Capítulo 11

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Mia...

Eu quero poder dizer, que entendo os homens e essa necessidade contínua de esta sempre pegando todas as mulheres que passam por seu caminho, mas eu não entendo e nunca vou aceitar essa atitude ridícula, eu não deveria está tão irritada com Miles, nos últimos dias ele se tornou um amigo, foi uma evolução épica eu diria, e agora estaria até morando com ele por um tempo, minha irmã irá surtar, quando descobrir tudo isso, mas sério, mau começou o dia e já tinha uma isca na vara, comentário infeliz, mas é o único que consigo pensar.
Jogo-me na cadeira frustrada, mais comigo do que com qualquer pessoa, eu deveria esta sofrendo e irritada por pegar meu namorado, fazendo uma orgia em minha cama, não por Miles, esta sendo Miles.
Ele mesmo disse, que se envolve sempre com suas clientes, é o único relacionamento que se dá bem.
Eu não me imagino assim, apesar de Luke ter bancado o filho da puta egoísta, ainda tenho esperança em ter alguém que me ame de verdade, e que a gente possa ter algo mais, tipo uma casinha com cerca branca, um cachorro chamado Max, ou melhor, Luke, rio comigo mesmo, não, com certeza eu não faria isso com um animal de estimação, que eu amaria muito.
Estou no meio dos meus delírios, quando Paul surge na porta.

— Bom dia. Oh! Não, essa sua cara aí, parece esta assassinando alguém com a força do pensamento.

— Ah! Como eu queria ter realmente esse poder.

Paul solta uma risada e só agora percebo, que esta segurando dois copos de café.

— Para você, já que não vi você buscando sua dose diária, resolvi trazer.

— Ah! Eu poderia amar você Paul.

Ergo o corpo para um brinde, quem brinda com café, bom agora eu brindo é meu novo vício no trabalho.

—Vou cobrar isso um dia.

Ergo minha sobrancelha.

— O quê?

— Aquilo sobre me amar, ainda vou cobrar.

Caio na risada com Paul, mas somos interrompidos, pela voz ridiculamente grossa de Miles.

— Ocupados?!

— Pensei que você estivesse ocupado, com sua cliente Cohen, foi tão rápido assim.

Sei que estou sendo intrometida e um pouco megera, mas estou um pouco irritada e não consigo me controlar.

— Acredite Archie, meu serviço quando é feito, é completo minhas clientes sempre ficam satisfeitas. se quiser posso te passar a lista de algumas, já que está tão interessada.

Eu sei, o sarcasmo é um ponto forte de Miles, eu deveria ficar quieta na minha antes que ele resolva me atropelar.

— Mulheres são boas em mentir também, então como posso levar isso a sério Cohen?

Ele abre um sorriso maligno e as covinhas surgem em seu lindo rosto diabólico. Paul assiste tudo de olhos arregalados.

— Nesse caso, senhorita Archie, é melhor você tirar a prova.

Ponto para ele, estou com o rosto queimando, a boca aberta e os olhos o fulminando, enquanto o pobre Paul encara de um pro outro, sem entender nada, de repente a sala está abafada e um calor enorme surge.

— Eu posso saber, do que vocês estão falando?

— É melhor você perguntar, ao seu amigo, já que é ele o bom aqui.

Miles, começa a sair, mas para na porta.

— Ei, Archie, agora vou ter a oportunidade de te mostrar, já que é minha hospede por um tempo.

Então pisca, sorrindo e fecha a porta assim que arremesso, um bloco de notas nele.

— Filho da puta!

Estou tentando me recompor, enfim, Paul fala.

— Aquilo é verdade?

— O quê?!

— Você esta, mesmo, hospedada no apartamento dele?

— Não tenho escolha, já que meu namorado cretino resolveu fazer uma festinha na minha cama.

— Você pegou seu namorado com outra?

— Duas, Paul, uma loira e uma morena.

— Caraca! Isso é loucura.

Paul passa as mãos em seus cabelos perfeitos. Ele não fazia ideia, de como tudo estava uma grande loucura. Eu estava hospedada, no apartamento do babaca do meu chefe, o mesmo que infernizou minha vida aqui.

— E agora, preciso procurar outro apartamento, queimar minha cama antiga e ficar no apartamento de Miles por um tempo.

— Isso sim, é loucura, eu nunca vi Miles Cohen, sendo amigo de uma mulher, isso é novo para mim.

Aquilo deveria me animar, mas por alguma razão me chateou ainda mais, Luke havia me traído, não sentia nada por mim nem dormindo ao meu lado, e Miles é cheio de jogos sedutores, mas nunca tentou nada comigo, eu era mesmo uma baixinha, magra e branquela, claro que ele estava acostumada com mulheres como aquela, que vi hoje ao seu lado, saída direto de uma capa de revistas.

— Acredito que não faço o tipo dele, então tô salva.

Forço um sorriso para confirmar e Paul parece convencido, o que me irrita mais.


***************

Minhas horas estavam, passando, porém, meu mau-humor só aumentava.
Estou distraída mais em minha raiva do que no processo, a minha mesa quando alguém bate a minha porta, ergo o olhar e vejo Paul parado.

— Almoço, vamos?

— Nossa, nem vi as horas.

Levanto-me e sigo Paul, ele continua falando e sendo todo gentil, contudo minha mente é traiçoeira, esta simplesmente ignorando tudo que ele fala, isso é péssimo, eu deveria me esbofetear por ser tão cretina assim.

— Você esta distraída.

— É muita coisa acontecendo Paul, imagina sua vida perfeita, toda planejada se desfazer assim em horas.

Ok, eu estava exagerando, ao dizer que minha vida, era perfeita.

— A vida não deve ser planejada, Mia, esse é o primeiro dos erros que cometemos, a vida é feita para ser vivida dia após dia.

— Esta me dizendo, que não planeja nada?

— Não é isso, mas a maioria das coisas na vida, não temos controle, eu já vi gente planejando várias coisas e no fim ou se separaram ou a vida se acabou, planos são falho, porque pessoas são falhas.

— Você é algum filósofo, disfarçado de advogado?

Paul solta uma risada.

— Não, mas aprendo muito no dia a dia, isso pode ser uma maldição ou uma bênção.

— O que você vê, quando olha para Miles?

A pergunta o surpreende, mas ele parece pensar antes de falar.

— Medo.

— O quê?!...como assim?

— Existem medos piores do que estamos acostumados a lidar, Mia, o de Miles esta, ligado ao passado, o que torna pior, quando alguém sente culpa, tudo a sua volta se torna arriscado, então precisamos criar um tipo de defesa para não se entregar a isso.

— A dele é sair com várias mulheres.

— Não.

— Poxa! E eu pensei que soubesse tudo, o que, então?

— Evitar relacionamentos, o maior medo de Miles é acontecer com ele o mesmo que.

— Seu irmão.

— Então, você sabe.

— Mas, ele não sabe que eu sei.

— Mas o que isso tudo, tem a ver com seu irmão?

— Miles viu o amor de perto, ele conviveu com o amor de seu irmão Malcon e Meg, ele ia ser padrinho, agora ele supõe que não merece e nem quer um amor, por se sentir culpado em tirar o amor dos dois.

— Mas isso é ridículo, como alguém pode se culpar por uma fatalidade do destino, e o amor dos dois não foi tirado, tudo bem, aqui nessa vida, mas eu acredito que eles seguiram de onde estiverem.

— Miles teve muita gente para alimentar essa culpa, os pais de Meg, seu pai fugiu dele por um tempo, isso foi o suficiente para ele saber, que o pai também o culpava.

— Meu Deus! Isso é horrível.

— Por isso que digo, a gente não controla os planos, a vida que nos controla, quando ela resolve mudar o curso, não temos como impedi-lá.

A conversa com Paul, me mostrou muita coisa, as vezes não enxergamos quando as coisas já estão ruins, evitamos tudo, e quando elas resolvem se confrontar com você é tudo de uma vez, mas me sinto péssima, por Miles se sentir assim.

******************

Eu até estava começando a sentir pena de Miles, mas quando entrei no restaurante com Paul, a primeira visão que tive foi dele com a cara enfiada no pescoço de uma ruiva e as mãos massageando a sua perna.
Olho para Paul, que deve esta pensando o mesmo que eu.

— Sabe, fica difícil ter pena de um cara como ele, principalmente quando se vê uma cena dessas.

Paul, baixa a cabeça e balança também em desaprovação.

— Eu sei, julgo que ele exagera, mas tentar falar com ele é como falar com...

— Um poste!

— Bom, essa com certeza é uma discrição bem melhor que a minha.

Meu mau-humor, estava de volta, conseguia ouvir os sons da risada esganiçada da garota.

— Isso, deveria ser proibido.

Paul, ergue uma sobrancelha esta me analisando.

— O quê?!

— Eu já disse que sou ótimo em analisar as pessoas.

— E o que, você esta pensando nessa cabecinha linda.

Ele cruza os braços e me olha, sou péssima em esconder as coisas, provavelmente tem algo bem grande estampado em minha testa.

— Não quero que você se machuque novamente, Mia.

— Por que esta dizendo isso?

Ele olha em direção a mesa, onde o cretino esta, sentado com a ruiva.

— NÃO!!!...

Acabo falando um pouco alto, demais porque as atenções vieram todas em minha direção, e pior a minha reação exagerada, acaba me entregando para Paul.

— Não Paul, você esta, enganado.

— Tudo bem, não vou insistir, mas vou alerta-la, você é alguém doce e mesmo tendo passado por um relacionamento complicado, ainda acredita no amor e deseja isso para você, então não se iluda com ele, Miles é legal, mas não leva relacionamentos a sério, daqui algumas horas vai ser outra no lugar daquela ruiva, é sempre assim.

— Eu não faço o tipo dele Paul, nunca tentou nada comigo.

— Isso pode ser grosseiro, mas não existe um tipo para Miles, basta ter uma vagina.

Faço uma careta.

—Tá, chega de Miles, ou vou perder a fome.

Na verdade, eu já perdi a fome, assim que entrei, agora depois dessa conversa, vai ser difícil de descer algo.

A volta para o escritório, me entreguei ao processo que estava trabalhando com Paul, minha cabeça ficava melhor, quando estava ocupada com o que realmente amava fazer, meu trabalho, amanhã era fim de semana e eu tinha mais uma batalha para encarar, um final de semana com minha família, isso ia ser a prova de fogo com certeza.
Estou na minha sala me alongando na cadeira, Miles surge na minha porta.

— Uau, toda 'sexy' se alongando.

Tento ignorar seu tom charmoso, meu coração estava com o sinal de alerta ligado contra Miles Cohen.

— Só estou me preparando, para o fim de semana.

Ele ergue a sobrancelha parece surpreso.

— Alguma maratona, no fim de semana, Mia.

— Com certeza, se você conhecesse minha família, saberia ser mais fácil encarar uma maratona, do que dez minutos de perguntas deles.

— Eu topo.

Demorei um pouco a entender sua resposta nada inusitada. Eu nem havia feito um convite.

— O quê?!...

— Eu topo ir com você se não tiver problema.

Meu coração começa a bater, porra de sinal de alerta, cadê você quando preciso.

— Sério, não tem nada para fazer, tipo uma morena para comer.

— Estou bem satisfeito por hora, Mia.

Aí, merda, penso em jogar o peso de papel em sua cabeça, mas me controlo abrindo um sorriso falso.

— Fico feliz, por você.

— Então, pronta para ir embora para casa.

Levanto-me e começo a sair, antes paro de frente para ele e reviro os olhos.

— Não é casa, é seu apartamento.

Continuo o caminho, Miles acerta um, tapa na minha bunda, filho da puta.

— Aí, merda.

— Você mereceu, anda muito estressadinha, e respondona.

— Ha, ha...talvez eu deva começar a achar alguém para transar também e aliviar minha tensão sexual.

Miles fecha a cara.

— Isso não tem graça, Mia.

— Não é para ter graça, Miles, é para ser prático como você.

Pisco e continuo andando, acredito que até rebolo.

— A gente precisa conversar muito Mia.

Saio dando risada, com Miles ao meu lado.
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**************

Chegamos no apartamento, ele entra e continua mudo, parece que seu bom humor se foi, ou a sessão de sexo não foi suficiente para seu bom humor.

— Então, que horas nos vamos para sua família?

Olho para ele, preciso ver se vai realmente levar essa história até o fim.

— Miles, o final de semana inclui em dormir lá.

Ele abre aquele sorriso atrevido.

— Eu não me importo em dividir a cama com você.

Deus, ele tinha que parar com esse charme pervertido.

— Miles, só para você saber, meu pai tem uma arma.

— Vale a pena, branquinha.

Aí, quando ele fala essas coisas, me deixa completamente perdida.

— Tá, Miles, apenas se comporte como cara sério e arrogante que conheci, e nada de comer ninguém na minha casa.

— Eu não faria isso, branquinha.

— Veremos, agora preciso de um banho.

— Quer ajuda?

— Eu sei tomar banho, Miles.

— Não estava falando de banho.

Subo para o quarto, onde passarei alguns dias aguentando Miles, como colega de quarto e vou pro banho, sempre é a melhor sensação e bem-vinda, quando a água morna bate no corpo levando a exaustão do dia.

INTENSO ( Será Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora