Capitulo 4

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Capitulo 4

Os berros de Jennifer ecoavam pelo quarto, apertava firmemente as mãos de Daniel, já Pedro estava em desespero, sem saber se iria tentar ajudar ou não, Caio observava em silencio, era o único a manter a calma

     —Faz força — Caio falou antes de cuspir no chão — e empurra

     —Você acha que eu não estou empurrando seu viado!? — Jennifer berrou

     —Não está fazendo o suficiente — Caio falou em tom calmo, fazendo Jeniffer o olhar com fúria antes de berrar outra vez e fazer ainda mais força, fazendo Daniel fechar seus olhos e devolver o apertão

     —Empurra — falei, podia ver uma parte da cabeça da criança, mas não conseguia toca-la — empurra! — Jennifer berrou e dor e fez ainda mais força, dessa vez empurrou com toda sua força, fazendo a cabeça da criança se expor um pouco mais

     —Cale a boca sua vadia — Jennifer berrou, estava mesmo zangada — eu já estou — ela apertou a mão de Daniel com mais força, o fazendo gemer de dor — fazendo o máximo!

     —Vocês tiveram nove meses para se preparar para essa merda — Caio falou em tom calmo — e não sabem o que estão fazendo!? — Jennifer o olhou com fúria, não pretendiam estar cercados de canibais, aliás, pretendiam sim, mas não daquela forma.

A ideia era que João e Daniel reforçassem o portão e o travessem com uma plaqueta de aço, que seria firmada no solo, mas João nos abandonou e levou toda comida que tínhamos coletado em seis meses, ao menos o que havia sobrado, cabendo tudo em uma sacola e uma mochila grande

     —Seu viado —Jennifer falou com fúria — faz alguma coisa! — Caio balançou a cabeça negativamente e cuspiu o amontoado de sangue que havia se juntado a sua boca, escutou um infectado chochar-se com força contra a parede e sorriu

     —Quem bota um filho num mundo como esse? —ele falou em tom baixo, de fato, não conseguia enxergar razão para ela ter engravida. Eu também não, uma criança é barulhenta e dá trabalho... muito trabalho

Minha irmã tornou a empurrar, dessa vez fazendo a cabeça do bebe sair por completo, ela empurrou novamente, fazendo seu corpo escorrer para minhas mãos, havia cortado as unhas antes de ontem, prevendo que nasceria na madrugada.

Um momento de tensão tomou conta de todos, Jeniffer continuava a apertar as mãos de Daniel, mas o soltou ao ouvir um grito agudo do bebe, cujo eu segurava de barriga para baixo, com medo de feri-lo

     —Me de — Jennifer falou em tom fraco, entreguei o bebe a ela, que estava com sua blusa aberta, o encostou em seu peito e colocou sua mão sobre ele, em seguida cobriu-se com a coberta — É um menino — ela sorriu — um menino forte — Daniel observava a criança com um sorriso, contente por vê-lo com sua cor morena, o que provava que ele era seu filho

     —Aqui está frio — Caio falou em tom baixo — e tem dezenas daquelas coisas aqui dentro — ele fungou — é melhor darem um jeito de — Foi interrompido

     —Fica quieto. Você nem devia estar aqui — Daniel falou em tom firme, Caio fungou e deu de ombros, sabia que ele tinha razão, mas não foi ele quem se feriu com aquela arma

     —Quando essas coisas irem embora — Caio falou em tom baixo — eu também vou —sorriu — mas até lá — cuspiu sangue no chão — você vai ter que me aturar — Daniel o fitou com ódio, pensava se poderia enfrenta-lo em uma batalha justa naquele quarto, pensava na probabilidade do bebe ser ferido na luta. Deixou de cogitar uma briga.

     "Vai demorar" pensei, de fato, minha menstruação chegaria em breve, não tínhamos como sair dali. ficaríamos isolados naquele quarto por um bom tempo.

Infectados : O surto.Onde histórias criam vida. Descubra agora