Capítulo 23

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Mia....

Dor, magoa, decepção, eu consegui sentir tudo ontem a noite, nunca imaginei que fosse encontrar Miles, naquela situação, eu queria odiá-lo com todas as forças do meu corpo, queria pegar meu coração e joga-lo para longe de mim, mas quando vi, o que havia por trás de tudo aquilo, quando olhei nos olhos de Miles, eu vi uma dor devastadora, por um momento consegui sentir tudo, enquanto observava o homem que eu amava, sendo tocado por várias mulheres, ele estava perdido na culpa novamente, mas eu não ficarei, ali assistindo ele se punir, enquanto eu estava esperando de braços abertos para abraça-lo e confortá-lo, aquele não era o meu Miles, o mesmo que fez todas aquelas coisas românticas num fim de semana, o mesmo que fez promessas, não aquele, não era o homem que eu amava, era a sombra de algo do passado. Antes que eu pudesse me cegar e entregar a dor e mágoa, eu corri dali, mas ainda vi, quando Paul acertou sua cara o fazendo cair apagado no chão, tudo que aconteceu depois foi um pesadelo.

Sai da "boate" com a intenção de voltar a respirar, a me acalmar, mas tudo que senti foi dor, mas a dor não era só interna a dor era real, eu me contorcia de dor e quando percebi estava banhada em sangue, mas não, era qualquer sangue, era o meu...comecei a gritar por ajuda, desesperada quando um cara para na minha frente e chama uma ambulância, olho em volta enquanto estou me desfazendo, mas só agora noto o quanto estou longe da "boate", no meu ataque de pânico, andei o mais rápido possível e só parei porque a dor me pegou.

Meus olhos estão nublados, sei que estou perdendo a consciência, ouço o som da sirene se aproximando e apago.

Meus olhos estão pesados e meu corpo dolorido, minhas pálpebras não querem me obedecer, estão pesadas, mas quando finalmente consigo abrir, olho em volta e vejo um quarto branco, minhas mãos estão com fios ligados a algo que pinga, só então me lembro e um tremor passa por todo meu corpo, meus bebês, o que aconteceu, havia tanto sangue ontem, minha garganta me sufoca e o choro de medo me pega, uma enfermeira entra no quarto e me olha.

— Meus... Bebês....por favor...eu preciso saber..

— Fica calma querida, o doutor já vem falar com você.

Isso nunca era bom, eu sabia disso, tudo que eu conseguia sentir era pânico, desespero e dor. A porta do meu quarto se abre e escuto as vozes alteradas lá fora, mas só consigo ouvir minha dor, meu medo.
Miles, entra apavorado no quarto e tudo que consigo sentir é dor, medo e desespero, ele me olha e vejo arrependimento e dor, seus olhos estão cheios de pavor, eu vejo o meu medo nos olhos dele.

— Mia. Amor, me perdoa, tudo ficará bem..

Falo com muita dificuldade.

— Os bebês...nossos filhos...por favor Miles, eu preciso saber.

O pânico que toma conta do rosto dele, é como um choque, medo era pouco para tudo que vi e senti em seus olhos, que estão cheios de lágrimas.

— Nossos filhos...eu ...

Ele sai desesperado e ouço vozes alteradas, ouço uma fúria na voz de Miles, que nunca havia visto, é quando o médico entra correndo na sala com ele atrás.

— Me diz doutor, os nossos bebês, eles estão bem...me diga PORRA!!!

— É melhor o senhor se acalmar ou terei que, tira-lo do quarto.

— Tente me tirar de perto dela e dos meus filhos para ver.

— Eu entendo o desespero, senhor Cohen, mas o senhor precisa se acalmar por sua noiva e seus filhos...

De repente tudo fica em Silêncio, só escuto a palavra filhos, então os meus bebês, escuto Miles falar.

— Espera, meus filhos estão bem?

— Estão, senhor Cohen, eu estava esperando a senhorita, Archie acordar para fazermos um ultrassom...

Ouço o choro de alívio de Miles, que corre em minha direção e me abraça.
— Vocês estão bem, graças a Deus, eu morreria se acontecesse algo com vocês...

Ergo a mão e acaricio sua cabeça, eu poderia odiá-lo pelas últimas horas, mas eu o amava mais-que-tudo e depois desse susto, tudo que eu queria era seus braços em volta de mim, esse era o verdadeiro Miles, o que me amava.

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Na sala de ultrassonografia, Miles não piscava, parecia que ele estava vendo algo mágico, ele passava a mão na tela, como se conseguisse sentir os bebês, foi ali que vi o Miles pai apaixonado, dar as caras de verdade, era um misto de amor e magia que brilhava em seu rosto.

— Viu, seus filhos estão aí, são fortes, em quinze dias conseguiremos saber o sexo deles.

— Olha eles são lindos, branquinha.

— São só borrões, amor.

— Mas são os mais bonitos, concorda doutor?

— Vão ser lindos, senhor Cohen.

Miles ainda esta sorrindo, quando o doutor imprime a foto dos gêmeos, parece esta segurando um tesouro em suas mãos.

No quarto recebo a visita de Paul.

— Vocês dois, ainda irão me matar, eu juro.

Dou uma risada porque Paul era o melhor amigo que alguém podia ter, ele me abraça enquanto Miles ainda esta olhando a foto da ultrassonografia.

— O que houve com ele, algum tranquilizante.

— Não, ele está vendo e tendo a sensação de ser pai pela primeira vez.

— Olha Paul, meus filhos são lindos, cara.

Paul olha para a foto e franze a testa, quando me olha pedindo ajuda.

— Mas é só dois borrões.

Dou risada, porque ainda é exatamente isso, mas Miles insiste.

— Qual é, vocês não conseguem ver o que eu vejo.

Paul agora esta sorrindo e sei o que esta pensando, ele esta vendo um Miles, completamente maduro e apaixonado pela ideia de ser pai, pela primeira vez desde que descobriu, parece que esse foi o primeiro momento que ele percebeu isso.

Depois daquele dia, ainda fiquei mais um dia no hospital, e Miles para variar havia se tornado super protetor, as enfermeiras o queriam expulsar do quarto, mas ele batia o pé e ficava ao meu lado, até hoje cedo quando finalmente recebi alta, um alivio saber que estaria de volta ao meu trabalho.

O alivio durou pouco, porque Miles me proibiu de ir trabalhar, isso mesmo, meu lindo agora era tão protetor, que ligava umas vinte vezes no dia e se eu não atendesse, ele aparecia de repente no apartamento, eu não tinha escapatória.

Ainda tinha um jantar para organizar e como eu não podia sair, fiz tudo com a ajuda da Karen, a responsável pelo apartamento de Miles.

— Ele ligou de novo querida.

Reviro os olhos.

— Ele tá me deixando louca.

Karen abre um sorriso afetuoso.

— Ele está, ansioso, querida, nunca vi aquele garoto feliz como agora.

— Nem eu acredito que vivemos tudo isso, um namoro, um noivado, a gravidez.

Karen abre outro sorriso.

— Quando a vi aqui, naquela primeira vez, eu já sabia que o garoto estava completamente apaixonado por você.

— Como?

— Ele nunca trouxe ninguém nesse apartamento, e os olhos dele tinha vida pela primeira vez em anos.

— Ele me trouxe vida, nunca achei que pudesse amar tanto alguém como ele, e agora tudo em que penso é no dia de nosso casamento.

— Já marcaram?

— Sim, será no fim do mês como Miles disse, ele consegue negociar tudo.

— Já achou o vestido?

— Ainda verei essa semana, minha irmã esta gravida e a barriga dela já esta volumosa, comparada a minha que tem apenas uma curva.

Eu ficava por horas na frente do espelho, olhando para minha barriga, eu queria ver o quanto ela crescia de um dia para o outro, eu sei que era loucura, mas eu não via a hora de ver ela realmente grande e redonda.

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INTENSO ( Será Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora