A Filha de Nyx

Mensagem de Íris

Fiquei meio em choque com a aparição da deusa da sabedoria ben alí, naquele posto de gasolina sem movimento nenhum. Também não sabia se era realmente Atena, mas de fosse um monstro, provavelmente já teria me atacado. 

- A sra. é Atena? A mãe da Annabeth? O que quer comigo? - perguntei.

Ela sorriu.

- Mãe de Annabeth... Então você já conheceu minha filha, não? Bom, é mais ou menos por isso que eu estou aqui.

Esperei ela continuar, pois não estava entendendo nada.

- Eu já fui um péssima mãe! Pode perguntar pra Annabeth quando voltar, ela vai te dar vários exemplos disso. Mas, sabe, se não fosse por ela... Quer dizer, os heróis também ajudaram, mas minha filha... Foi exclusivamente ela que me fez ver, me fez mudar. Me fez querer ser melhor. Nós, deuses, muitas vezes esquecemos o que realmente é importante para nós, nossos filhos. Vocês, heróis, são tudo para nós, essa é a realidade que os imortais não conseguem aceitar, Skayler.

- Onde quer chegar com isso? - perguntei, desconfiada.

- Sua mãe, Skayler, foi a primeira divindade a surgir. Veio até mesmo antes dos titãs! Aposto que é por isso que ela lida com você desta forma... Como eu lidava com Annabeth. Bom, eu acredito que você, assim como minha filha, pode fazer com que Nyx desista daquela idéia maluca. Você, Skayler, tem esse poder.

- Você está errada. - disse eu. - Você tem um coração, sra. Atena. Minha mãe não tem um. 

Atena sorriu mais uma vez e suspirou.

- Você é tão teimosa quanto eu e minha filha... Aposto que vocês duas vão se dar bem. Mas, Skayler, eu sei que pode parecer impossível, mas você deve confiar na sua mãe. Ela nunca teve a chance de perceber a própria filha, mas se você mostrar quem é, eu sei que ela vai acordar. Eu preciso ir agora, criança. Mas, confie, sim? 

Eu não ia responder, mas os olhos daquela deusa obrigam você a dizer o que quer que fosse. Apenas assenti com a cabeça. Atena sorriu.

- Ah! Antes que me esqueça... - ela colocou a mão no bolso da calça e pegou um papel. - Aqui está, como fazer ligações com a Íris. Vi que você não sabia como, bom, aí está. Agora, tenho que ir. Boa sorte, criança!

 Ela de afastou um pouco de mim e estalou os dedos. Um segundo depois, ela simplesmente se transformou em uma coruja cinza, um pouco grande para ser uma coruja comum, e saiu voando pelos céus. Fiquei olhando a ave desaparecer nas nuvens, até que Bella surgiu ao meu lado.

- Bebê trocado! Vamos, querida? - disse ela.

- Sim, vamos.

Andamos por alguns quilômetros, paramos para comer, depois seguimos a pé por mais uma parte da estrada. O sol já estava se pondo, mas tínhamos que chegar, amanhã era meu último dia. Carreguei o bebê pelo resto do caminho, para que pudéssemos percorrer o máximo que podíamos e depois os dragões nos levariam durante a noite.

- Acho que nunca andei tanto na minha vida! - reclamou Bella.

- Me desculpe te fazer andar tanto, Bella. - disse eu.

Andamos mais um pouco. Paramos para descansar em um terreno aparentemente abandonado. Soltei os dragões e os alimentei.

- Skayler e Festus, descansem bem aqui. Nós temos um bom caminho ainda, okay?

Eles choramingaram um pouco, mas concordaram. Depois que todos se alimentaram, nos preparamos para partir. Antes, peguei o papel que Atena havia me dado. Dizia para jogar um dracma de ouro em uma superfície aquática que formasse um arco-íris. 

- Droga! Como vamos formar um arco-íris? - perguntei.

- Hm... Ah! Eu tenho uma coisa aqui... - Bella mexeu na sua bolsa e tirou um brinco grande com uma pedra branca e comprida. - É um prisma. É só deixar o Sol refletir nele...

Ela posicionou o prisma contra o Sol que já estava quase desaparecendo, formando um pequeno arco-íris. 

- Boa! - disse eu. - Agora, precisamos de água.

- Tem um borrifador na bolsa do bebê, é para cabelos, mas pode tirar o conteúdo e colocar água.

Foi o que fiz. Joguei um pouco de água dentro do recipiente e borrifei no arco-íris, junto com o dracma. 

- Ahn... Oh, deusa do arco-íris, aceite minha oferenda! - disse eu, me sentindo ridícula.

Por um momento constragedor, nada aconteceu. Mas de repente, uma imagem começou a tremeluzir na luz.

- Certo, obrigada. Pode me mostrar Leo Valdez? - perguntei.

A imagem ficou meio embasada, mas começaram a surgir cores e formas, até eu conseguir identificar o que era. Leo estava suando, dentro da esfera. Estava agachado no painel de controle, arrumando algo.

- Leo? - perguntei.

Ele levou um susto e bateu a cabeça no painel.

- Ai! - ele esfregou a cabeça. - Essa doeu. Skay? - ele me viu. - É uma mensagem de Íris! Oi, como estão as coisas aí? - perguntou.

- Bem, por enquanto. Estamos nos preparando para partir pro Chile já. Onde vocês estão? Já deviam estar de volta!

- Sim, é que... - disse Leo, com cara de cansado. - Bom, nós demoramos um pouco pra achar o sr. Michael. Depois, Piper teve que convencê-lo de que não éramos monstros e tal. Mas, o que está nos atrasando mesmo é que a esfera deu pane no meio do caminho e tivemos um pouso meio brusco, agora estou arrumando aqui. Mas já está quase concertado, logo estamos de volta.

A imagem de Leo começou a tremeluzir e ficar um pouco borrada. 

- Skay, o Sol! - disse Bella, apontando. Havia apenas um leve raio de Sol no céu, que já estava sumindo.

- Leo, a mensagem vai cortar, estamos sem Sol no momento! - disse eu. Ele riu, o que me fez sorrir também. - Bom, nos vemos no Chile? - perguntei.

- Sim. Prometo que estaremos lá. Sinto sua falta, Skay... - disse ele.

Fiquei vermelha.

- Eu também, Leo... - sorri.

A mensagem tremeluziu e desapareceu. 

- Obrigada, Bella. - disse eu.

Ela sorriu e se levantou. Arrumamos tudo e subimos nos dragões. Eles levantaram vôo e nós seguimos para o esconderijo da minha mãe, pela noite escura e salpicada de estrelas no céu. Bella dormiu assim que encontou nas costas de Festus. Tentei dormir també, mas não consegui. Amanhã eu ia ter que ver a mulher que me deixou presa no buraco mais escuro do Tártaro a vida inteira, a mesma que me deu a vida. A que queria me ver morta desde bebê. Eu teria que provar àquela mulher o verdadeiro amor.