Resolvendo, tudo filho.

Meu pai não me perdoaria nunca, eu conhecia o Capitão, sabia como ele era.
As horas se vão e o silêncio torturante caiu sobre o mundo, o dia não estava mais bonito, estava cinza e chuvoso, nunca vi o clima de Oklahoma, mudar assim, mas naquele dia, tudo estava feio e pesado.
Estava ao lado do caixão do meu melhor amigo, meu único irmão, estava perdido entre o vazio e a realidade, estávamos planejando o seu casamento, acabara de ficar noivo da garota, que amava e agora estão separados, enquanto me despeço do meu irmão aqui, a família de Meg se despede dela, do outro lado do cemitério.
As horas passam o peito se aperta e quando a última pessoa se vai do cemitério, eu fico ali olhando a cova recém-fechada, ainda não acreditando ser meu irmão, que esta ali.
Um grito grotesco escapa da minha garganta, deixando a dor invadir tudo por dentro e as lágrimas me afogarem gradualmente.

Eu merecia cada fisgada em meu peito, ao tentar respirar, merecia meu próprio inferno, por tirar do mundo, a única pessoa, que me fazia crer na vida. Malcon, não era apenas meu irmão, ele foi meu melhor amigo, um exemplo de tudo aquilo que eu jamais conseguirei ser.