Miles....
Dez anos atrás...
Fazia um mês, que eu havia perdido meu irmão e meu melhor amigo, fazia um mês que eu não respondia ninguém, ficava em meu apartamento, com a garrafa de Vodca até seca-la e atira-la no canto, com as outras, meu apartamento havia transformado num depósito de garrafas, não fazia a barba e nem me lembro, se cheguei a tomar um banho, meu rosto estava cheio de olheiras, e eu parecia ter envelhecido mais trinta anos, não conseguia dormir, toda vez escutava o som de um estouro, toda vez eu via meu irmão num caixão, meu pai me evitou todo o tempo, estava escrito na testa dele, que me achava culpado, bom pelo menos os pais de Meg, tiveram coragem em gritar isso na minha cara.
Desde daquele dia, apenas minha mãe me ligava e insistia em vim me ver, na maioria do tempo, eu a evitava, mas hoje, ela está lá fora, batendo na porta sem parar.
— Miles, eu não vou embora, tá me ouvindo?
Tentei ficar em silêncio, o máximo possível, mas minha mãe insistia.
— Miles eu posso sentir o cheiro de álcool daqui, se você não abrir, vou ficar a noite toda no corredor.
Minha mãe, era daquelas mulheres determinadas, não era atoa que meu pai, não conseguia negar nada a ela, nem controla-la.
Forço-me a ficar de pé e saio tropeçando, entre as garrafas vazias pelo apartamento, chego a porta e respiro fundo, antes de destrancar e girar a maçaneta.
Minha mãe, arregala os olhos e põe a mão na boca, pela expressão dela, devo estar pior que descrevi antes.
— Meu Deus! Miles, esse apartamento esta fedendo e olha você meu garoto.
Jogo-me no sofá novamente, mas minha mãe coloca a bolsa de lado e põe a mão na cintura, batendo o pé, esse era um sinal de alerta, que vinha bronca e não era pouca.
— O que é tudo isso, Miles, me diz, o que você quer fazer com sua vida?
Ela ergue as mãos, gesticulando, enquanto caminha de um lado a outro.
— Eu não mereço isso, eu preciso do meu filho de volta, eu não vou aguentar perder você também, filho.
Minha mãe começa a chorar e aquilo foi o suficiente, para me ferir mais.
— Foi minha culpa, mãe.
— Não, não foi filho, você sabe disso, foi um acidente, você viu o policial dizendo.
— Os pais de Meg, não pensam assim.
— Eles estavam cegos, pela dor filho.
— E o pai, mãe, porque ele nem consegue olhar na minha cara?
Minha mãe baixa a cabeça.
— Seu pai, esta sofrendo filho, assim como você, ele não consegue encarar o mundo, só precisa de tempo.
— Eu sinto falta dele, é como perder uma parte importante do meu corpo.
— Ele não esta feliz com isso.
Minha mãe aponta, para a bagunça em meu apartamento.
— Era para você esta atrás de seus objetivos, e fazer o que seu irmão com certeza deseja ver, de onde ele estiver.
— Me desculpe, mãe, eu devia ser forte por você e dar apoio.
Minha mãe me abraça e agora eu sei que é hora de ser forte, por ela e por meu irmão, sei que é isso que ele queria para mim, segui e lutar por meus sonhos.
****************
Depois da visita da minha mãe, decido mudar para San Francisco e começar a usar o meu diploma finalmente, San Francisco era o lugar perfeito para recomeçar e assim que comecei meu primeiro trabalho, surgiu e investi em estudar nos processos pequenos, era como uma porta para a primeira oportunidade grande, num tribunal.
Comecei na firma de advocacia do Forbes, um cara importante na cidade, quando consegui o primeiro caso importante, que envolvia um político considerável, ele resolveu brincar com uma estagiária na época, mas a garota estava atrás de algo mais que sexo, num escritório, queria dinheiro e fama, foi meu primeiro desafio, eu finalmente consegui um acordo e livrei a pele do figurão, me dando assim minha primeira vitória num tribunal.
No ano seguinte, eu já estava na classificação dos mais procurados, para defesa.
Dois anos e eu estava montando, minha própria firma, onde me dedicava e alguns relacionamentos de uma noite, um final de semana. O mais duradouro, foi de dois meses, depois disso, decidi viver do meu jeito, esse negócio de amor e relacionamento, não era para mim, descobri com o tempo que o grande amor da minha vida, era minha firma, meu trabalho.
Hoje olhei para foto do meu irmão, pela primeira vez depois de cinco anos, o tempo não cura a dor, mas ajuda a suportar, o pai de Meg teve um infarto, fiquei sabendo por minha mãe, paguei o hospital e todos os exames, que foram necessários, tudo em segredo, minha mãe dizia que eu não precisava fazer aquilo, mas eu podia e queria.
Estava na minha sala, analisando um processo importante, quando meu pai apareceu, eu ainda podia sentir em seus olhos, o quanto era difícil me encarar e ver o rosto de Malcon também, acredite eu passei a entende-lo, depois que me olhei no espelho, era difícil até fazer minha própria barba, mas eu me forçava até finalmente superar essa fase tempestuosa.
Meu pai, esta, parado a minha frente, com as mãos nos bolsos, olhando para baixo.
— Oi! Pai.
Ele solta um suspiro, pesado e me olha.
— Oi! Filho. Isso aqui ficou ótimo.
Sorrio.
— Estou fazendo o possível, para expandir mais.
Ele parece distante e pensativo, sabe, eu nunca pensei que veria meu pai assim, sem aquele controle da situação, era difícil ver o Capitão tão triste e perdido em seus pensamentos.
— Pai, não precisa se sentir assim, quando vim me ver.
— Desculpe filho, mas você entende, né?
— Entendo pai, mas já faz cinco anos, eu sei que a dor nunca vai passar, mas o senhor precisa tentar me olhar nos olhos, eu sou o Miles.
— Eu sei, mas é mais forte que eu, só não consigo, eu estou tentando ser o velho Capitão, mas parece que ele simplesmente se foi.
— Eu também pensava assim, pai, a mãe viu como eu estava, eu não conseguia olhar no espelho, olhar para mim, mas o Malcon devia esta, puto comigo, porque a gente tinha um plano e eu sempre prometi que seguiria isso, custe o que custar, é isso pai que estou tentando fazer aqui.
— Eu sei, só quero que você saiba que nunca o culpei por nada filho, eu só estava fugindo de mim mesmo.
— Eu sei pai, mas não vejo a hora do velho Capitão esta de volta.
Meu pai abri seu primeiro sorriso.
— Preciso ir filho, sua mãe esta esperando.
— Tá bom, me liga se precisar conversar.
Outro sorriso, mas sem o mínimo contato então se vai.
Ele aparecer na minha sala, já era um progresso.
Depois que meu pai se vai, Paul entra na minha sala, todo, eufórico, conheci ele na firma Forbes, onde eu trabalhava sempre achei o cara com um, puta potencial, e só precisava de uma oportunidade, eu estava certo, porque ele é o segundo melhor, claro o primeiro sou eu.
— Cara, olha o processo que peguei.
Ele joga os papéis em minha mesa e se joga na poltrona.
— Sério, Henry Meyes.
— O garotão das telonas, resolveu exibir demais por aí.
— Fácil demais.
— Pode ser, mas isso vai me garantir uma volta, no meio daquelas loiras maravilhosas.
— Pervertido.
Paul ergue os braços, em sinal de defesa e ri.
— Vi seu pai saindo, tá tudo bem?
— Eu acredito, que agora vai ficar, meu pai esta num processo lento de recuperação, mas eu não o culpo.
— Deve ser difícil pra caramba!
Me lembrar daquele dia, sempre fazia minha voz vacilar, mas eu prometi a mim mesmo, que sentiria saudades do meu irmão, mas não me deixaria cair novamente na dor, hoje eu tinha uma firma séria, e um nome conhecido e tudo que eu faria daqui para frente, era crescer cada vez mais, por mim e por meu irmão, que também sonhava muito com isso tudo.
— Conheci, a estagiária.
Isso me prende a atenção.
— Ela é muito, atraente, me parece muito esforçada.
Reviro meus olhos, ele já estava secando, a nervosinha.
— Ela é irritante.
Ele curva seu lábio num meio sorriso.
— Eu, a achei muito simpática.
— Qualquer um, que use calcinha, é "sexy", para você.
Ele solta uma risada.
— Falou o grande mestre.
— Ela é encrenca.
— E você, adora uma encrenca, estou errado, Miles.
Respiro fundo. Eu não podia negar, que a irritante, era "sexy", aquela boca nervosa, faria milagres, se soubesse usá-la.
— Fique longe, Paul.
Ele se levanta, ajeita seu terno.
— Estou falando a verdade, ela é legal, pegue leve com a garota.
Esse, definitivamente, não era o meu plano. Conheço aquele olhar arrogante, o modo como se enfurece, era o mesmo que eu via ao me olhar diante do espelho. Se aquela garota tivesse tanta ambição pela carreira, ela encararia tudo, somente para não colocar o orgulho de parte.
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INTENSO ( Será Revisado)
RomanceMiles Cohen é um advogado de 34 anos, nasceu no Texas/Oklahoma, veio para San Francisco estudar e estabeleceu seu escritório, rico, sedutor e arrogante e exibe sua lista de vitórias em tribunais, seu hobby é nada mais que sexo quente e intenso. Mia...